O Centro Histórico de Salvador abrigará de 10 a 13 de dezembro um evento literário que vai discutir a Literatura que se faz hoje na Bahia, tendo como referência o mais famoso dos escritores baianos: Jorge Amado. O “Jorge + 100” é uma iniciativa patrocinada pelos Correios, com realização do Ministério da Cultura, apoio da Fundação Casa de Jorge Amado e organização da produtora Canto de Ideias. O encontro será no Centro Cultural dos Correios, no Largo do Cruzeiro do São Francisco, Pelourinho, com acesso gratuito ao público até a capacidade máxima do auditório. O Jorge +100 reunirá diversos escritores e especialistas que debaterão sobre as obras ficcionais atuais e os temas relacionados, que vão desde as ruas de Salvador como inspiração à baianidade da população e influência da capital nos trabalhos dos autores locais. Estão confirmadas as participações de nomes de destaque no cenário nacional, como o baiano Antônio Torres, recém-eleito para a Academia Brasileira de Letras, Liv Sovik, pesquisadora de temas multiculturais, e a atriz e poeta Elisa Lucinda, além do escritor santoamarense Herculano Neto.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
PENSANDO ALTO
(*) Costumo ler as notas do obituário nos jornais de Salvador e frequentemente encontro alguém natural de Santo Amaro entre os falecidos, como se estivesse me lembrando que em breve não serei mais notícia no caderno 2.
(*) Ainda sei que sou o mesmo menino do interior quando olho para o lado quando escuto uma buzina de automóvel (buzinar no interior é cumprimento); quando olho pra cima quando passa um avião (avião no interior é novidade, brincadeira de criança).
(*) Pode parecer implicância, talvez até seja realmente, mas acho insuportável o ato de assobiar canções. Se acalma quem faz, só me enfurece. Conviver com pessoas que cultivam esse hábito é uma tortura, só me vem à cabeça a assassina caolha de Daryl Hannah em “Kill Bill”.
(*) Minha geração decretou o casamento como uma instituição falida. No entanto, começo a observar que jovens casais, entre 19 e 23 anos, estão se casando cada vez mais cedo. Solteirice, definitivamente, é coisa de velho.
(*) Dieta da bola de algodão? Não, uma fatia de torta de tapioca com doce de leite, por favor.
(*) Não faz muito tempo, economizava-se crédito nas ligações feitas para telefone móvel; hoje, com tantos planos e bônus, economiza-se a carga da bateria do aparelho. Preciso aprender a me economizar também.
(*) WhatsApp não deixa de ser um passo adiante na ruidosa comunicação humana, mas os grupos do aplicativo são uma praga. Qualquer assunto vira “grupo”: trabalho escolar, confraternização, fofoca, novela, The Voice, dieta, anos 80...
(*) Ninguém me avaliou no Lulu.
(*) Nunca acreditei que todo mundo fosse filho de Papai Noel.
(*) Nunca acreditei em Papai Noel.
(*) Ainda sei que sou o mesmo menino do interior quando olho para o lado quando escuto uma buzina de automóvel (buzinar no interior é cumprimento); quando olho pra cima quando passa um avião (avião no interior é novidade, brincadeira de criança).
(*) Pode parecer implicância, talvez até seja realmente, mas acho insuportável o ato de assobiar canções. Se acalma quem faz, só me enfurece. Conviver com pessoas que cultivam esse hábito é uma tortura, só me vem à cabeça a assassina caolha de Daryl Hannah em “Kill Bill”.
(*) Minha geração decretou o casamento como uma instituição falida. No entanto, começo a observar que jovens casais, entre 19 e 23 anos, estão se casando cada vez mais cedo. Solteirice, definitivamente, é coisa de velho.
(*) Dieta da bola de algodão? Não, uma fatia de torta de tapioca com doce de leite, por favor.
(*) Não faz muito tempo, economizava-se crédito nas ligações feitas para telefone móvel; hoje, com tantos planos e bônus, economiza-se a carga da bateria do aparelho. Preciso aprender a me economizar também.
(*) WhatsApp não deixa de ser um passo adiante na ruidosa comunicação humana, mas os grupos do aplicativo são uma praga. Qualquer assunto vira “grupo”: trabalho escolar, confraternização, fofoca, novela, The Voice, dieta, anos 80...
(*) Ninguém me avaliou no Lulu.
(*) Nunca acreditei que todo mundo fosse filho de Papai Noel.
