segunda-feira, 28 de maio de 2012

PODERIAM SER CRÔNICAS, MAS SÃO APENAS NOTAS III

(*) Já escrevi AQUI que prefiro ir à banca de revistas, conferir as novidades, ver as manchetes dos jornais, do que ser assinante. Faço isso desde moleque, quando colecionava minhas primeiras Hqs, não mudaria agora – tornar-se adulto é mero detalhe.
      Algumas publicações, numa estratégia de mercado, costumam colocar duas ou mais capas diferentes à disposição do leitor, algo que tem se tornado cada vez mais comum e me agradado bastante. Em junho de 2010, a “Rolling Stone” disponibilizou uma capa com Mick Jagger e outra com Keith Richards, com suas faces mais imberbes. Ao perguntar ao jornaleiro se a revista já havia chegado, ele prontamente me ofereceu a edição com Jagger, educadamente recusei e disse que preferia a outra, sem se dar por vencido, ele argumentou que era Mick Jagger. “E este é Keith Richards” – sentenciei. Depois, fiquei imaginando qual seria a capa que escolheriam para mim se eu fosse assinante.
      Poder escolher, ainda, é o meu maior trunfo.

(*) Tenho pavor a diminutivos, desde sempre. Falsa intimidade ou excesso de intimidade pouco importa para mim, é constrangedor de qualquer forma. Penso que os “inhos” e  “inhas” deveriam se restringir, no máximo, ao ambiente familiar. Os irmãos Fernandinho e Fernandinha, ao se encontrarem no pátio da escola, se tratariam como Fernando e Fernanda, sem carinhos... Ops! Será que “carinho” também é um diminutivo?

(*) Fotógrafos, Djs, escritores e comediantes se espalham por aí, feito uma virose pós-carnaval. Acho que falta quem diga que apertar um botão não faz de ninguém fotógrafo, colocar um disco para tocar não faz de ninguém DJ, ajuntar palavras não faz de ninguém poeta, contar uma piada não faz de ninguém comediante. No entanto, enquanto houver quem “curta” e “compartilhe” a ausência de talento ainda será a bola da vez.
       A busca por um padrão diminui as possibilidades, e nunca houve tantas.

(*) Poderiam ser crônicas, mas são apenas parágrafos. Falta de fôlego do cronista ou preguiça do leitor? Preguiça do cronista ou falta de fôlego do leitor? Falta do leitor ou falta do cronista? Falta de leitor?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

OS INOCENTES

A perda da inocência é um tema recorrente nas artes, é a verdadeira entrada no mundo adulto, o baile de debutantes da vida real. A inocência pode ser perdida, ou abandonada, a qualquer momento: aos dez, quinze, trinta anos (quando alguém lhe diz que as nuvens não são feitas de algodão). Conheço crianças sem nenhuma inocência e adultos com toda inocência do mundo – não há regras.

Acho que perdi minha inocência quando comecei a ter medo das pessoas, quando passei a atravessar a rua para não trombar com um tipo estranho, quando menti para não ofender alguém, quando resguardei meu coração para não ser magoado. Quando evitei um aperto de mãos, um beijo no rosto, de pessoas que são obrigadas a me tolerar.

Acho que perdi minha inocência quando mirei aqueles olhos e nada vi, quando o silêncio tomou o lugar da indiferença, quando duvidei de promessas, de juras de amor.

O pior de perder a inocência é saber que passarei, inutilmente, o resto da vida procurando-a, mesmo tendo certeza que jamais irei reencontrá-la, não como ela já foi um dia.

Desacreditar na humanidade não tem volta.
 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

ALÉM DO QUE SE VÊ

Não costumo indicar filmes, parece um misto de pretensão com responsabilidade. No entanto, muitas pessoas (muitas mesmo), frequentemente me pedem sugestões, perguntam qual foi o filme que vi recentemente e que vale a pena, o que há de interessante em cartaz, etc. Sendo assim, vez ou outra, selecionarei alguns trabalhos que vi (ou revi) este ano. Sem nenhuma pretensão, mas com extrema responsabilidade.

ELEIÇÃO (Election, EUA, 1999)
Direção: Alexander Payne

A fugaz disputa pela presidência de um conselho estudantil é o pano de fundo ideal para Alexander Payne dissecar sua crítica à sociedade americana a partir do universo de uma típica high school. As narrações em off, feitas por diversas personagens, deixam ainda mais ácida, e divertida, essa comédia de humor negro. Além de resgatar Matthew Broderick, “Eleição” ainda tem o mérito de trazer a melhor interpretação da superestimada Reese Witherspoon.
MEU PAÍS (Brasil/ Itália, 2011)
Direção: André Ristum

O encontro de uma desconhecida meia-irmã com deficiência mental (Débora Falabella) após a morte do pai (Paulo José) é o ponto de partida para tentarmos entender essa família formada por um playboy esbanjador viciado em jogos (Cauã Reymond) e um executivo bem sucedido residente na Itália (Rodrigo Santoro), mas não se assuste com o elenco global, todos em boas atuações. Sem melodramas, o filme é introspectivo, repleto de sutilezas e fragmentos, europeu no melhor sentido que este adjetivo pode ter.

