quarta-feira, 26 de junho de 2013

PODERIAM SER, TALVEZ ATÉ SEJAM

(*) Às vezes desisto de escutar alguma canção porque me falta paciência para desembaraçar os fios do fone de ouvido. Às vezes desisto de você porque me falta paciência para desembaraçar esses laços.

(*) Tenho medo do primeiro comentário nas postagens, geralmente é ele quem dita o teor dos comentários seguintes, se o primeiro não gostar os próximos também não gostarão, se o primeiro achar “fantástico” muitos acharão também. Não é apenas a primeira impressão que fica, o primeiro comentário também. 

(*) Supostos formadores de opinião detestam ser informados. Tudo eles já viram, já leram, já ouviram, já gostaram, já deixaram de gostar – até mesmo quando você cita uma banda que nunca existiu.

(*) O Feicebuque é a maior arquibancada do Brasil. 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

quarta-feira, 19 de junho de 2013

MALÍCIAS

Catherine Deneuve, em "Repulsa ao Sexo", 1965

J’aime, mais je ne prends pas de risque
j’ai un cœur affligé
plein de malices


J’aime un animal farouche
qui a un cœur d’exception
fatigué de caresses.


Herculano Neto
Tradução para o francês: Pedro Vianna





Eu amo, mas não me arrisco
tenho um coração aflito
repleto de malícias.

Eu amo um animal arisco
que tem um coração distinto
cansado de carícias.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

CHIAROSCURO

Contaminado pelo politicamente correto, tão em voga nesses novos/velhos tempos, abandonei gradativamente algumas expressões que minha inocência e domingos maravilhosos assistindo a “Os Trapalhões” sempre consideraram naturais. Culpa, talvez, dos movimentos pelos direitos das mulheres, dos afrodescendentes e dos homossexuais (eu e esse hábito de me identificar com as minorias, mesmo quando a minoria não é tão pequena assim).

Não é difícil me flagrar repreendendo alguém quando diz algo como mulher no volante perigo constante, sapatão, viado ou a coisa tá ficando preta, ainda que seja apenas por “brincadeira”, “sem maldade”. 

Aprendi que nem toda brincadeira é inofensiva.

Não digo que fulano tá na lista negra ou que gato preto dá azar. Não uso os verbos denegrir e esclarecer. Não coloco o vocábulo negro após câmbio, mercado, caixa, humor, magia, ovelha entre outras palavras.

No entanto, hoje, em um momento de satisfação e legalidade (importante frisar), fiquei sem saber se eu poderia falar que um empreendimento renderia uma grana preta.



terça-feira, 4 de junho de 2013

VERSOS EXCLUÍDOS

tenho vocação para o abismo
para o abraço
tenho fixação por detalhes
por olhares
por silêncios


sou irremediavelmente insatisfeito
displicentemente franco
o melhor amigo dos meus amigos
o melhor amante das minhas tristes


obsessivo


tenho vocação para infelizes
 



do livro “CINEMA”, Fundação Casa de Jorge Amado, 2008

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