sábado, 26 de março de 2022

CONTÉM SPOILER XV

Aquele filme que eu te falei

 

Temporada do Oscar era época de maratonar os principais títulos, fazer bolão, divulgar palpites com os que “eu acho” e os que “eu gostaria”, realizar apostas com os amigos, contestar os indicados como se fossem os convocados da seleção era quase uma Copa do Mundo. Gradativamente, tenho dado cada vez menos atenção, talvez por entender melhor os meandros da indústria cinematográfica e os seus mecanismos fui me tornando menos ingênuo e, consequentemente, menos interessado (um tanto indiferente). Amanhã haverá uma nova premiação. Deixarei para avaliar os incensados, os injustiçados e as surpresas no dia seguinte, apenas para confirmar que teria fracassado em mais um bolão.

domingo, 20 de março de 2022

SOCIAL DISTANCIAMENTO XV

Diários da pandemia ou notas perdidas nas páginas ociosas de uma velha agenda

(Fevereiro, 2022)

Estou aqui há vinte anos, criei o primeiro blog em 2002 no portal da IG; em 2004 migrei para o UOL e o seu zip.net, onde tive também um fotolog – espécie de antepassado do Instagram; e desde 2008  estou no Blogger. Essa cronologia não serve para muita coisa, apenas para confirmar que o tempo voa, amor, escorre pelas mãos. Portanto, não estranho quem classifica o blog como vintage, retrô ou divã de boomer (ainda dizem “cringe”?) nem fantasio que em algum momento ocorrerá fenômeno semelhante ao do vinil – não mesmo (embora eu acredite que esteja mais para cool do que kitsch, ao contrário do Feicebuque que tem envelhecido muito mal). Já é possível, inclusive, tecer comentários saudosistas rememorando uma época em que havia blogs destinados aos mais diversos assuntos, informativos e com bastante interação e repercussão, porém sem o ranço bélico das redes sociais. Agora isso aqui não passa de um cemitério de jazigos abandonados esperando por esporádicas visitas. Às vezes me sinto solitário como Wall-E trafegando pelo ferro-velho.  


domingo, 13 de março de 2022

VIRADA DE PÁGINA XIII

Papel jornal, couché, off-set, polén, reciclado, kindle ou pdf

Conheci Iznogoud através da animação (que transformava o califa em sultão na versão brasileira) exibida durante as manhãs em algum ponto nebuloso dos anos de 1990. Iznogoud era um grão-vizir que tentava de todas as maneiras usurpar o trono, uma espécie de golpista sonhando com impeachment. Criado em 1962 pelos franceses René Goscinny e Jean Tabary, não teve muitas obras publicadas no Brasil. Escrevi sobre o personagem no inverno de 2009 AQUI, na época, acreditara que havia alguns “iznogouds” no meu caminho, que tolice. Excesso de vaidade, mania de perseguição, deslumbramento, egoísmo… talvez um pouco de cada somada à minha imaturidade naqueles dias. Estupefato, hoje me pergunto como é que alguém poderia mirar a minha vida e dizer: eu quero ser sultão no lugar do sultão!

terça-feira, 8 de março de 2022

NO TOCA-FITAS DO MEU CARRO XIII

Porque sou o meu próprio Mariozinho Rocha

No começo dos anos de 1980, praticamente todos os lares de Santo Amaro possuíam uma cópia do LP “CAVALO DE PAU”, de Alceu Valença – pelo menos todas as casas que eu frequentava ou que minha memória da infância permite lembrar. Possivelmente estimulado pelos sucessos “Tropicana” e “Como dois Animais”. No entanto, a canção que me inquietava era a faixa título, com uma formação mais enxuta, apenas baixo/bateria/guitarra/piano, em um arranjo minimalista muito mais próximo do experimentalismo do rock do que dos ritmos regionais que caracterizavam o álbum, culminando em um Alceu, a plenos pulmões, vociferando sua letra. Era um som que, naquele contexto, causava inevitável estranheza. Curiosamente, seus versos só começaram a me trazer real significado após vários anos, depois que vim parar na capital. Quando, aos poucos, fui desconhecendo aquele menino do interior em mim e, irremediavelmente, deixando a minha inocência para trás – talvez o bem mais precioso que perdi na vida. Por mais que eu insistisse em procurá-la, esquecida na mala/em um canto dos olhos, sabia que jamais a reencontraria novamente. Minha inocência era como aquele cavalo de pau que se torna arisco, indomável, que me derruba, que me nega, determinando que agora era tempo de caminhar sozinho.

(Publicado originalmente em agosto de 2010)

 


 

quarta-feira, 2 de março de 2022

SOCIAL DISTANCIAMENTO XIV

Diários da pandemia ou notas perdidas nas páginas ociosas de uma velha agenda


(Janeiro, 2022)

Ainda utilizar uma ferramenta paleolítica como o blogue, tão rudimentar quanto um livro, em pleno 2022, o primeiro ano do resto de nossas vidas, escrevendo o que quiser/ quando quiser/ para quem quiser ler, sem se desassossegar com engajamento/ monetização/ patrocinadores/ trending topics/ cancelamentos, em um mundo onde tudo precisa acontecer e deixar de existir em meros quinze segundos, é um oásis no caos, um alívio necessário. 


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