
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
METEORANGO KID (1969)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
DOCE ESPERANÇA (1992)
DOCE ESPERANÇA faz parte de MATRIZ (1992), segundo disco do cantor e compositor santamarense Roberto Mendes e conta com a participação especial de Caetano Veloso, inédito em CD.
DOCE ESPERANÇA
(Roberto Mendes/ J. Velloso)
Estou aqui pra viver
A procura de amor por onde for
Ouvindo Ora yêyê
Quero pertencer a uma filha d’Oxum
Oh! Olorum
Me diz o que fazer pra encontrar esse amor
Que seja doce prazer
Que cheire a Jasmim ou a Macassá
Que cace em mim meu querer
Com a mesma constância das ondas do mar
Oh! Olorum
Eu sempre vou crer que vou encontrar
Uma gueixa formosa
Loura cor-de-rosa
Ou uma preta quase azul
Que goste de Itapoan
E vai se arrepiar
Nas festas do Gantois
Oh! Olorum
Como é bom saber que vai me ajudar
Vou aguardar
Oh! Olorum
Numa noite de luar
Rival de Iansã
Paixão de Xangô
Oh! Minha filha d’Oxum.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
CAPITU (2008)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
VICKY CRISTINA BARCELONA (2008)

“cinema”: takes em versos singelos de um diretor-poeta
por Marcelo Lima
O Prêmio Braskem Cultura e Arte tem bastante importância para a literatura baiana. A cada ano, existe uma contribuição significativa para as letras baianas – muitas vezes voltadas para a polêmica do vencedor escolhido.
Em 2007 podemos afirmar que, ao menos, um dos selecionados é um grande escritor. Como prêmio, Herculano Neto teve seu “cinema”, livro de poesias, publicado em 2008.
O comentário na contracapa do livro, retirado do prefácio do poeta Miguel Carneiro, diz que encontraremos “num grande travelling a paisagem do Recôncavo e cercanias, ora em grandes planos, ora em planos fechados no rosto de seus inúmeros anônimos”. É verdade que a poesia de Herculano Neto tem um sabor de paisagem do recôncavo: em versos como “ontem teve roda de samba/e fui pro samba quebrar”(p.111) essa aproximação é evidente. Como bom poeta, ele consegue preservar esse sabor do cenário sem prejudicar a leitura de interessados que não conhecem o ambiente. Até porque, ele extrapola os cenários para imagens que atiçam a imaginação e os afetos.
As emoções provocadas pelas poesias herculeanas dizem respeito a um sentimento voltado para um ser individual que não se confunde com um egoísta individualismo: quando trata da morte, nada mais intersubjetivo do que “aqui jaz um homem medíocre/ um medíocre/ um insignificante/ um reles contador de histórias”(p. 83). É uma subjetividade completamente contagiada de valores reconhecíveis: angústia da morte, nostalgia da infância, os sonhos do amor romântico.
Os títulos do poema e a estruturação do livro fazem referência à arte, ao produto cinematográfico e ao mercado que o envolve.
Temos poesias entituladas “sala de arte”, “sinopse” e “isabela boscov não viu o meu documentário”, que funcionam como uma sugestão de sentido para a interpretação dos textos. Sabendo-se que Boscov é crítica de cinema da Revista Veja, podemos indagar o que Herculano tenta transmitir em “o reflexo tosco/ me diz sem escrúpulos/ que tenho prazo de validade/ e hora marcada para ser feliz”(p.55). Uma ironia com a crítica? Uma dedada na ferida de Boscov? Ou quem sabe um genuíno medo da desintegração inexorável a qual nós humanos seremos submetidos?
Dividido em três partes: filmografia, curta-metragem e matinês. Essas partes, a meu ver, dialogam entre si como se não precisassem ser particionadas. No entanto, usar os três nomes aqui tem um efeito estético que se abre, novamente, a interpretações: são três substantivos distintos e fortes, que pela não-explicação e pelo remetimento aos títulos do livro e das poesias acabam por conformar uma procura por significação. Estive à procura dessa ligação e até o momento não consegui isolá-la de forma a atender todos os elementos contidos em cada uma. Poderia considerar arbitrário, mas o livro consegue ser tão coerente em sua unicidade que nada parece estar ao acaso.
