quinta-feira, 28 de maio de 2009

“AQUI TUDO PARECE QUE É AINDA CONSTRUÇÃO E JÁ É RUÍNA”


O Palacete Aramaré era a residência dos Viscondes de Aramaré em Santo Amaro da Purificação (BA). Construído pelo italiano Rafael Pillar Baggi, aliado à família Gonçalves Martins pelo casamento com D. Ana Joaquina Martins Baggi, a quem o imóvel foi adquirido em 1859 por 50 contos de réis pelos irmãos Antonio da Costa Pinto e Manuel Lopes da Costa Pinto, futuros Conde de Sergimirim e Visconde de Aramaré, respectivamente, a fim de instalarem suas famílias quando da visita do Imperador Dom Pedro II à Santo Amaro. Em março de 1864 o então ainda Barão de Sergimirim, por ter sua esposa herdado, conforme a tradição, outro sobrado na cidade, vendeu sua parte por 25 contos de réis ao irmão Manuel. O palacete é exemplo do estilo neoclássico no Recôncavo, com um sabor da arquitetura italiana em suas arcadas, sua platibanda e seu terraço lateral.
Todas as lembranças que possuo já são do abandono. A imponência fantasmagórica nas noites na Rua do Imperador após as aulas na Filarmônica Filhos de Apolo.
Na última semana o que ainda restava do palacete tombou, melancolicamente, num dia triste e chuvoso. A evidente falta de interesse das autoridades marcou mais um gol.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

CALVIN E HAROLDO

Ainda não havia percebido, mas já possuo mais revistas e livros em quadrinhos do que discos, filmes e livros em não-quadrinhos (e, acredite, estes tenho bastante). Dos que brigam por espaço na minha estante Calvin talvez seja o que mais consegue me entusiasmar hoje (criado pelo americano Bill Watterson em 1985 e publicado em mais de 2000 jornais pelo mundo, Calvin é um garoto de 6 anos com uma visão muito peculiar do mundo, sempre acompanhado do seu tigre de pelúcia Haroldo – que funciona como uma espécie de parte racional de sua própria personalidade. A última tira foi publicada em 1995 e seu autor não cedeu à pressão dos editores que insistiam em comercializar seu trabalho, algo que ele acreditava que “diminuiria” sua tira, recusando propostas para estampar suas criações em produtos e não permitindo que fosse feita uma versão em desenho animado). As tiras abaixo foram retiradas do livro FELINO SELVAGEM PSICOPATA HOMICIDA – VOLUME 2, uma das raras pechinchas que encontrei na IX Bienal do Livro da Bahia – sugestão direta do amigo/escritor Lima Trindade, outro apaixonado por quadrinhos juntamente com Victor Mascarenhas.

(CLIQUE NAS TIRAS PARA AUMENTAR.
NÃO É ANÚNCIO DE ACOMPANHANTE, MAS NÃO TERÁ DECEPÇÃO)

terça-feira, 12 de maio de 2009

CORRA LOLA, CORRA (1998)


O diretor e roteirista Tom Tykwer conseguiu produzir uma obra pulsante neste cult movie alemão que não cessa de ganhar admiradores. Há quem chame de videoclipe de luxo, mas CORRA LOLA, CORRA é bem mais que isso, e reduzi-lo a mero entretenimento pop é querer desmerecer suas qualidades. Partindo da simples premissa de que Lola, a ótima Franka Potente, tem apenas 20 minutos para salvar seu namorado, que esqueceu no metrô uma sacola com 100.000 marcos de uma quadrilha de contrabandistas, a ação passa a se desenvolver em três possibilidades, inclusive para todos que atravessam o caminho de Lola e sua corrida frenética pelas ruas de Berlim. Um filme curto e muito diferente do que preconceituosamente pode se esperar do cinema europeu, seu findar e recomeçar não cansa o espectador que é abduzido por sua edição vertiginosa, incluindo uma antológica seqüência em animação. Três diferentes finais - é só escolher um.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

COMO JÁ DIZIA FRANCISCO CARVALHO

 A poesia hoje é uma arte pouco valorizada, depreciada e desgastada. Está em extinção o verso perfeito, o verso sincero. O que há são apenas arremedos, ajuntamento de palavras e ajuntadores profissionais – que deveriam respeitar a poesia antes de saírem por aí autoproclamando-se poetas (a poesia não é a escolhida, como uma amante exigente é ela quem escolhe). Não gosto quando me chamam de poeta, além de não me sentir confortável sempre acho que é um elogio maledicente, se possível corrijo a alcunha – não quero ser colocado no mesmo balaio. Também nunca recito, faço apenas raras leituras. Reler publicamente o que escrevi é deveras doloroso, é sangue que somente eu vejo jorrar e que demora dias para estancar. Recitar virou um circo, é uma mise en scène afetada e constrangedora; cheia de caras, bocas e espalhafatos. “Grupos poéticos” com números orquestrados, figurinos e cenários transformam poemas em teatro amador, e ainda costumam cobrar couvert em eventos. Isso não torna a poesia popular, a torna caricata. Como diria o poeta (este sim) Francisco Carvalho: “a poesia não é um jogo irresponsável para divertimento de desocupados”.
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