TOMBOY (França, 2011)
Direção: Céline Sciamma

Sem bandeiras ou estereótipos, a descoberta da sexualidade é vista através de Laura (Zoé Héran, perfeita), que aos dez anos é confundida com um menino pela nova vizinhança e decide assumir essa identidade. Nesses tempos, em que a homofobia é constantemente discutida, este é um bom exemplar que consegue abordar um tema tão difícil com delicadeza e sem excessos, principalmente com o apoio do ótimo elenco infantil.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

OS OLHOS DA RUA

Gosto bastante de fotografia, muito mais de fotografar do que ser fotografado (nas fotos da festa da empresa ou do aniversário de um amigo, dificilmente estarei em alguma, embora eu esteja em todas). Gosto, principalmente, quando consigo fotografar aquilo que os meus olhos veem, e não o que apenas parece com o que vejo. Com tantos, e variados, dispositivos moveis a disposição do usuário, a fotografia tornou-se algo absolutamente comum nos nossos dias – algumas vezes, quase banal. Organizando meus arquivos digitais dos últimos anos, selecionei três momentos da minha cidade natal, Santo Amaro da Purificação, sem folclores ou caetanices:
RIO SUBAÉ, SANTO AMARO, 2007
ONDE MORA MINHA INFÂNCIA, 2005



A SOLIDÃO DAS ANTENAS DE TV, 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

FOGO AMIGO

Os ausentes servem de alvo fácil para qualquer tipo de comentário — não há escrúpulos. Ontem, não pude ir. Temo, também, ter sido alvo de munição pesada.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

HAROLDO

Eu tinha um tigre de sorriso triste que me acompanhava por todo lugar.
Um dia, ele foi morar numa caixa, em cima do armário. No entanto, não estava mais lá quando nos mudamos.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

VOMIT (GIRLS)

        Em noites cada vez mais melancólicas, uma companhia constante tem sido a balada épica “Vomit”, da banda californiana GIRLS (o título pode afastar um pouco, mas em nenhum momento a  palavra “vômito” aparece na canção). Inconscientemente, sussurro versos como “Lookin' for love” ou “Come in to my heart” durante o dia, às vezes feito um mantra. Costumo escutar seguidamente os seis minutos e meio da sua versão de estúdio, no entanto a performance ao vivo é quase uma catarse na minha alma. Para assistir até ao final, e no repeat.

terça-feira, 1 de maio de 2012

SÓ POR HOJE

         Vi 350 filmes no último ano.
      Mas não se enganem com a afirmativa, não estou me gabando, contando vantagem, tripudiando sobre quem sequer recorda quando foi a última vez que assistiu a um filme, longe disso. Quando me deparei com o número, fiquei com a sensação de que não tive vida social em 2011, embora tenha gastado cerca de setecentos reais apenas com idas ao cinema (conforme minha heterogênea coleção de canhotos).
        Agora, estou tentando não ver tantos filmes, embora eu admita que seja muito difícil, já que se tornou algo maior do que mero hábito, se aproximando do que pode ser considerado um vício. Se não vejo um filme, ao final do dia tenho a impressão de que está faltando alguma coisa – e realmente está.
       Acho que não seria nenhum exagero se existisse alguma associação especializada em dependentes da sétima arte.
       Até o momento foram 122 dias e 72 filmes, média bem inferior ao que estou acostumado. Comecei o ano com um Hitchcock, para manter a tradição,  passei por um Polanski, um Clouzout, alguns indicados ao Oscar, ao Globo de Ouro (para alimentar a conversa do bar), nada demais. Sei que falta um Fellini, um Bergman, um Kurosawa, mas esses serão encontros inevitáveis.
        Só por hoje, não verei nenhum filme. Amanhã, não sei.


 ***



Peter Griffin, de “Family Guy”, vai ao cinema na expectativa de que algum personagem pronuncie, em algum momento, o nome do filme dentro do filme. Não tenho a mesma expectativa, mas não deixo de achar engraçado quando encontro a imagem que adorna o cartaz em uma cena. 


segunda-feira, 23 de abril de 2012

SOBRE SEIOS E CALCINHA

Dirigido por Damjan Kozole, Slovenian Girl, um dos melhores filmes europeus de 2010, segundo a European Film Academy, teve sua fan page bloqueada pelo Facebook por conter, supostamente, “teor sexual” em seu poster. O filme narra a trajetória de Aleksandra, uma jovem de uma pequena cidade da Eslovênia, que para se manter como universitária na capital é obrigada a se prostituir.

Essa censura lamentável imediatamente me fez lembrar das contas que são desativadas na rede social sempre que algum desocupado "denuncia" a fotografia de uma mãe dando de mamar ao seu filho.