Os versos predominantemente livres de Herculano não dispensam o ritmo. Podemos notar uma cadência fluída por todos os textos, a exemplo do que vemos na poesia “o cantor de jazz”:
canto
por sina
desencargo de consciência
ócio
crença
canto
pelo aplauso
mesmo o mais automático
pela migalha
pelo bravíssimo
canto choro grito
me multiplico
me dispo
me confundo
canto
sozinho
pra ninguém
pra lua
canto
canto
canto
não há canção sem dor
(p.45)
Não somente pela referência musical no título, mas pela própria oralidade e versos curtos, notamos a preocupação de fazer a poesia se manifestar numa correnteza forte e líquida ao mesmo tempo. Essa característica está presente em todas as poesias.
Posso concluir, então, que o verso forte de Herculano nos convoca a visualizar sua poesia, como se fosse uma cena. Cena atrás de cena, amarrando profusões de imagens que se interligam numa não-narrativa que ainda assim faz algum sentido narrativo. Em seu fazer, mesmo evidenciando imagens humanas, Herculano tem o mérito de não mostrar a imagem óbvia e zelar pela capacidade imaginativa de seu leitor. Ele não espera uma passividade espectadora e sim uma emoção-resposta que jogue com sua poesia, com seu álbum de formas visuais e sonoras.
Compre o livro, acomode-se bem em uma poltrona, mas não espere que imagens sejam projetadas numa telona, pois o projetor dessa obra é o próprio leitor.
Em 2007 podemos afirmar que, ao menos, um dos selecionados é um grande escritor. Como prêmio, Herculano Neto teve seu “cinema”, livro de poesias, publicado em 2008.
O comentário na contracapa do livro, retirado do prefácio do poeta Miguel Carneiro, diz que encontraremos “num grande travelling a paisagem do Recôncavo e cercanias, ora em grandes planos, ora em planos fechados no rosto de seus inúmeros anônimos”. É verdade que a poesia de Herculano Neto tem um sabor de paisagem do recôncavo: em versos como “ontem teve roda de samba/e fui pro samba quebrar”(p.111) essa aproximação é evidente. Como bom poeta, ele consegue preservar esse sabor do cenário sem prejudicar a leitura de interessados que não conhecem o ambiente. Até porque, ele extrapola os cenários para imagens que atiçam a imaginação e os afetos.
As emoções provocadas pelas poesias herculeanas dizem respeito a um sentimento voltado para um ser individual que não se confunde com um egoísta individualismo: quando trata da morte, nada mais intersubjetivo do que “aqui jaz um homem medíocre/ um medíocre/ um insignificante/ um reles contador de histórias”(p. 83). É uma subjetividade completamente contagiada de valores reconhecíveis: angústia da morte, nostalgia da infância, os sonhos do amor romântico.
Os títulos do poema e a estruturação do livro fazem referência à arte, ao produto cinematográfico e ao mercado que o envolve.
Temos poesias entituladas “sala de arte”, “sinopse” e “isabela boscov não viu o meu documentário”, que funcionam como uma sugestão de sentido para a interpretação dos textos. Sabendo-se que Boscov é crítica de cinema da Revista Veja, podemos indagar o que Herculano tenta transmitir em “o reflexo tosco/ me diz sem escrúpulos/ que tenho prazo de validade/ e hora marcada para ser feliz”(p.55). Uma ironia com a crítica? Uma dedada na ferida de Boscov? Ou quem sabe um genuíno medo da desintegração inexorável a qual nós humanos seremos submetidos?