(*) Nunca acreditei em Papai Noel.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Pb
há um rastro de chumbo
nos seus olhos
quando chora
quando tenta
quando espera
quando desiste
há um rastro de chumbo
nas suas ruas
quando celebra
quando perpetua
quando omite
quando enguiça
há um rastro de chumbo
em sua gente
quando dá de ombros
quando compactua
quando ignora
quando silencia
há um rastro de sangue na sua história
nos seus olhos
quando chora
quando tenta
quando espera
quando desiste
há um rastro de chumbo
nas suas ruas
quando celebra
quando perpetua
quando omite
quando enguiça
há um rastro de chumbo
em sua gente
quando dá de ombros
quando compactua
quando ignora
quando silencia
há um rastro de sangue na sua história
Mais sobre o chumbo no sangue que maltrata minha cidade AQUI.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
(NÃO) AMAR É...
Uma amiga, dona de casa e mãe de três filhos adultos, conseguiu realizar um sonho adiado mas nunca esquecido: se formou em direito. Ôquei, isso não é nada incomum, provavelmente todo mundo conhece uma dúzia de histórias de superação muito mais dolorosas, porém o que chamou minha atenção foram os agradecimentos da recém formanda, com um parágrafo inteiro dedicado ao esposo, que ficou propositadamente afastado dos outros agradecidos (gente sem valor, como professores, incentivadores e familiares que se apertaram no mesmo parágrafo). No texto, o marido é tratado como um adversário na jornada, um obstáculo que precisava ser ultrapassado, em tom claramente irônico ela agradece pela “oposição contínua” e pela “permanente hostilidade”.
Após ler os agradecimentos, fiquei tentando descobrir o que leva um casal que se odeia a conviver sob o mesmo teto anos a fio, que mesquinhez, egoísmo ou comodidade aprisiona duas pessoas numa existência. O amor?
Não me atrevo a definir o que é o amar, tal qual uma figurinha dos anos 80 ou os colegas literatos Fabrício Carpinejar e Ediney Santana, não tenho essa coragem, não tenho essa ousadia. Nesse assunto sou um incompetente aprendiz, admito.
Pouco posso saber sobre o amor, mas já vivi suficiente para saber o que não é o amor.
sábado, 2 de novembro de 2013
EN PASSANT
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
COVA RASA VIRTUAL
(*) Já me “queixei” que o número de comentários em meu blogue havia diminuído consideravelmente, passando da casa dos sessenta para três ou quatro fiéis gatos pingados (alô Paulo, Tânia, Lu, Cila, Mateus e P@ty), embora o número de visitas só aumente. Culpa do Feicebuque, do Instagram e do Candy Crush? Da urgência dos dias? Da falta do que falar? Não sei. Achava que o meu blogue tinha cansado os leitores, se tornado repetitivo, mas blogues extremamente populares também recebem cada vez menos comentários, com algumas postagens ficando no zero. Talvez eu faça como o camarada Ediney Santana e bloqueie os comentários ou espere confortavelmente que os blogues voltem à crista da onda. A verdade é que comentar nos rouba algum tempo. Às vezes mais de um minuto.
(*) Maria Sampaio, uma amiga muito querida, nos deixou há alguns anos. Seguia o seu blogue e mesmo após o seu desencarne continuei seguindo. Simbolicamente ela continuaria ali, naquelas postagens, ao alcance da minha saudade, poderia de quando em vez comentar algo, perguntar como andavam as coisas do lado de lá. Mas acontece que o blogger possui regras escrotas (sim, você também clicou em “Eu Aceito” sem ter lido nada). Depois de certo tempo sem acessar o blogue sai do ar e o endereço fica disponível para ser registrado mais uma vez. Num misto de surpresa e revolta recebi na minha lista de leitura as “novas atualizações” do blogue dela. Pois é, o cãozinho de Maria agora tem novo dono. E eu imaginando que após o meu fim o POR QUE VOCÊ FAZ POEMA seria uma espécie de cemitério virtual.
(*) Outro ano e novamente apareceu um engraçadinho dizendo que hoje era o dia em que Marty McFly chegava do passado, e não faltou quem acreditasse. Estou pensando em escrever uma postagem óbvia, comparando aquele futuro aos nossos dias, e programar para ser publicada em 21 de outubro de 2015. Se eu já tiver viajado para o outro lado será uma espécie de presente para quem continuar me seguindo.
(*) Maria Sampaio, uma amiga muito querida, nos deixou há alguns anos. Seguia o seu blogue e mesmo após o seu desencarne continuei seguindo. Simbolicamente ela continuaria ali, naquelas postagens, ao alcance da minha saudade, poderia de quando em vez comentar algo, perguntar como andavam as coisas do lado de lá. Mas acontece que o blogger possui regras escrotas (sim, você também clicou em “Eu Aceito” sem ter lido nada). Depois de certo tempo sem acessar o blogue sai do ar e o endereço fica disponível para ser registrado mais uma vez. Num misto de surpresa e revolta recebi na minha lista de leitura as “novas atualizações” do blogue dela. Pois é, o cãozinho de Maria agora tem novo dono. E eu imaginando que após o meu fim o POR QUE VOCÊ FAZ POEMA seria uma espécie de cemitério virtual.