Somente em uma sociedade puritana, a imagem de uma mãe amamentando pode atentar contra a moral e os bons costumes. Somente em uma sociedade conservadora essa mesma imagem pode ofender a família e incitar a pornografia. 

Somente em uma sociedade hipócrita de séculos passados 
ou em uma moderna rede social do Terceiro Milênio.

 
 VERSÃO DO CARTAZ "SEM" A INDECOROSA CALCINHA

sexta-feira, 20 de abril de 2012

VOCÊ TEM 15 MINUTOS?

       Se você ainda não viu, e dispõe de meros quinze minutos no momento (ou até mesmo depois), veja "Os fantásticos livros voadores do Sr. Morris Lessmore" (The fantastic flying books of Mr. Morris Lessmore), vencedor do Oscar de melhor curta de animação deste ano, uma das pouquíssimas coisas interessantes na cada vez mais previsível, e piegas, “festa do cinema”.
       Uma emocionante declaração de amor aos livros.

terça-feira, 17 de abril de 2012

PODERIAM SER CRÔNICAS, MAS SÃO APENAS NOTAS II

(*) Todo mundo tem sua caixa de e-mail infestada com dezenas de mensagens desnecessárias, cotidianamente (às vezes a mesma mensagem mais de uma vez, já que algumas pessoas acham interessante e insistem em repassar). Depois de ter recebido cinco vezes o e-mail que afirmava que o verdadeiro Titanic não afundou, deparei com um em que dizia que o ra-tim-bum, cantado em aniversários, era um termo utilizado em rituais satânicos, que serve para amaldiçoar aquele que tem o seu nome proferido na sequência. Na dúvida, e como nunca gostei de parabéns, prefiro não arriscar e continuar fugindo daquela festa surpresa. Las brujas no existen, pero que las hay las hay.

(*) Inspirado pelo verso “ao som do último blues na Rádio Cabeça”, David Byrne, entusiasta da música brasileira, compôs “Radio Head” faixa do álbum “True Stories”, do Talking Heads. Thom York, na urgência de conseguir um nome para batizar uma promissora banda de indie rock em Londres, não hesitou ao utilizar o nome da canção. Muita gente que conheço tem pensado duas vezes antes de criticar Chico Buarque. 

(*) Quando Dado e Bonfá anunciaram o fim da Legião Urbana e lançaram o disco “Uma Outra Estação”, em 1997, pensava-se que este seria um digno desfecho para uma das melhores bandas do rock brasileiro. No entanto, o que aconteceu depois foram coletâneas, tributos e discos ao vivo sem sentido algum de existir, além do financeiro. Agora, depois de ter maltratado “Será” e “Tempo Perdido” (em VIPS e O Homem do Futuro, respectivamente), Wagner Moura assumirá oficialmente os vocais da Legião Urbana em um especial da MTV, para a tristeza de muitos. Enquanto isso, as faixas que sobraram do que seria o álbum Mitologia & Intuição em 1986 e as canções em inglês do disco V, 1991, repousam em silêncio, provavelmente aguardando o momento em que as vendas comecem a baixar.

(*) Sei que a publicidade tem suas próprias regras, e que nem sempre o publicitário realiza o anúncio que pretendia, devendo seguir pesquisas e tendências de mercado. No entanto, quando estou assistindo à TV, e encontro Luciano Huck, Fausto Silva ou Ivete Sangalo de garotos propaganda, antes mesmo de procurar o controle remoto, a primeira coisa que passa por minha cabeça é não comprar, mesmo que seja a última Coca-Cola do deserto.

(*) Meu livro de contos, ainda este ano.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A REVOLTA DOS REPLICANTES

Leio muitos blogues todos os dias, e cada vez mais. Em contrapartida, comento cada vez menos. Não porque me falte interesse ou ideias, apenas não tenho paciência para provar a todo instante que não sou um robô (acho que estou começando a acreditar que sou realmente um, afinal como um bom replicante robôs podem ser mais humanos que os humanos).

É absurdamente frustrante, após digitar cheio de entusiasmo meu comentário, me deparar com uma infeliz “verificação de palavras”: é um M que parece com um C, um C que parece com um Z, um Z que parece mesmo com um Z – um saco.

Acabo desistindo, quase sempre.

Nunca utilizei essa verificação em meus blogues (e olhe que vou completar dez anos nesse troço), considero eficiente e prática a moderação de comentários – se são realmente robôs “comentando”, ainda existe um filtro anti-spam para esse tipo de comentário.

Conversando com alguns amigos blogueiros, descobri que muitos nem sabiam que utilizavam esse recurso ou que ele poderia ser retirado. Para quem quiser se livrar desse estorvo, basta acessar o painel do seu blogue:

CONFIGURAÇÕES
POSTAGENS E COMENTÁRIOS
MODERAÇÃO DE COMENTÁRIOS: SEMPRE
MOSTRAR VERIFICAÇÃO DE PALAVRAS: NÃO
SALVAR CONFIGURAÇÕES

Quem preferir mantê-lo, continuarei sendo leitor, mas comentarei somente em dias de extrema paciência.

