quinta-feira, 26 de maio de 2022

CONTÉM SPOILER XVII

Aquele filme que eu te falei

Pretendia elencar meus filmes preferidos baseados na obra de Stephen King (para a felicidade de admiradores e detratores), mas fatalmente cairia na tríade O Iluminado, Carrie e Conta Comigo no topo – e fazer uma lista diferentona exclusivamente para ser o diferente é muito juvenil para os meus cabelos brancos. No entanto, consigo afirmar que o controverso O NEVOEIRO (2007) estaria nessa listagem. Inspirado em um conto do autor, que imaginava a trama como se fosse um sci-fi B dos anos 50/60, seguimos pai e filho em uma ida ao supermercado para adquirir suprimentos após uma noite tempestuosa, porém são surpreendidos por uma estranha névoa e terminam isolados no estabelecimento na companhia de outras pessoas. Mais simples, impossível. Dirigido pelo francês Frank Darabont, que já havia adaptado com sucesso dois dramas de King, À Espera de um Milagre e Um Sonho de Liberdade, envereda aqui pelo gênero característico do escritor. Com elementos lovecraftianos e referência a O Anjo Exterminador e Alfred Hitchcock, principalmente Os Pássaros (por um momento acreditei que a conclusão seria semelhante) nos expõe o que há de pior no ser humano, sem dúvida o verdadeiro monstro da história. Se os efeitos visuais não envelheceram muito bem, seu texto dialoga assustadoramente com os nossos dias: negacionismo, fanatismo religioso, intolerância, ira, egocentrismo, arrogância, vaidade, manipulação... Ao contrário do título irônico da coluna, posso dizer, simplesmente, que o final é um dos mais desoladores e perturbadores do cinema.


terça-feira, 17 de maio de 2022

SOCIAL DISTANCIAMENTO XVIII

Diários da pandemia ou notas perdidas nas páginas ociosas de uma velha agenda

(Maio, 2022)
 
Minha última publicação foi a antologia OUTRO LIVRO NA ESTANTE, contos baseados em canções de Raul Seixas, que organizei em 2015 sob pretexto de alguma efeméride que no momento me escapa. A experiência de atuar como produtor, divulgador, revisor, editor, conciliador e outras funções que não aparecem na ficha técnica foi extremamente cansativa, lidar com a vaidade e a idiossincrasia de uma dúzia de escritores, além daqueles escrevinhadores que mesmo não participando do projeto faziam questão de menosprezar um quinhão, me drenou sobremaneira também, tanto que após o lançamento passei a repetir, até a quem não perguntasse, que havia me aposentado da literatura – o que não deixa de ser verdade, pois desde lá não publiquei mais nada e não tenho interesse. Para produzir a coletânea, tive que violentar minha principal característica, meu epíteto, meu ponto de referência, que é a minha timidez. Em muitas etapas do processo, precisei me sabotar, me anular, para continuar prosseguindo, e isso me custou bastante. Você que leu até aqui pode questionar com merecido desdém: mas alguém te obrigou a fazer? A resposta é não, mas era algo que eu necessitava descobrir. Consequentemente, acabei abandonando o que eu imaginei que se constituiria numa série e abordaria a obra de artistas como Rita Lee, Sérgio Sampaio e Caetano Veloso (para este último já havia inclusive título, seleção de músicas e possíveis autores convidados). Quem sabe uma variante minha tenha persistido.

 

quarta-feira, 11 de maio de 2022

VIRADA DE PÁGINA XV

Papel jornal, couché, off-set, polén, reciclado, kindle ou pdf

Meu Amigo Dahmer” é uma graphic novel autobiográfica do quadrinista Derf Backderf sobre sua amizade/relação com um dos mais conhecidos serial killers da história, Jeffrey Dahmer, durante o ensino médio. Um relato honesto que, ao mesmo tempo que humaniza, não deixa de apontar o tempo inteiro para o que ele se tornaria brevemente, um desconfortável spoiler que nos acompanhará por toda leitura. O que mais impressiona é que todos os sinais já estavam claros, expostos para quem se dispusesse a enxergar, no entanto, talvez por conveniência, eram absolutamente ignorados. Jeffrey não era aquele tipo de psicopata que nenhuma pessoa poderia imaginar no que se transformaria. Era possível imaginar sim, e essa é a maior indignação que nos atinge no decorrer das páginas: por que ninguém fez nada? Chega a lembrar It, de Stephen King, romance de terror em que os adultos não se importam com o que acontece com as crianças, só que aqui não era ficção. "Meu Amigo Dahmer” ganhou uma versão cinematográfica em 2017, intitulada no Brasil “O Despertar de um Assassino”, mas prefira a HQ. 


domingo, 8 de maio de 2022

NO TOCA-FITAS DO MEU CARRO XV

Porque sou o meu próprio Mariozinho Rocha

Dreampop é um gênero derivado do rock alternativo oitentista. Não poderia haver denominação melhor: é como se os anos de 1980 nunca tivessem acabado. 



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