quarta-feira, 25 de março de 2009

CINEMA DE SHOPPING


Definitivamente, quem vai ao cinema no shopping não vai ao cinema, vai ao shopping e passa pelo cinema como se passasse em mais uma loja. Ainda na fila é perceptível a desinformação e durante a sessão é evidente o desinteresse.

quinta-feira, 19 de março de 2009

THE DARK SIDE OF DENDÊ

Tenho o hábito de começar a leitura dos jornais a partir dos segundos cadernos, mesmo que as notícias culturais não mereçam ultimamente tanto privilégio, assim como leio as revistas semanais sempre do final para o início, quase como um mangá. Uma nota chamou minha atenção recentemente, antes até de ler a tira do Dilbert: TRIBUTO AO PINK FLOYD EM SALVADOR. Não nego meu entusiasmo ainda no título, afinal o Pink Floyd, ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath, formava a santíssima trindade da minha inquietude, seres acima do bem e do mal, que encerravam discussões. Porém, ao continuar a leitura meu entusiasmo se transformou em estupefação, que passou para incredulidade e culminou numa gargalhada de incomodar vizinhança quando descobri que o show seria com os vocalistas das bandas Eva, Asa de Águia, mais o repaginado Luiz Caldas. Não era primeiro de abril, homônimos nem brincadeira de programa de tv. Era show com hora e data marcadas, ingresso pago e divulgação. Ainda com o jornal nas mãos liguei para uma amiga e contei a novidade em tom de galhofa, apenas pra animar o domingo. Ela me repreendeu dizendo que eu estava sendo muito cruel, que eles poderiam ter o mesmo passado rocker que eu tive e que antes de conceber minha sentença definitiva deveria dar um pouco de crédito aos músicos baianos, o que me fez, glup, abaixar a cabeça e escantear o preconceito. Mas ao imaginar Durval Lelys, com a aba do boné virada para trás no melhor estilo Sérgio Mallandro, tentando cantar um clássico do calibre de “Wish You Were Here” com direito a “quero ver as mãozinhas galera” um riso sórdido inevitavelmente encontra um canto de boca.

quinta-feira, 5 de março de 2009

CADÊ A DALILA, MORAL?

Não sou um misantropo que assiste à vida e à banda passar, mas é quase impossível manter-se indiferente (com dificuldade apenas a pose) ao carnaval. Moro em Salvador praticamente no intitulado “circuito da folia” e se pela tv é um belo espetáculo é porque não há cheiros nem insegurança. Pouco me convence aqueles que dizem que vão para a avenida em busca de bocas ansiosas ou as teorias apaixonadas e antropofágicas do senhor Caetano Veloso. Carnaval para mim não passa de mais um feriado. Durante os festejos ouvi à revelia, e sem reclamar, Ivete Sangalo e sua Dalila incessantemente, e não adianta argumentar que música de carnaval é somente mera diversão no melhor estilo “eu me remexo muito” de Madasgacar - meu bom senso não costuma requebrar. No entanto o carnaval já terminou e continuo ouvindo Dalila por todo lado: de nome de recém-nascido a batismo de virose. Um amigo me disse numa conversa de bar que Dalila era gíria para droga e que “vá buscar Dalila ligeiro” nada mais era do que o sujeito na bruxa mandando alguém fazer um avião. Sei que conversa de bar não se leva pra casa, porém na última semana ao ouvir no ônibus um indivíduo mais do que mal encarado perguntar para outro idem “cadê a dalila, moral?” já não estou bem certo.
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