Dividido em três partes: filmografia, curta-metragem e matinês. Essas partes, a meu ver, dialogam entre si como se não precisassem ser particionadas. No entanto, usar os três nomes aqui tem um efeito estético que se abre, novamente, a interpretações: são três substantivos distintos e fortes, que pela não-explicação e pelo remetimento aos títulos do livro e das poesias acabam por conformar uma procura por significação. Estive à procura dessa ligação e até o momento não consegui isolá-la de forma a atender todos os elementos contidos em cada uma. Poderia considerar arbitrário, mas o livro consegue ser tão coerente em sua unicidade que nada parece estar ao acaso.
Os versos predominantemente livres de Herculano não dispensam o ritmo. Podemos notar uma cadência fluída por todos os textos, a exemplo do que vemos na poesia “o cantor de jazz”:
canto
por sina
desencargo de consciência
ócio
crença
canto
pelo aplauso
mesmo o mais automático
pela migalha
pelo bravíssimo
canto choro grito
me multiplico
me dispo
me confundo
canto
sozinho
pra ninguém
pra lua
canto
canto
canto
não há canção sem dor
(p.45)
Não somente pela referência musical no título, mas pela própria oralidade e versos curtos, notamos a preocupação de fazer a poesia se manifestar numa correnteza forte e líquida ao mesmo tempo. Essa característica está presente em todas as poesias.
Posso concluir, então, que o verso forte de Herculano nos convoca a visualizar sua poesia, como se fosse uma cena. Cena atrás de cena, amarrando profusões de imagens que se interligam numa não-narrativa que ainda assim faz algum sentido narrativo. Em seu fazer, mesmo evidenciando imagens humanas, Herculano tem o mérito de não mostrar a imagem óbvia e zelar pela capacidade imaginativa de seu leitor. Ele não espera uma passividade espectadora e sim uma emoção-resposta que jogue com sua poesia, com seu álbum de formas visuais e sonoras.
Compre o livro, acomode-se bem em uma poltrona, mas não espere que imagens sejam projetadas numa telona, pois o projetor dessa obra é o próprio leitor.
RESENHA ORIGINALMENTE PUBLICADA NA VERBO 21:
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
GRITO DA TERRA (1964)
O filme GRITO DA TERRA (1964), de Olney São Paulo (1936-1978), natural de Riachão de Jacuípe, é um dos mais importantes trabalhos da cinematografia brasileira, filmado na região de Feira de Santana a trama gira em torno de duas personagens femininas: Loli (Lucy Carvalho), mulher sensual e perigosa, que quer sair do sertão para viver no sul do país e Mariá (Helena Ignez), uma típica camponesa que acredita na força do nordestino para enfrentar a seca e as pressões dos latifundiários. Relacionados ao universo destas personagens estão Geraldo (Raimundo Figueiredo), irmão de Loli e noivo de Mariá, um pobre vaqueiro que trabalha ao lado dos pais na lavoura; Sebastião (João de Sordi), amante de Loli, fazendeiro aspirante a coronel que, aos poucos, vai adquirindo as terras dos pequenos agricultores e o professor negro (Lídio Silva), que se esforça em conscientizar os camponeses de sua força e a necessidade do nordestino em aprender a ler, escrever e fazer valer os seus direitos. Por seu forte teor político sofreu cortes da Censura Federal.
________________________
Para os amigos que sempre perguntam quem são aquelas mulheres na capa do meu livro.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
terça-feira, 30 de setembro de 2008
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
terça-feira, 26 de agosto de 2008
YVAN ARGOLO
Yvan Argolo (1947) é certamente um dos principais escritores baianos em atividade. Com onze romances publicados, mais dois volumes de contos, ele apresenta em suas páginas personagens que trafegam numa tênue linha separando a verdade da ficção - não se desequilibrando jamais. Freqüentemente citado por alguns críticos como um injustiçado, por não freqüentar os espaços ocupados por prefaciadores profissionais, parece não se incomodar com isso e continua heroicamente editando seus livros independentemente, sem o apoio de governos ou o alicerce de editoras (com exceção de “Frontal”, 1997, editado pelo Selo Letras da Bahia). Com tiragem limitada, os exemplares de seus livros desaparecem avidamente entre seus admiradores, valendo, sem dúvida, uma busca mais apurada pelos sebos do país.
