terça-feira, 28 de julho de 2009

ERASMO CARLOS: 50 ANOS DE MÚSICA


Erasmo Carlos lançou recentemente um disco intitulado ROCK ‘N’ ROLL – título mais do que auto-explicativo. É seu primeiro trabalho de inéditas (e sem nenhuma suposta parceria com Roberto Carlos) desde 2004 e tem o mérito de não soar retrô entre baladas, blues rock e country. É um disco surpreendentemente contemporâneo, agradável, bem humorado e bem executado. Canções como "Cover de Mim" e "Olhar de Mangá" são, certamente, bem mais interessantes que qualquer exagero requentado. Erasmo também completou 50 anos de música, não houve apresentações festivas pelo país nem programas de tv, talvez alguma menção no suplemento cultural dos jornais. Imagino apenas o Tremendão de preto empunhando sua guitarra e um repertório pouco óbvio no show Elas Cantam Erasmo com Ângela Rorô, Pitty, Rita Lee, Mallu Magalhães, Elza Soares, Céu, Marina Lima... Ao invés de brincar com sua própria caricatura emulando emoções ele cantaria languidamente "não leve a mal se eu lhe disser: a guitarra é uma mulher".

segunda-feira, 20 de julho de 2009

SÓ*
Herculano Neto

A noite é longa e estou em casa
com meus discos
reprises suportáveis
livros emprestados
sonhos inacabados
e refrigerante sem gás na geladeira.

*Do livro OS OUTROS POEMAS DE QUE FALEI
(Prêmio Banco Capital de Literatura, 2004)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

“FOTOGRAFEI VOCÊ NA MINHA ROLLEYFLEX”

Newton Mendonça ao lado da cantora Célia Reis

Quem é o parceiro de Tom Jobim em “Desafinado”?
Essa típica pergunta de programa de auditório tem como resposta Newton Mendonça. Pianista e compositor carioca, conheceu Tom Jobim ainda na juventude, na histórica Rua Nascimento Silva, no Rio de Janeiro, juntos tocavam em boates noturnas na década de 50 e fizeram poucas,
mas memoráveis canções (como “Discussão”, “Samba de uma nota só”, “Incerteza” e “Meditação”). “Foi a Noite”, gravada por Silvinha Telles em 1956, é considerada por alguns especialistas como o marco inicial da bossa nova – logo o tão alardeado 50 Anos de Bossa Nova deveria ter acontecido dois anos antes ou ter se chamado 52 Anos de Bossa. Newton Mendonça foi um dos mais importantes compositores surgidos no Brasil, porém sua personalidade arredia, o descaso e as omissões fizeram com que ele se tornasse desconhecido, além da disseminação do mito de que ele era “somente” letrista. Com Tom Jobim música e letra eram feitas juntamente, revezando-se os dois entre o piano e o caderno. Segundo Marcelo Câmara, autor da biografia sobre Newton Mendonça, “Tom só é vanguarda com Newton. Sem ele é apenas samba canção”. Se com o primeiro parceiro Tom compôs “Só saudade, foi o pouco que ficou”, com Vinicius de Moraes decretava: “Chega de Saudade” – era um novo momento. Newton Mendonça gravou o disco EM CADA AMOR UMA CANÇÃO e considerava-se incompreendido pelo público e parceiros. Morreu aos 33 anos, em 1960, vítima de ataque cardíaco enquanto se apresentava numa boate no beco do Joga a Chave. Tom Jobim pouco falava sobre o parceiro obscuro, se redimiu apenas em 1993, numa entrevista para o programa Roda Viva, da TV Cultura. Apaixonado por fotografia, Newton Mendonça brigou para incluir na letra de “Desafinado” o bem humorado e profético verso: “Fotografei você na minha Rolleyflex, revelou-se a sua enorme ingratidão”.

terça-feira, 14 de julho de 2009

EU QUERO SER O SULTÃO NO LUGAR DO SULTÃO

IZNOGOUD foi criado em 1962 pelos franceses René Goscinny e Jean Tabary. O nome Iznogoud soa como o inglês “he's no good” (“ele não presta”). Inicialmente o personagem era secundário, mas o sucesso do Grão-Vizir Iznogoud, que ambiciona ser califa e elabora diversos planos para usurpar o trono, foi tanto que ele acabou na verdade se tornando protagonista. Seu bordão "EU QUERO SER CALIFA NO LUGAR DO CALIFA” se tornou "EU QUERO SER O SULTÃO NO LUGAR DO SULTÃO" na dublagem brasileira, que também modificou o nome do califa. Ultimamente parece ter surgido alguns “Iznougouds” no meu dia a dia. E eu nem sou um sultão, apenas um reles escrivinhador e funcionário público.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

GUY RITCHIE

Guy Ritchie certamente é bem mais que o ex de uma cantora pop e merece ser reconhecido sem definições preguiçosas e pouco inspiradas como “o novo Tarantino” ou “o Tarantino da Inglaterra”. Jovem diretor egresso da publicidade e do mundo dos videoclipes se tornou um dos mais inventivos cineastas da década passada. Roteirista brilhante, produz diálogos incríveis em sua fórmula aparentemente requentada, porém perfeita, de tramas paralelas, corte temporal e inúmeras figuras antológicas que se cruzam sem gratuidade ou desperdício de idéias. Sua linguagem visual estilizada combina edição ágil e movimentos lentos em planos inusitados, além das ótimas trilhas sonoras e personagens que já parecem nascer cults. Enfim, seu cinema consegue o que parece impossível hoje em dia: entreter sem imbecilizar (como tem insistido em fazer o cinemão americano). Com uma filmografia curta, quem ainda não viu, vale procurar por qualquer título listado abaixo – ou todos.

JOGOS, TRAPAÇAS E DOIS CANOS FUMEGANTES (1998)
SNATCH – PORCOS E DIAMANTES (2000)
REVOLVER (2005)
ROCKNROLLA – A GRANDE ROUBADA (2008)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

POEMA INÉDITO


o mundo era mais simples
na casa da árvore

não havia antenas
telefone
campainha
portas

pessoas que dizem adeus
mas não vão embora

o mundo era menos triste
na casa da árvore

quarta-feira, 1 de julho de 2009

RAIMUNDO FAGNER - “FAZ DE CONTA” (TEMA DA NOVELA COMO UMA ONDA)

Em 2004, após uma sucessão de acasos, Fagner desejou gravar a canção “Faz de Conta”, parceria minha com o amigo e conterrâneo Roberto Mendes, no disco DONOS DO BRASIL – seu trabalho mais poético, segundo a crítica, em muitos anos. Pouco depois a faixa ganhava a programação das rádios brasileiras e era incluída na trilha da novela da Rede Globo COMO UMA ONDA. Acima, vídeo da canção com cenas da novela.
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