segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

PODERIAM SER CRÔNICAS

(*) Não participar do Feicebuque ou não possuir um tablete ou um telefone celular de penúltima geração não é mero charme (não é meu esporte ser do contra), apenas gosto de preservar minha privacidade, ignorar o que os outros fazem ou deixam de fazer e me dedicar inteiramente aos amigos dos dias reais, e não ter uma conversa interrompida com o tec-tec deselegante de alguém digitando: “pode continuar falando, eu estou ouvindo”. Prefiro silenciar.

(*) Mas não poso de intelectual ofendido diante dos novos costumes, alegando que antigamente era assim ou no meu tempo era assado. Tudo tem seu tempo e o meu tempo é o agora, com todas as fissuras que ele apresenta.

(*) Não, o ano não começou após o carnaval nem a vida começa aos quarenta. Se engane, mas não tente me enganar.


(*) Confirmando meu histórico, tive 13 acertos na premiação do Oscar deste ano. E acreditem, já fui bem pior.

(*) Blogues costumam comemorar quando alcançam determinado número de acessos, de postagens, de comentários... Sem recorrer às estatísticas, sei que a palavra que mais utilizei foi o advérbio “não”, curiosamente mais para justificar do que para realmente negar. Uma palavra que pouco costumo dizer, até aqui ela já apareceu nove vezes.

(*) Santa Maria, Papa, meteoritos, sinalizador corintiano, blogueira...

(*) Não, obrigado (dez vezes).


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

VELHAS POLAROIDES IV

 
 
    
SALVADOR ABAIXO DE ZERO / EDIÇÕES P55 - COLEÇÃO CARTAS BAHIANAS / 
R$ 15,00 (solicite seu exemplar diretamente com o autor) / 
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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

SOTEROPOLITANA

“Soteropolitana” foi escolhida para ser o primeiro videoclipe do disco ALELUIA, da banda  Cascadura, um álbum temático que ousa abordar as particularidades, problemas, personagens e riquezas de Salvador, sem os seus, cada vez mais folclóricos, estereótipos de baianidade. A letra traça um olhar panorâmico sobre a cidade, contextualizando-a geograficamente e culturalmente, apresentando suas características, o cotidiano das pessoas, dos seus bairros, além do comportamento da elite e a questão do negro em uma cidade que, ao contrário do que a propaganda superficial-oficial propõe, não é somente negra. A canção combina o samba-reggae com “Street Fight Man”, dos Stones, em uma levada que se amalgama naturalmente, sem forçação alguma. O clipe corrobora essa ideia mesclando uma narrativa ficcional, com um garoto e um jovem representando a presença  do etnógrafo e fotógrafo Pierre Verger, personagem único na afirmação das manifestações culturais da Bahia no século XX, a partir do elemento que ele mais valorizava: as gentes. A narrativa documental mostra os populares em toda a sua amplitude e diversidade: os adeptos do candomblé e os cristãos-evangélicos, a bateria do bloco-afro e os adolescentes “roqueiros”,  o trabalho e o lazer, a natureza e a vida urbana. O clipe conta ainda com a presença do dançarino Negrizu, cantado por Caetano Veloso como “o moço lindo do Badauê”, na canção “Beleza Pura”. Fico feliz por, coincidentemente, no mesmo ano de “Aleluia” ter publicado um livro sobre Salvador. E se como dizia Tolstói “se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia”, então, comecemos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

NESTE CARNAVAL

“Desconfio de hinos, músicas lineares, puramente motivacionais, em que tudo-tudo-tudo-vai-dá-pé-quando-o-sol-brilhar-tudo-de-bom-vai-acontecer-e-quando-a-noite-chegar-vai-rolar-a-festa. Honestamente, não sei até que ponto esta overdose de alto-astral ajuda as pessoas. Não me surpreenderia se o número de suicídios no carnaval fosse maior do que na quaresma. Não acho que uma música melancólica aumente a melancolia. Na verdade, ela faz companhia.”

(Humberto Gessinger: Nas Entrelinhas do Horizonte, 2012. Ed. Belas Letras, p. 76).

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

VELHAS POLAROIDES III

 
 
 
 


SALVADOR ABAIXO DE ZERO / EDIÇÕES P55 - COLEÇÃO CARTAS BAHIANAS / 
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sábado, 2 de fevereiro de 2013

CRÔNICA DA MULHER BROTHER

O homem quer liberdade, quer espaço. Quer uma mulher que lhe compreenda, que silencie quando ele estiver em silêncio, que escute quando ele quiser ser o centro das atenções. O homem quer uma mulher que torça por seu clube, que sofra na derrota e tire sarro dos adversários na vitória. O homem quer uma mulher que não implique com a pelada de final de semana nem com as consecutivas, e simultâneas, partidas de futebol na TV – seguidas de repetitivas mesas redondas. O homem quer uma mulher que rache as contas, que não se importe com datas ou churrascarias, que compre cerveja, que fale alto, que goste de rock and rool e não se esquive de uma roda de samba, que não leve desaforo pra casa, que ria das suas piadas, que conte piadas, que aposte, que jogue cartas, que goste de fumar de quando em vez, de beber, de assistir a filmes adultos, que seja amiga dos seus amigos, que não tenha ciúmes das suas amigas. Mas uma mulher que não seja subserviente, que tenha força, que não se anule, que seja cúmplice e álibi, uma mulher que seja mais que um mero estereótipo de fetiche masculino. O mais engraçado é que esse tipo de mulher existe, e quando ela aparece em sua vida, quase sempre, assusta.
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