Santo Amaro (BA), é a matéria prima de suas obras, os eventos e as figuras históricos encontram em sua pena guarida, o passado é visitado sem nostalgia, os tipos, os causos, as vias (sempre detalhadamente narradas, quase mapas) permeiam seu trabalho invadindo conscientemente o imaginário popular santamarense. Talvez, por isso, há quem diga que seus textos não sejam de fácil consumo para quem não está familiarizado com o universo massapezeiro, o que é uma teoria pouco inspirada, pois feito um Gabriel García Márquez do Recôncavo Baiano o autor mantém-se mais cosmopolita e menos bairrista do que possa aparentar à primeira folheada.
Da pesquisa minuciosa de “Ave Cæsar" (1994) ao debut em 1987 com “Confronto”, destacando-se, “Extremis” (1988), “Escarlate” (1989) e “Cédula-Única” (1992). Yvan Argolo vem atravessando as últimas décadas nos premiando com obras generosas em fatos e factóides que são incrivelmente desnudados com a criatividade de quem domina o labor literário, uma leitura que flui rápida e tranqüilamente, mas sem subestimar ou enfadar seu leitor. Seu último trabalho, lançado este ano, o romance “Os Entrega-Listas”, confirma que o médico/escritor continua com a verve afiada e, ainda, sem o merecido reconhecimento.
Santo Amaro (BA), é a matéria prima de suas obras, os eventos e as figuras históricos encontram em sua pena guarida, o passado é visitado sem nostalgia, os tipos, os causos, as vias (sempre detalhadamente narradas, quase mapas) permeiam seu trabalho invadindo conscientemente o imaginário popular santamarense. Talvez, por isso, há quem diga que seus textos não sejam de fácil consumo para quem não está familiarizado com o universo massapezeiro, o que é uma teoria pouco inspirada, pois feito um Gabriel García Márquez do Recôncavo Baiano o autor mantém-se mais cosmopolita e menos bairrista do que possa aparentar à primeira folheada.
Da pesquisa minuciosa de “Ave Cæsar" (1994) ao debut em 1987 com “Confronto”, destacando-se, “Extremis” (1988), “Escarlate” (1989) e “Cédula-Única” (1992). Yvan Argolo vem atravessando as últimas décadas nos premiando com obras generosas em fatos e factóides que são incrivelmente desnudados com a criatividade de quem domina o labor literário, uma leitura que flui rápida e tranqüilamente, mas sem subestimar ou enfadar seu leitor. Seu último trabalho, lançado este ano, o romance “Os Entrega-Listas”, confirma que o médico/escritor continua com a verve afiada e, ainda, sem o merecido reconhecimento.
Herculano Neto
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
sábado, 2 de agosto de 2008
quarta-feira, 23 de julho de 2008

Por Gustavo Felicíssimo
Recebi há poucos dias o livro Cinema, do poeta santamarense Herculano Neto. O livro, recém saído do forno, foi um dos vencedores do Prêmio Braskem de Literatura, promovido pela Fundação Casa de Jorge Amado, edição 2007. Herculano, além de poeta é compositor, cinéfilo e cineclubista, daí o nome dado ao compêndio e seus capítulos: Filmografia; Curta-metragem e Matinês. Poemas também com títulos como “sinopse”, “sala de arte”, “la película”, ao lado de outros como “morangos silvestres” e “ainda lembro” com dedicatória ao cineasta baiano Edgar Navarro e uma epígrafe com uma fala de Taxi Driver, filme dirigido por Martin Scorcese complementam a unidade referente à sua apresentação.
Entendemos que o tema central de Cinema é a fugacidade contemporânea que se nos apresenta, acompanhada de certo ar nostálgico e roupagem moderna, proporcionada por uma linguagem coloquial emergente, própria daquilo que se convencionou denominar pós-modernidade.