(*) Outro ano e novamente apareceu um engraçadinho dizendo que hoje era o dia em que Marty McFly chegava do passado, e não faltou quem acreditasse. Estou pensando em escrever uma postagem óbvia, comparando aquele futuro aos nossos dias, e programar para ser publicada em 21 de outubro de 2015. Se eu já tiver viajado para o outro lado será uma espécie de presente para quem continuar me seguindo.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
PESADELO KAFKIANO
“Com catorze anos eu entendia o significado dos toques desnecessariamente
lentos e sensuais, com os olhos fixos nos meus”.
Trecho da polêmica autobiografia de Morrissey, lançada esta semana no Reino Unido. Enquanto nossos valorosos artistas se unem para calar seus possíveis biógrafos, Morrissey não se esquiva de nada: desentendimentos com membros dos Smiths, homossexualidade, governo britânico, abuso sexual, relação com gravadoras... Ele relata ainda sua infância em Manchester, em particular a escola católica que frequentou, onde os professores eram cruéis e cada dia era um “pesadelo Kafkiano”. Agora é esperar a edição em língua portuguesa ou comprar a original em inglês mesmo.
sábado, 12 de outubro de 2013
QUINTANA
![]() |
Mário Quintana, criança |
já morei em muitas casas
embora
em sonhos
apenas a casa das infâncias me alcance
bem que mário dizia
que não importa que a
tenham
demolido
e a demoliram em um sábado
desses de cartão-postal
a gente continua morando
na velha casa
em que nasceu
já morei em muitas casas
embora sonhe apenas
com a casa das infâncias
Herculano Neto
Herculano Neto
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
EU NÃO ACREDITO NA RAPAZIADA
Hoje, em um momento de mera falta de sorte, me deparei na listagem dos mais populares do YouTube com um vídeo no mínimo infeliz: em efêmeros vinte e quatro segundos, um grupo de jovens dentro de um carro convida um flanelinha para receber o pagamento pelo suposto serviço prestado, eles parecem um pouco assustados, medem com cuidado todas as etapas planejadas. Simulando segurar uma quantidade de moedas, um dos rapazes estende o braço para fora do automóvel, ao se aproximar do flanelinha lhe dá um tapinha na mão, um típico cumprimento entre amigos, logo em seguida o motorista acelera, como se abandonasse a cena de um crime, enquanto todos gargalham satisfeitos. Uma desgastada polaroide do playboy que insiste em viver na farra. Acostumado a essa classe de indivíduos, não me surpreendi. Achei bobo, apenas. Vinte e quatro segundos da minha vida desperdiçados. O que realmente me surpreendeu e incomodou foram os comentários, pérolas sociais do tipo: “sacanagem, agora ele vai descontar arranhando o carro de outro”, “praga das ruas”, “flanelinha tem mesmo que se fuder”, “deveriam ter dado um tiro na cara desse ladrão”, “flanelinha é criminoso, não é trabalhador”, “menos alguns centavos pra comprar droga”, entre outras delicadezas. Não quero discutir a função de quem arregimenta trocados loteando o espaço público, minha tristeza é outra.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
OS INFRINGENTES

Quando Ana Laura retornava para casa dois carros fecharam seu caminho. Cena de filme. Um grupo de homens de terno e gravata e óculos escuros não tiveram trabalho para leva-la, que calmamente nem ameaçou reagir, algo que ela tinha aprendido no treinamento de segurança recebido por sua família. Do aparelho celular de Ana Laura um dos homens ligou imediatamente para o pai dela:
"Fala, Filha!"
"Não é ela... mas você já sabe o que tem que ser feito."
Do outro lado Celso não aparentava surpresa, como se ele soubesse que isso realmente pudesse acontecer.
Ele preferiu não envolver a polícia no caso, sabia que não ia adiantar, sabia que seria pior, sabia que a polícia fazia parte do esquema. Foi uma semana terrível. Sem notícias da filha e vendo seu nome nos meios de comunicação a todo instante, dando ao seu voto uma importância e um poder além do que ele merecia, esquecendo-se completamente que outros cinco ministros já tinham votado a favor. Após concluir o seu voto, Celso se trancou no banheiro e chorou em silêncio. Libertada em uma rua deserta de uma cidade satélite, Ana Laura chorava. Desolados, alguns brasileiros ainda tentavam chorar, mas não conseguiam.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
À INGLESA
domingo, 22 de setembro de 2013
CÍCERO (FREVO POR ACASO)
– Como cê tá?
– Cê tá legal?
– Como cê vai?
– Cê vai também?
– Cê tá melhor?
– Cê tá em paz?
– Tá tudo bem?
E o que que a gente faz daquela angústia?
– Heim?
E se um dia precisar
de alguém pra desabar
Eu tô por aí
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