quinta-feira, 26 de maio de 2022

CONTÉM SPOILER XVII

Aquele filme que eu te falei

Pretendia elencar meus filmes preferidos baseados na obra de Stephen King (para a felicidade de admiradores e detratores), mas fatalmente cairia na tríade O Iluminado, Carrie e Conta Comigo no topo – e fazer uma lista diferentona exclusivamente para ser o diferente é muito juvenil para os meus cabelos brancos. No entanto, consigo afirmar que o controverso O NEVOEIRO (2007) estaria nessa listagem. Inspirado em um conto do autor, que imaginava a trama como se fosse um sci-fi B dos anos 50/60, seguimos pai e filho em uma ida ao supermercado para adquirir suprimentos após uma noite tempestuosa, porém são surpreendidos por uma estranha névoa e terminam isolados no estabelecimento na companhia de outras pessoas. Mais simples, impossível. Dirigido pelo francês Frank Darabont, que já havia adaptado com sucesso dois dramas de King, À Espera de um Milagre e Um Sonho de Liberdade, envereda aqui pelo gênero característico do escritor. Com elementos lovecraftianos e referência a O Anjo Exterminador e Alfred Hitchcock, principalmente Os Pássaros (por um momento acreditei que a conclusão seria semelhante) nos expõe o que há de pior no ser humano, sem dúvida o verdadeiro monstro da história. Se os efeitos visuais não envelheceram muito bem, seu texto dialoga assustadoramente com os nossos dias: negacionismo, fanatismo religioso, intolerância, ira, egocentrismo, arrogância, vaidade, manipulação... Ao contrário do título irônico da coluna, posso dizer, simplesmente, que o final é um dos mais desoladores e perturbadores do cinema.


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