segunda-feira, 21 de junho de 2021

SOCIAL DISTANCIAMENTO IV

Diários da pandemia ou notas perdidas nas páginas ociosas de uma velha agenda

(Julho, 2020)

Sempre busquei a inquietude, o desassossego. Acostumar-se me parecia uma sentença fatal, era algo a ser evitado. Mas de alguma maneira fomos todos obrigados a nos acostumar com a presença inevitável dessa pandemia. Quando entendi isso, gradativamente todos os sintomas começaram a cessar e aos poucos pude retomar o prazer da leitura, da música, dos filmes... A vida voltava a fazer um pouco de sentido.



(Agosto, 2020)

Curiosamente, na minha infância não havia festas de aniversário, nem minhas nem de amigos. Não consigo lembrar de ter ido a nenhuma (desconheço a existência de registros fotográficos em alguma festinha dos anos de 1980 que possam me contradizer). Em minha casa nunca teve, era apenas mais um dia comum. O que era falta de opção, quando adulto, se tornou opção – e mesmo contrariando o desejo de pessoas queridas, e avesso a surpresas, nunca permiti que algum aniversário meu fosse comemorado. No entanto, hoje tudo o que eu queria era a companhia dos meus amigos, familiares e abraços de parabéns. 


terça-feira, 15 de junho de 2021

NO TOCA-FITAS DO MEU CARRO IV

Porque sou o meu próprio Mariozinho Rocha 

 

Tem dias que a vontade de desistir me afaga; em outros, a persistência prevalece e a noite me convida para dançar ao som do sueco Albin Lee Meldau. E seguimos. 


quarta-feira, 9 de junho de 2021

VIRADA DE PÁGINA III

Papel jornal, couché, off-set, polén, reciclado, kindle ou pdf
 
 
Segundo pesquisas realizadas no Japão, um em cada quatro homens solteiros no país nunca teve relações sexuais – número que só vem aumentando. Esse fenômeno é muito bem exposto no mangá-documentário VIRGEM DEPOIS DOS 30 (Editora Pipoca e Nanquim, 2019). Se o início chega a ser cômico os tipos apresentados, extremamente grotescos, aos poucos o riso fácil vai dando lugar à reflexão. Os sentimentos aos oito homens documentados variam entre a piedade e a indignação, mas jamais à indiferença. Em uma sociedade tão competitiva quanto a japonesa sobreviver sendo uma pessoa abaixo dos padrões estéticos e intelectuais impostos não é tão simples como acreditamos que poderia ser. 
 
 

sexta-feira, 4 de junho de 2021

SOCIAL DISTANCIAMENTO III

Diários da pandemia ou notas perdidas nas páginas ociosas de uma velha agenda

 
 
 

(Maio, 2020)

A dormência e os formigamentos agora têm a companhia de suores, vertigem, palpitações, tremores na face, indigestão, sensação iminente da morte e sufocamento. Em um mês utilizo o plano de saúde mais do que nos últimos vinte anos: cardiologista, neurologista, alergologista, gastroenterologista, urologista, oftalmologista, angiologista, oncologista e mais uma bateria de exames sem resultados anormais. 
 
Stress, depressão, transtorno de ansiedade social, síndrome de Burnout, do pânico, do impostor, fobia social. “Quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito”


(Junho, 2020)

“É São João, e eu aqui tão só”


quarta-feira, 2 de junho de 2021

CONTÉM SPOILER III

Aquele filme que eu te falei
 

Aprendi com um grande músico que não importa que o show tenha sido morno, o final deve ser arrebatador (“pra você e eu e todo mundo cantar junto”). Acredito que o mesmo não se aplica ao cinema, uma boa conclusão jamais substituirá uma jornada “morna”, apenas dará ao espectador a convicção de que realmente tinha tudo para ser melhor. No entanto, quando um bom final encontra um bom filme a experiência é completa. No dinamarquês “Druk – Mais Uma Rodada”, temos um desses momentos. O último frame é perfeito, um voo congelado, sem rumo, um “vamos nos permitir”. E eu que sempre considerei bobagem aplaudir uma sessão de cinema, creio que dessa vez não resistiria.

 

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