Na imagem, Sean Young como a replicante Rachael, em Blade Runner (1982)

sexta-feira, 30 de março de 2012

NUNCA PESQUISE O SEU NOME NO GOOGLE (NEM NO FACEBOOK, TWITTER, ORKUT...)

          É notória minha aversão às redes sociais (não incluo os blogues nesse balaio), mas vira e mexe, surge algum desavisado perguntando se eu não estou no feice ou que me “buscou” e não encontrou o que, verdadeiramente, não chega a me incomodar, constrangedor é quando afirmam que me adicionaram (pior do que ser ser alvo de um perfil falso é ser confundido com alguém que “curte” balada sertaneja, esquenta em posto de combustíveis e Stephenie Meyer).
        Além de não ser adepto do excesso de exposição, tenho dificuldades para identificar seus usuários no melancólico universo offline, onde todos parecem MENOS inteligentes, MENOS bonitos, MENOS interessantes e, absolutamente, MAIS humanos.
     Quero participar de uma comunidade que possua odores, abraços, sabores. Uma comunidade com contas a vencer e problemas de verdade.
         Hoje, na minha démodé leitura matinal de jornais, me deparei com dois casos ocorridos esta semana em Salvador: no primeiro, uma garota de 14 anos esfaqueou uma colega na entrada da escola apenas porque o seu “namorado” adicionou a vítima no Orkut; no outro, um corretor de imóveis (com um perfil muito distante de ser considerado um príncipe encantado) fazia-se passar no Facebook por um ex-modelo e jovem piloto da TAM (este sim, o sonho de quase todas as leitoras da Capricho) para poder invadir os computadores das incautas mulheres que cediam aos seus apelos e depois chantageá-las em troca de sexo. 
        Notícias assim me afastam ainda mais e se sobrepõem às teóricas vantagens das redes sociais.



       

terça-feira, 27 de março de 2012

MORRISSEY, HECTOR E UMA ESCOLHA PARA O FIM DO MUNDO

(...) “First of the Gang To Die” é o segundo single de “You Are the Quarry”, de 2004, disco que interrompeu, em grande estilo, um hiato de sete anos sem gravar, e acabou se tornando a preferida de muitos admiradores de Morrissey (embora ela já fosse conhecida desde 2002). A letra romantiza a trajetória de Hector, um jovem imigrante latino que é o primeiro da gangue a ter uma arma, o primeiro a ser preso e o primeiro a morrer. Sua melodia alegre não disfarça completamente a dolorida tragédia urbana de um jovem que é baleado na garganta, desses que cotidianamente fazem a alegria da imprensa marrom. Apesar de indevidamente precoce, Hector não passava de um garotinho tolo, um ladrãozinho barato que roubava ricos e pobres sem distinção, e que arrebatava muitos corações. Talvez o público sul-americano tenha, naturalmente, se identificado com as desventuras desse anti-herói latino (...)

LEIA O ARTIGO COMPLETO NA REVISTA ELETRÔNICA VERBO 21



No vídeo, as três primeiras canções do show de Morrissey em São Paulo,  11 de março de 2012, "First of the Gang to Die", "You Have Killed Me" e "Black Cloud"

quinta-feira, 22 de março de 2012

NUNCA PESQUISE TEU NOME NO GOOGLE III

O acusado João Herculano Neto, revoltado com algumas atitudes do genro e por ciúmes, foi até a sua residência e aplicou vários golpes de foice e faca na vitima de nome Dezinho Marcelino dos Santos, nascido em 30/06/1963, natural de Macururé, que não resistiu aos ferimentos e faleceu na hora. O acusado empreendeu fuga e se encontra foragido.

Devido ao forte conteúdo fotográfico da notícia, desta vez não tem link.

segunda-feira, 19 de março de 2012

POEMA INÉDITO VIII




não me afagam possibilidades
nem mesmo imprevisibilidades
esperanças, ainda que vãs

minha agonia é agora
angústia sem hora marcada

nada tenho do amanhã



 
Herculano Neto

sexta-feira, 16 de março de 2012

NUNCA PESQUISE TEU NOME NO GOOGLE II


“Eu não me suicidei, eu parti para junto de Deus. Fiquem cientes que não bebo e não uso drogas, eu decidi que já fiz tudo que podia fazer nessa vida. Tive uma vida linda, conheci o mundo, vivi em cidades maravilhosas, tive uma família digna e conceituada, brilhei na minha carreira, ganhei muito dinheiro e ajudei muita gente com ele. Realmente não soube administrá-lo e fui ludibriada por pessoas de má fé, mas sempre renasci como uma fênix que sou e sempre fiquei bem de novo (...) Mas acontece que eu não quero mais morar em lugar nenhum. Eu não quero envelhecer e sofrer. Eu vi minha mãe sofrer até a morte e não quero isso para mim. Eu quero paz! Estou cansada, cansada de cabeça! Não aguento mais pensar, pagar contas, resolver problemas (...) Aos meus fãs verdadeiros (...); ao prefeito de Itu, Herculano Neto e toda a sua equipe e ao meu amigo Zé meu muito obrigado."

quinta-feira, 15 de março de 2012

O PODEROSO CHEFÃO, 40 ANOS

“O Poderoso Chefão” estreou no dia 15 de março de 1972.
Hoje, queria apenas que o filme estivesse sendo exibido em um grande cinema, lugar onde nunca pude apreciar devidamente a obra de Francis Ford Coppola.
Al Pacino, Robert Duvall, James Caan, Diane Keaton, John Cazale e Marlon Brando. O clã Corleone continua influenciando e cativando muita gente.
Hoje é dia de tirar minhas camisas do armário.

