Diários da pandemia ou notas perdidas nas páginas ociosas de uma velha agenda
Minha última publicação foi a antologia OUTRO LIVRO NA ESTANTE, contos baseados em canções de Raul Seixas, que organizei em 2015 sob pretexto de alguma efeméride que no momento me escapa. A experiência de atuar como produtor, divulgador, revisor, editor, conciliador e outras funções que não aparecem na ficha técnica foi extremamente cansativa, lidar com a vaidade e a idiossincrasia de uma dúzia de escritores, além daqueles escrevinhadores que mesmo não participando do projeto faziam questão de menosprezar um quinhão, me drenou sobremaneira também, tanto que após o lançamento passei a repetir, até a quem não perguntasse, que havia me aposentado da literatura – o que não deixa de ser verdade, pois desde lá não publiquei mais nada e não tenho interesse. Para produzir a coletânea, tive que violentar minha principal característica, meu epíteto, meu ponto de referência, que é a minha timidez. Em muitas etapas do processo, precisei me sabotar, me anular, para continuar prosseguindo, e isso me custou bastante. Você que leu até aqui pode questionar com merecido desdém: mas alguém te obrigou a fazer? A resposta é não, mas era algo que eu necessitava descobrir. Consequentemente, acabei abandonando o que eu imaginei que se constituiria numa série e abordaria a obra de artistas como Rita Lee, Sérgio Sampaio e Caetano Veloso (para este último já havia inclusive título, seleção de músicas e possíveis autores convidados). Quem sabe uma variante minha tenha persistido.
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