A obra é reflexiva e se opõem à constante degradação dos valores humanos da mesma forma como acontece no belíssimo Cinema Paradiso, filme escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore. No livro encontramos o poeta investido de uma angústia semelhante a de Totó, personagem principal da película.
E como só assim haveria de ser, Herculano Neto estabelece em sua lírica uma dialética existencialista e dicotômica, característica que permeia toda obra, muitas vezes descortinando-se logo no título dos poemas, como em versos excluídos.
tenho vocação para o abismo
para o abraço
tenho fixação por detalhes
por olhares
por silêncios
sou irremediavelmente insatisfeito
displicentemente franco
o melhor amigo dos meu amigos
o melhor amante das minhas tristezas
obsessivo
tenho vocação para infelizes
para o abraço
tenho fixação por detalhes
por olhares
por silêncios
sou irremediavelmente insatisfeito
displicentemente franco
o melhor amigo dos meu amigos
o melhor amante das minhas tristezas
obsessivo
tenho vocação para infelizes
Jorge Portugal, ao pronunciar-se sobre a poesia de seu conterrâneo, acentua que “na verdade, a palavra Poeta deveria ser mais preservada e dirigida apenas àqueles que provassem, por léguas de letras e texto invulgar, o merecimento do distintivo. São poucos, portanto, os que assim podem ser considerados. Herculano Neto, com certeza, pertence a esse elenco de raros. A sua palavra comprime tantos mundos que, ao menor gesto compreensivo da sensibilidade, ela "explode" em suas mãos, em seu olhar, em sua consciência.”
E Miguel Carneiro, no prefácio do livro, diz que Herculano “de verve sarcástica, brinca com seu humour noir ridicularizando a caretice da província, fazendo de seus versos testemunhos da contemporaneidade na qual ele trafega com desenvoltura”.Cinema é um livro que vale a pena ler e ter na estante.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
A SCENA MUDA
segunda-feira, 30 de junho de 2008
SANTO AMARO(BA) JUNHO DE 1983
"Eu já tomei mais de dez litros de licor
Pra vê se esqueço o sabor do teu amor
É são João, e eu aqui tão só..."
---------------------------------
FOTO BY MARIA SAMPAIO
http://continhosparacaodormir.blogspot.com/
http://continhosparacaodormir.blogspot.com/
sexta-feira, 13 de junho de 2008
CINEMA
"Cinema, o livro de Herculano Neto, traduz num grande travelling a paisagem do Recôncavo e cercanias, ora em grande planos, ora em planos fechados no rosto de seus inúmeros personagens anônimos. O poeta não tem medo de se expor. De verve sarcástica, brinca com seu humour noir ridicularizando a caretice da província, fazendo de seus versos testemunhos da contemporaneidade na qual ele trafega com desenvoltura."