THE GODFATHER - A SAGA

segunda-feira, 12 de março de 2012

NUNCA PESQUISE TEU NOME NO GOOGLE


"O motivo da confusão foi passional. O policial Gerson Francisco da Silva, conhecido como Gersinho, estava acompanhado da uma jovem, que seria ex-mulher de Herculano Neto, que foi agente penitenciário do Centro de Triagem. As informações são que Herculano esperou Gerson sair da casa noturna e o matou com vários tiros no estacionamento".

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

VINTE E NOVE

      Dizem que Saturno leva vinte e nove anos para percorrer sua própria órbita e voltar ao ponto exato em que se encontrava no dia do nascimento de qualquer pessoa. O Retorno de Saturno. Teoricamente, significaria o início de uma nova fase na vida, quando o indivíduo teria as rédeas do seu destino nas mãos, se desligaria do passado e construiria seu futuro.
        Mas será que essa regra vale para mim também?
     Nasci no dia 29 de fevereiro de 1976 (se tudo der certo, hoje será a nona vez que comemoro meu aniversário). Ainda não descobri nenhuma vantagem em nascer em um ano bissexto, ser  múltiplo do número 4 só faz aumentar minha solidão. Não tenho nada em minhas mãos, muito menos as rédeas do meu destino. Vivo preso ao passado e pouco espero do futuro. Se Saturno passou por mim, esqueceu de dizer um olá.
       Talvez ele tenha deixado para passar por mim em 2092, no meu 29º aniversário, embora eu acredite que não viverei tanto para saber.
        Às vezes eu acho que tenho realmente nove anos. 


Livremente inspirado na canção
"Vinte e Nove" (Renato Russo, 1993) 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PODERIAM SER CRÔNICAS, MAS SÃO APENAS NOTAS

(*) Tenho várias restrições quanto às redes sociais, mas não posso permanecer indiferente, nem deixar de considerar admirável, o número de casais que vejo se formando, principalmente através dos blogues. Almas absolutamente parecidas, separadas por inúteis fronteiras, se encontrando nessas intersecções do acaso.

(*) Há quem diga que é do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, não sou tão velho assim, mas com toda essa febre em torno das tecnologias móveis, descobri que sou do tempo em que se ficava em casa porque estava esperando uma ligação.

(*) Gosto do ambiente da cozinha, me traz uma lembrança familiar que nunca abandonei. Mais do que cozinhar, gosto de inventar. De misturar, de encontrar sabores, de nomear pratos com títulos poéticos. Questionado sobre o que não pode faltar na minha cozinha, respondi: Heineken.

(*) Não costumo me manifestar quando o assunto é carnaval. Não entendo, não sei como funciona, não participo. Carnaval, para mim, é sinônimo de silêncio, de cidade vazia. Melhor escola de samba, bateria nota dez, melhor bloco, melhor cantora, melhor música, revelação... Acho que não faz sentido transformar uma festa popular em competição.

(*) Após oito anos, e inúmeras versões, enfim o meu livro de contos está pronto, do jeito que sempre imaginei. Agora é lutar para encontrar uma forma decente de publicação.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

DE SEGUNDA

        A primeira impressão é a que fica, mas apenas para quem se deixa levar pelo preconceito. Na primeira impressão não conseguimos avançar além das máscaras, das meras formalidades e posturas defensivas, por isso não é incomum nos tornarmos amigos de pessoas que antipatizávamos (ou vice-versa). Primeira impressão é capa de livro, é gata(o) na balada.
    Rever um filme pode ser uma experiência absolutamente satisfatória, saber como os acontecimentos se encaminharão, traçando causas e consequências previamente, sem nos perdermos no labirinto das possibilidades, nos permite enxergar tudo de maneira ampla e tranquila, livre das expectativas e armadilhas do roteiro. O mesmo vale para a literatura, reler um livro é sempre encontrar um livro novo. Não é difícil gostar mais de um livro depois de uma segunda leitura.
        Descobri esse prazer nas reprises dos jogos de futebol nos canais fechados, que me fazem companhia nas madrugadas insones. Acompanhar uma partida conhecendo o seu resultado é, inusitadamente, interessante. Não há tensão, não há torcida, não há ansiedade. Sabendo antecipadamente a conclusão de uma jogada, podemos analisar objetivamente, sem o coração nas mãos – embora, algumas vezes, eu vibre mais com os melhores momentos do show do intervalo. Acho que depois disso, comecei a admirar o jogador mais cerebral, aquele que recebe a bola, observa, pondera, e define a jogada num genial passe – de segunda. Parece que quem toca de primeira quer somente fazer a alegria dos narradores e espera contar mais com o acaso do que com a técnica (vide o número de passes errados encobertos por uma vitória).
        Obviamente, também não acredito em amor à primeira vista. O amor, amor pra valer, precisa ser construído, sem clichê de conto de fadas, sem mágica. Dou sempre uma segunda chance ao amor, aos livros, aos filmes, à vida. A única exceção talvez seja a música, mas isso renderia uma outra crônica.        
   

