segunda-feira, 12 de setembro de 2022

NO TOCA-FITAS DO MEU CARRO XVIII

Porque sou o meu próprio Mariozinho Rocha

Tenho absoluto fascínio por fitas K7, bem mais do que pelo vinil. Na juventude, além de serem acessíveis financeiramente, eu ainda podia produzir minhas próprias coletâneas (muito antes de Peter Quill ditar tendência com as suas mixtapes), com direito a capa e divididas por artistas, estilos e temas (estes últimos serviam para traduzir meu estado emocional no momento, acho que devo ter tido um box inteiro só com melancolia). Atualmente, com as possibilidades oferecidas pelos serviços de streaming, possuo algumas dezenas de playlists – o que, de alguma maneira, dialoga com o adolescente que fixava os dedos entre o play e o rec do gravador aguardando aquela canção tocar no rádio, feito um predador que espreita sua presa, e de quebra torcia para que não houvesse vinheta durante a execução e nem que o locutor interrompesse a faixa antes do seu final. Entre tantas playlists criadas, percebi que “Fade Into You”, da banda americana Mazzy Star, faz parte de várias delas, desde a da corrida na esteira, passando por enquanto bebo meu uísque a músicas para lembrar o passado vol. 2 e músicas para esquecer o passado vol. 6 – bem como a playlist com canções que me salvariam do Vecna.

I think it's strange you never knew.

terça-feira, 6 de setembro de 2022

SOCIAL DISTANCIAMENTO XXI

Diários da pandemia ou notas perdidas nas páginas ociosas de uma velha agenda

 

(Agosto, 2022)

Recentemente, talvez nem tão recentemente assim, notei que havia sido bloqueado por (que eu conheça até agora) três contatos completamente diferentes nas redes sociais. Ah, lá vem ele outra vez com esse papo de inadequação aos novos tempos, que antigamente era melhor, etc. A verdade é que eu ainda me surpreendo e acho inusitado, quase engraçado. Será que o bloquear é a versão atualizada do “tô de mal”? Se é para colocar o “antigamente” como referência, pelo menos antes eu sabia o motivo, o que me permitia além de um pedido de desculpas (se fosse o caso) aprender com a falha e não repetir o erro – agora apenas descubro acidentalmente, como quem não quer nada. Mesmo sendo pouco afeito às interações tecnológicas, sei que existem mecanismos que restringem o acesso ao seu conteúdo e ao conteúdo de outrem que vão desde criar uma lista de amigos próximos, silenciar o contato ou até um simples unfollow se incomoda tanto. Mas refletindo melhor, provavelmente o deixar de seguir seja somente uma advertência, um recado. Quem para de seguir pode voltar em algum momento, nada impede que isso aconteça. Já o bloquear é determinante, é não querer realmente manter qualquer nível de relação com o bloqueado, é atravessar a rua do Instagram se avistá-lo de longe. Possivelmente se eu não fosse eu me bloquearia também, pra quê diabos manter conexão com alguém que não posta, não curte, não comenta e não compartilha nunca? Qual a parte da definição de redes sociais que esse indivíduo não compreendeu? Nem um coraçãozinho é capaz de dar. Presumo que eu deveria abandonar tudo o que estou fazendo nesse instante para aplicar um pente fino nas minhas redes sociais, buscar quem está ali de enfeite para simplesmente monitorar a vida alheia e bloquear sem dó. Onde já se viu uma coisa dessas?! Ficar de penduricalho entre os seguidores da pessoa.

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