Miguel Carneiro
CINEMA
Herculano Neto
126 páginas
R$ 10,00
ONDE ENCONTRAR:
LDM - Livraria Multicamp
Rua Direita da Piedade
(71) 21018000
*****
TOM DO SABER
Rio Vermelho
(71) 33345677
*****
GALERIA DO LIVRO
Boulevard 161 - Itaigara
(71) 33530051
*****
ESPAÇO UNIBANCO - CINE GLAUBER ROCHA
Praça Castro Alves
*****
BANCA J.A (Santo Amaro)
Atrás Igreja do Rosário
*****
SEBO DINHO
Santo Amaro
*****
EDITORA LIVRO
****
Fundação Casa de Jorge Amado (Pelourinho)
(71) 33210070
****
OU DIRETAMENTE COM O AUTOR:
sábado, 7 de junho de 2008
CONVITE: PRÊMIO BRASKEM LITERATURA
“CINEMA”
Herculano Neto
“CALENDÁRIO”
Márcia Tude
“CAFEÍNA”
Victor Mascarenhas
Data: 11/06/2008, a partir das 18h
Local: Fundação Casa de Jorge Amado (Pelourinho)
Data: 11/06/2008, a partir das 18h
Local: Fundação Casa de Jorge Amado (Pelourinho)
sábado, 31 de maio de 2008
CIDADE E RIO – ROBERTO MENDES

“Roberto Mendes, certamente um músico fora do comum, extraordinário, apegado e apaixonado pela sua gente, sua terra, sua água tão limpa e única, e tão apodrecida hoje com a desculpa do progresso. Progresso miserável matando seus rios, peixes, mariscos... Progresso de chumbo que corrói o solo bendito de tantos canaviais. Ao inferno todos os perversos que iludiram e iludem a “ cidade e o rio”, donos dos sons e sabores que aqui na música única de Roberto sente-se, respira-se e saboreia-se. Uma foto do Brasil real, não o virtual e inútil. Na nossa cara, entrando pelas narinas, poros e goelas o “auxílio luxuoso” dos mestres (Guinga, Lenine, Alcione, Pedro Luís e Marco Pereira) que aqui vieram confirmar o que digo, penso, choro e com que me delicio. A música ainda pode nos salvar de todo o mau. Bravo e obrigada, Roberto!”
Maria Bethânia
Maria Bethânia
Para o homem do Recôncavo Baiano, o rio não é apenas uma via de ligação. É o caminho por onde continuamente passa sua história. Santo Amaro da Purificação e o Subaé simbolizam essa ligação orgânica, em que a água e o homem, com sua obra e sua alma, seguem juntos o mesmo percurso. Cidade e Rio com seus sons característicos das culturas que por elas navegam. A chula, samba de viola no curso em que a poesia contemporânea de Jorge Portugal, Capinan, Caetano Veloso, Herculano Neto e Nelson Elias se coloca como afluente.
FAIXAS
01 CIDADE E RIO (Roberto Mendes/Jorge Portugal)
02 PURIFICAR O SUBAÉ (Caetano Veloso)
03 MEMÓRIAS DAS ÁGUAS (Roberto Mendes/Jorge Portugal)
04 BEIRA MAR ((Roberto Mendes/Capinan)
05 ESSE SONHO VAI DAR (Roberto Mendes/Jorge Portugal)
06 LINDA MORENA (Roberto Mendes/Nelson Ellias)
07 TIRA ESSA MULHER DA RODA (Roberto Mendes/Capinan)
08 DEU SAUDADE (Roberto Mendes/Herculano Neto)
09 MARAVILHA MARGINAL (Roberto Mendes/Jorge Portugal)
10 POESIA, SAMBA E BAIÃO (Roberto Mendes/Capinan)
11 DEMANDA (Roberto Mendes/Capinan)
12 BOM COMEÇO (Roberto Mendes/Capinan)
Biscoito Fino – 2008
quarta-feira, 21 de maio de 2008
"A GAROTINHA RUIVA"
Perdido nos corredores de uma infância labiríntica, nos agora longínquos anos da década de 80, entre questionamentos prematuros de uma adolescência apressada e personagens de quadrinhos e TV, eu tentava simplesmente encontrar em algum herói de ficção um espelho. Em algumas ocasiões talvez tenha encontrado: fui um pouco Spaceghost; Demolidor; Ultraman; Lanterna Verde... Enfim, fui tantos na frustrada tentativa de não ser eu. Curiosamente, aquele que mais me marcou não tinha super poderes nem lutava contra forças do mal em defesa do nosso planeta. Na verdade ele era bem simples. Bem tímido. Bem fracassado. Bem eu.