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A INFÂNCIA DOS IRMÃOS DARDENNE

Longe das benesses prometidas pela globalização, os irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne inserem em seus filmes severas críticas ao tratamento oferecido para quem procura melhorias fora dos seus países de origem, sendo a imigração ilegal o tema central de dois trabalhos. Somam-se a isso, desempregados, indivíduos de baixa renda, moradores da região periférica e outros seres desesperançados que irão ajudar a compor o quadro de uma sociedade europeia menos privilegiada, principalmente a partir de 1996, com o ótimo e despretensioso “A Promessa”, filme que já trazia as principais peculiaridades do cinema deles: o uso de locações e luz natural, a ausência de maquiagem e trilha sonora, a câmera na mão, muito próxima dos atores, enredo que não possui necessariamente um começo ou um fim e temática social – elementos herdados do passado como documentaristas. No entanto, são os jovens marginalizados e crianças que tiveram a infância abortada que serão a essência da sua breve obra até agora. 
[LEIA O ENSAIO COMPLETO AQUI]


FILMOGRAFIA: LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO

2011 O Garoto da Bicicleta (Le Gamin au vélo)
2008 O Silêncio de Lorna (Le Silence de Lorna)
2007 Cada Um com Seu Cinema (Episódio: Dans L’obscurité)
2005 A Criança (L’enfant)
2002 O Filho (Le Fils)
1999 Rosetta
1996 A Promessa (La Promesse)
1992 Je Pense a Vous (inédito no Brasil)
1987 Falsch (inédito no Brasil)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O DIA DA MARMOTA

            Hoje é o Dia da Marmota. Hoje também é dia de festa no mar e dia de Nossa Senhora da Purificação, padroeira do meu torrão natal, mas o Dia da Marmota é mais importante.
       Segundo a tradição de uma pequena cidade estadunidense, na manhã de dois de fevereiro as pessoas devem observar uma toca de marmota, caso o animal saia da toca com o tempo nublado, isso indica que o inverno terminará cedo, mas se o dia estiver ensolarado e o animal se assustar com a própria sombra e retornar para a toca, é sinal de que o inverno durará mais seis semanas. A marmota que todos os anos anuncia a duração do inverno, dizem,  possui mais de cem anos, e é cuidadosamente protegida por um grupo de cidadãos locais desde 1887. Este evento célebre, para a  incredulidade de muitos, atrai milhares de turistas todos os anos.
       No filme FEITIÇO DO TEMPO, Bill Murray é o repórter que anuncia as previsões metereológicas em um canal de TV, e para sua contrariedade é encarregado de fazer uma matéria sobre a marmota. No entanto, ele desperta sempre no mesmo dia e é obrigado a vivenciar tudo novamente. Cínico e intolerante com todos ao seu redor, ele encontra nessa “condenação” uma forma de se redimir, sendo, ao final, uma alegoria sobre a humanidade nesses tempos onde os dias parecem caminhar cada vez mais rapidamente, todos sempre apressados, onde acreditamos viver uma imensa rotina, quando na verdade a culpa dessa rotina é apenas nossa.
        Também queria acordar no mesmo dia e viver o meu dia igual de maneira diferente. Queria cometer outros erros, ter outras dúvidas e temores. Mas acho que estou cada vez mais parecido com a marmota e me assustando com a minha própria sombra. Melhor voltar para a toca e ver se “Feitiço do Tempo” já está passando em algum canal.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DO MEU ESCAFANDRO

        Tenho cada vez menos vontade de opinar, sobre qualquer coisa. Futebol, sexo, cinema, economia, a cor das cortinas... qualquer coisa. Minha opinião se tornou algo completamente desinteressante, inclusive para mim. Todo mundo tem opinião sobre tudo, eu não quero ter opinião sobre nada. Não participo de redes sociais, não interajo com desconhecidos no elevador, não acompanho reality shows, séries ou novelas da TV. Não conheço as coreografias do momento, as tendências e as gírias da estação. Não conheço nada. Importa-me saber se poderá chover, se os combustíveis subiram, se outro ministro caiu, mas não me interessa opinar.
        Não sinto que estou ficando para trás, pelo contrário. Na verdade, a pista parece sempre livre.
       Não me confundam com nenhum adepto de alguma seita raulseixista, alardeando que prefere ser uma metamorfose ambulante (por enquanto, prefiro apenas hibernar no meu escafandro).
        Não acho, não tenho certeza, não gosto, não detesto, não vi, não conheço (tenho inveja de quem sabe), na melhor das hipóteses eu não sei. “Não sei” é o meu mantra, minha melhor opinião sobre a vida, esse mistério que prescinde de explicações. O resto é silêncio.


P.S.: Rita, ainda não estou convencido de que não ter opinião seja uma opinião;

P.S.2: Tenho recaídas quando o assunto é necrofilia.

sábado, 14 de janeiro de 2012

SÓ GAROTOS

        “Quando eu era bem nova, minha mãe me levava para passear no Humboldt Park, pela margem do rio Prairie. Tenho vagas lembranças, como impressões de vidro, de um velho ancoradouro, uma concha acústica circular, uma ponte arqueada de pedra. O trecho estreito do rio terminava em uma grande lagoa e vi sobre a superfície um milagre singular. Um longo pescoço curvo ergueu-se de um vestido de plumas brancas.
        'Cisne', minha mãe disse, sentindo minha excitação. Ele tamborilou na água brilhante, batendo suas asas grandiosas, e alçou voo no céu.
        A palavra por si mal dava conta de sua magnificência, nem continha a emoção que ele produzia. Sua visão gerou uma necessidade para a qual eu não tinha palavras, um desejo de falar do cisne, de dizer algo sobre sua brancura, a natureza explosiva de seu movimento e o lento bater de suas asas.
        O cisne mesclou-se ao céu. Fiz força para encontrar palavras que descrevessem minha própria ideia sobre ele. 'Cisne', repeti, não totalmente satisfeita, e senti uma pontada, uma saudade curiosa, imperceptível aos passantes, à minha mãe, às árvores ou às nuvens.”


[SMITH, Patti. Só Garotos. Companhia das Letras, 2010. Tradução: Alexandre Barbosa de Souza. 269 págs] 

SINOPSE: Patti Smith se mudou para Nova York com vinte anos, no final dos anos 1960. Enquanto entrava em contato com parte dos aspirantes a artistas que partilhavam a atmosfera do 'verão do amor', conheceu sua primeira grande paixão - o futuro fotógrafo Robert Mapplethorpe, para quem Patti prometeu escrever este livro, antes que ele morresse de AIDS, em 1989. Tendo como pano de fundo a história de amor entre Patti e Mapplethorpe, este livro procura ser um retrato confessional da contracultura americana dos anos 1970. Muitas vezes sem dinheiro e sem emprego, mas com disposição, os dois viveram períodos de transformações - até mesmo quando Robert assume ser gay ou quando suas imagens consideradas ousadas começam a ser reconhecidas no mundo da arte. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

(...)

         Adormeci lendo Rimbaud, como se estivesse em uma praia selvagem do Marrocos, como se aquelas palavras me deflorassem, como se eu estivesse exposta ao feroz zunzum das moscas imundas, como se a eternidade me invadisse e um amor infinito tomasse minha alma, como se eu dançasse no baile dos enforcados e depois caminhasse longe, muito longe, feito um boêmio.
      Quando acordei, tinha o olhar perdido e a postura morta. Acho que ninguém me reconheceria assim.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

(...)

      Se a vida tivesse trilha sonora, como nos filmes, “Unsatisfied”, dos Replacements, tocaria incessantemente, enquanto eu caminhasse pelas ruas. Se a vida tivesse trilha sonora, eu seria mais segura, mais forte. Meus passos seriam mais firmes, meu olhar, mais inquisidor. Se a vida tivesse trilha sonora, meu dia seria menos triste, menos acinzentado. 
      Mas aqui, na vida real, por mais que eu me esforce, só escuto o barulho apressado da cidade e o silêncio das redes sociais.

UNSATISFIED, Replacements

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

(...)

    Quando eu era criança, costumávamos passar as férias na Ilha. Lembro-me, frequentemente, de uma louca que vivia pelas ruas, a carregar um saco de pano cheio de bonecas velhas recolhidas pela vizinhança - um cemitério ambulante de infâncias. 
         Entoando uma antiga canção do Roberto, as outras crianças a perturbavam diuturnamente, apenas para, após o verso que você não vê que ele está ficando démodé”*, ouvi-la pronunciar uma variedade infinita de impropérios e atirar pedras a esmo, para a alegre e desesperada fuga de todos. Parecia ser o único divertimento do verão. Teorias pouco imaginativas, diziam que ela tinha sido professora na capital durante a juventude e tinha aversão a estrangeirismos; ou que ela enlouqueceu depois que o noivo a trocou por uma dançarina francesa de um cabaré itinerante. Na verdade, sua ingenuidade religiosa confundia “démodé” com demônio, nada mais. Queria terminar este parágrafo afirmando que ela desapareceu misteriosamente, deixando à beira-mar dezenas de cabeças de bonecas. No entanto, ela foi covardemente assassinada por um pai furioso, depois de ter acertado uma pedra na perna do seu filho.
             Os verões nunca mais foram os mesmos na Ilha, nem rei nem Roberto.