Charlie Brown, por vários anos, foi o exemplo de amizade que desejei para mim, sem achar. Procurava visualizar entre os meus colegas, na escola ou na rua, alguém como ele. Solidário, afável, sensível... Sua turma era minha turma, seus medos eram os meus medos, sua total inabilidade com as atividades infantis também era minha. A idealização do primeiro amor como um sentimento inatingível foi o ponto mais em comum dessa fase. Charlie Brown e eu sofríamos com as desventuras de relacionamentos apenas fantasiados. (Entre as cores da imaginação e o cinza da realidade, pouco sobrava de nós). A garotinha ruiva deve ter sido a nossa maior identificação: uma garota sem nome, traduzida somente pela cor dos seus cabelos, um amor completamente idílico. Temendo não ser aceito ele não se apresentou à garotinha ruiva, e em seu lugar foi seu melhor amigo, Linus - que a beijou, se apaixonou e quebrou a magia ao descobrir seu verdadeiro nome. Charlie Brown amargou mais uma derrota com a resignação de quem se acostumou a não vencer. Não me lembro bem, mas acho que era inverno. Muitas estórias passavam-se no inverno. No inverno é tudo mais triste. (Jamais toquei a neve).
A minha garotinha ruiva não era ruiva; ainda hoje seus cabelos negros visitam minhas lembranças pueris. Nunca mais a encontrei, nem pretendo encontrá-la. Não posso furtar do que me resta de inocência essa recordação doce. É possível até que eu tenha passado por ela em uma avenida qualquer, esbarrado e pedido desculpas no supermercado ou sentado ao seu lado no ônibus ou num banco de praça sem tê-la reconhecido. Melhor assim.
Hoje, olhando para trás, não vejo aquele menino introvertido em mim. Tudo parece distante e inacreditável, quase paralelo. Talvez por ter vivido a perda com tanta intensidade eu tenha decidido na prática o que não queria ser.
Nunca perdoei Linus por ter beijado a garotinha ruiva. Nunca perdoei Charlie Brown por ter perdoado Linus. Nunca me perdoei por não ter perdoado os dois.
Herculano Neto
Charlie Brown, por vários anos, foi o exemplo de amizade que desejei para mim, sem achar. Procurava visualizar entre os meus colegas, na escola ou na rua, alguém como ele. Solidário, afável, sensível... Sua turma era minha turma, seus medos eram os meus medos, sua total inabilidade com as atividades infantis também era minha. A idealização do primeiro amor como um sentimento inatingível foi o ponto mais em comum dessa fase. Charlie Brown e eu sofríamos com as desventuras de relacionamentos apenas fantasiados. (Entre as cores da imaginação e o cinza da realidade, pouco sobrava de nós). A garotinha ruiva deve ter sido a nossa maior identificação: uma garota sem nome, traduzida somente pela cor dos seus cabelos, um amor completamente idílico. Temendo não ser aceito ele não se apresentou à garotinha ruiva, e em seu lugar foi seu melhor amigo, Linus - que a beijou, se apaixonou e quebrou a magia ao descobrir seu verdadeiro nome. Charlie Brown amargou mais uma derrota com a resignação de quem se acostumou a não vencer. Não me lembro bem, mas acho que era inverno. Muitas estórias passavam-se no inverno. No inverno é tudo mais triste. (Jamais toquei a neve).
A minha garotinha ruiva não era ruiva; ainda hoje seus cabelos negros visitam minhas lembranças pueris. Nunca mais a encontrei, nem pretendo encontrá-la. Não posso furtar do que me resta de inocência essa recordação doce. É possível até que eu tenha passado por ela em uma avenida qualquer, esbarrado e pedido desculpas no supermercado ou sentado ao seu lado no ônibus ou num banco de praça sem tê-la reconhecido. Melhor assim.
Hoje, olhando para trás, não vejo aquele menino introvertido em mim. Tudo parece distante e inacreditável, quase paralelo. Talvez por ter vivido a perda com tanta intensidade eu tenha decidido na prática o que não queria ser.
Nunca perdoei Linus por ter beijado a garotinha ruiva. Nunca perdoei Charlie Brown por ter perdoado Linus. Nunca me perdoei por não ter perdoado os dois.
Herculano Neto
sexta-feira, 16 de maio de 2008
AUTORRETRATO TERCEIRIZADO
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