*CIÚME DE VOCÊ (Luiz Ayrão, 1968)

domingo, 1 de janeiro de 2012

(...)

       Parece que na noite de 31 de dezembro alguém esqueceu de pressionar a tecla “reiniciar”, pois na manhã de primeiro de janeiro não aconteceu nenhum milagre, nenhum encanto (acho que meu sapatinho ainda espera na janela do quintal). Continuei com as mesmas dores, com os mesmos sonhos, mesmas dúvidas. Continuei com as mesmas angústias, mágoas, medos e ansiedades, com os mesmos delírios e dívidas. Com a mesma cara borrada no espelho.
           A vida não estancou para assistir à queima de fogos no réveillon.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FICÇÃO CIENTÍFICA

VIAGEM À LUA, 1902, Georges Méliès
Possuo dezenas de teorias estapafúrdias, que apenas eu pareço disposto a acreditar. Acredito, por exemplo, que o teletransporte, recurso tão comum em produções de ficção científica, como a série "Star Wars", salvaria a humanidade de um inevitável colapso emocional. Principalmente no cada vez mais confuso final do ano. Com o teletransporte não desperdiçaríamos nosso precioso tempo, não existiria atrasos, frustrações. Teríamos uma melhor qualidade de vida, viver valeria realmente à pena. Com o teletransporte teríamos o fim dos congestionamentos e acidentes na estrada, o fim do caos aéreo, o fim da espera, o fim da saudade (uma mãe em Feira de Santana poderia dar um beijo de boa noite em sua filha em Tóquio e voltar à Bahia antes do almoço).
        Mas acho que estou vendo muitos filmes...
    Ficção científica talvez seja o único gênero cinematográfico que não se encerra completamente ao final da sessão. Um bom exemplar deixa saudáveis arestas, que propiciam discussões e interpretações. Sempre tive o desejo de participar, ou fundar, um clube de ficção científica, onde os sócios poderiam rever “Blade Runner”, “Os 12 Macacos”, “2001”, entre outros. Por enquanto, isso é mais fácil de ser resolvido do que a criação do teletransporte, infelizmente.
          Então, que venha 2012! 
          Os aeroportos me aguardam!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MAIS LISTAS?

        Questionado por que nunca faço listas de livros ou séries de TV, a resposta não poderia ser mais evidente: não leio livros recém-lançados (os mais recentes que li foram  “Em Alguma Parte Alguma” de Ferreira Gullar e "Só Garotos" de Patti Smith), acho que uma única existência não será suficiente para ler e reler todos os clássicos que desejo. E não acompanho séries de TV, também acredito que não conseguirei ver todos os filmes que pretendo e dois episódios de qualquer série, ou dois capítulos de uma novela, equivalem a um longa-metragem, aproximadamente - além do meu televisor só conhecer noticiário, eventos esportivos e reprises de “Chaves” e “Todo Mundo Odeia o Chris”.
         Tenho outras listas, mas estas, como já disse anteriormente, ainda são impublicáveis.

*Na imagem, John Cusack em “Alta Fidelidade”, 
interpretando o maníaco em listas Rob Gordon. 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

CARNAVAL FUTEBOL E POESIA

Adeus, Doutor
     Costuma-se dizer que no Brasil o ano começa somente depois do carnaval, para mim ele termina com o fim do Campeonato Brasileiro de Futebol. Sei que essa afirmação soa tão leviana quanto dizer que só após a folia momesca a vida encontra seu trâmite normal (quem já está escalado para bater o seu cartão de ponto em primeiro de janeiro que o diga).
      Para quem viu seu time do coração lutar o certame inteiro contra o rebaixamento, talvez não haja muito o que comemorar, embora sempre exista a expectativa de dias melhores, até para quem espera alguma mágica acontecer num mero espocar de um espumante numa praia lotada na noite de 31 de dezembro.     
     Gosto tanto de futebol quanto de poesia, para a incompreensão de muitos. Gosto da poesia das palavras, da embriaguez dos versos inusitados, os versos que gritam e pedem socorro, os versos que silenciam, entretanto me fascina muito mais a poesia das ruas, a poesia dos andaimes, a poesia das flâmulas. 
        Gosto da poesia de Drummond, mas prefiro a poesia de um Sócrates em campo.
        Infelizmente, amanhã não haverá a infinidade de reprises dos gols da rodada, não haverá mesa redonda, discussões em mesa de bar. A partir de amanhã os noticiários esportivos irão se abastecer de retrospectivas, gols internacionais e especulações sobre os bastidores da bola. A partir de amanhã os domingos serão simplesmente domingos, sem graça, sem vibração, sem  compromissos. Nesse instante, deve ter alguém repetindo aliviadamente: até que enfim – o mesmo que eu direi na quarta-feira de cinzas, quando Salvador voltar a ser dos soteropolitanos.

        Por enquanto, sou apenas saudade.

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