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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

MELHORES FILMES 2022

Alguns vícios são difíceis de abandonar, listas é um deles. Mesmo sabendo da inutilidade de elencar minhas preferências com critérios absolutamente subjetivos eu não consigo deixar de fazer a de melhores filmes da temporada, a única regra é ter sido lançado comercialmente no país – por isso minhas listas têm cara e cheiro de ano passado. Em 2022 assisti a cento e cinquenta trabalhos, uma quantidade bem maior do que a dos últimos anos (aos poucos vou retomando o hábito de frequentar sessões pós-pandemia). “Top Gun: Maverick” e “Avatar: O Caminho da Água” foram boas experiências na sala de cinema, mas não suficiente para figurarem na minha listagem, talvez eu esteja ficando cada vez menos mainstream.


Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo
Drive My Car
Titane
A Pior Pessoa do Mundo
Argentina, 1985
Nada de Novo no Front
Pinóquio por Guilermo del Toro
Aftersun
Licorice Pizza
Lamb
Boa Sorte, Leo Grande
Marte Um 


Menções honrosas para “Pig”, “Não! Não Olhe!” e “Emily the Criminal”.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

CONTÉM SPOILER XVII

Aquele filme que eu te falei

Pretendia elencar meus filmes preferidos baseados na obra de Stephen King (para a felicidade de admiradores e detratores), mas fatalmente cairia na tríade O Iluminado, Carrie e Conta Comigo no topo – e fazer uma lista diferentona exclusivamente para ser o diferente é muito juvenil para os meus cabelos brancos. No entanto, consigo afirmar que o controverso O NEVOEIRO (2007) estaria nessa listagem. Inspirado em um conto do autor, que imaginava a trama como se fosse um sci-fi B dos anos 50/60, seguimos pai e filho em uma ida ao supermercado para adquirir suprimentos após uma noite tempestuosa, porém são surpreendidos por uma estranha névoa e terminam isolados no estabelecimento na companhia de outras pessoas. Mais simples, impossível. Dirigido pelo francês Frank Darabont, que já havia adaptado com sucesso dois dramas de King, À Espera de um Milagre e Um Sonho de Liberdade, envereda aqui pelo gênero característico do escritor. Com elementos lovecraftianos e referência a O Anjo Exterminador e Alfred Hitchcock, principalmente Os Pássaros (por um momento acreditei que a conclusão seria semelhante) nos expõe o que há de pior no ser humano, sem dúvida o verdadeiro monstro da história. Se os efeitos visuais não envelheceram muito bem, seu texto dialoga assustadoramente com os nossos dias: negacionismo, fanatismo religioso, intolerância, ira, egocentrismo, arrogância, vaidade, manipulação... Ao contrário do título irônico da coluna, posso dizer, simplesmente, que o final é um dos mais desoladores e perturbadores do cinema.


segunda-feira, 31 de março de 2014

LEIA NO VOLUME MÁXIMO

Questionado pelo parceiro e amigo Milton Primo sobre qual seria a trilha sonora para o meu próximo livro, preferi não citar apenas uma canção e preparei um verdadeiro setlist. Play enquanto o livro não vem.

01) Fuga nº 3 da Rua Nestor – Cícero
02) O Monstro do Armário – Nei Van Soria
03) Filho – Dado Villa-Lobos
04) Circo – Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta
05) Beatle George – Júpiter Apple
06) Taxi – Marcionílio
07) Noite Torta – Ney Matogrosso
08) Runaway – The National
09) Beleza de Ser – Tony Maro
10) Je T'aime Tant – Julie Delpy
11) Traumas – Roberto Carlos
12) Papel de Bandido – Marcelo Nova
13) Velho Pai – Dialética
14) A Volta de Xanduzinha – Jussara Silveira
15) Melhor – Wado
16) Come Share my Life – Legião Urbana

segunda-feira, 11 de março de 2013

PROMESSAS, MEU BEM, PROMESSAS

Ser blogueiro é trotar por uma senda pantanosa (vixe, que raio de frase foi essa?). Blogueiro é um bicho vaidoso, se considera formador de opinião e odeia ser questionado aliás, tem verdadeiro pavor. Ser blogueiro talvez não seja para todos, tem que ter senso de humor, espírito esportivo, não levar a sério o excesso de elogios nem se chatear com as críticas (que podem ser muitas). Sem paciência, alguns radicalizam e excluem o blogue ou bloqueia para comentários ou limita para um círculo restrito de leitores. Cada um na sua, mas prefiro sempre o debate. Com dez anos de blogue fica fácil saber quando determinada postagem será solenemente ignorada ou se tornará uma controvertida polêmica. Afinal, lugar de bom moço é no Feicebuque, no blogue é possível errar, não gostar, se arrepender. No blogue todo assunto é permitido, mas é preciso jogo de cintura para abordar temas espinhosos, algo que às vezes me falta. Então, para evitar aborrecer os poucos que ainda dedicam uma parte do seu tempo para me ler, resolvi tornar pública minha lista de promessas para este ano, mesmo não sendo, nem pretendendo ser, candidato a nada:

(*) Prometo nunca mais propagar meu gosto musical duvidoso, divulgando vídeos e discos de cantores/bandas que todo mundo deveria conhecer;

(*) Prometo que nunca mais postarei nada que ofenda às telenovelas brasileiras ou às séries britânicas/americanas, repetindo meu argumento simplista de que a vida é curta e que dois capítulos/episódios equivalem, em média, à duração de um longa-metragem, e que eu tenho muitos filmes para ver/rever antes do fim;


(*) Prometo não transformar Clarice Lispector em musa da autoajuda;

(*) Prometo nunca mais escrever sobre relacionamentos, não sou nenhum Carpinejar, que acredita que o amor é receita de bolo. Cada casal possui suas peculiaridades e a graça é exatamente essa – querer generalizar é bobeira;

(*) Prometo que não farei nenhuma postagem enlutada quando alguma celebridade desencarnar, mesmo que seja o Roberto Carlos;

(*) Prometo que não direi durante a próxima campanha eleitoral que não voto mais no PT;

(*) Prometo não retrucar mais comentários copy-cola;


(*) Prometo não fazer listas de melhores no final do ano;

(*) Prometo que não emitirei minha desnecessária opinião sobre o assunto do momento;

(*) Prometo nunca mais falar mal do Vasco, do Big Brother, do Carnaval, da Veja, de William Bonner, Adele ou Malafaia;

(*) Prometo que não comentarei nos blogues alheios quando eu detestar a postagem;

(*) Prometo que nunca mais questionarei o Feicebuque;

(*) Prometo não fazer mais promessas;

(*) Não prometo não grafar mais “Feicebuque”.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

007 - TEMA MUSICAL

No ano em que se comemoram os cinquenta anos de lançamento do primeiro filme da franquia James Bond, e todos aproveitaram para citar seu 007 preferido, sua Bond Girl preferida, seu vilão preferido, etc.,  eu não poderia passar incólume, principalmente depois de adquirir, e reassistir, aos filmes da coleção (quem tem mais de trinta anos, fatalmente acompanhou o Festival 007 em alguma Sessão da Tarde), no entanto, a minha lista restringe-se a enumerar as canções, e consequentemente as aberturas, que mais me entusiasmaram:

"We Have All The Time In The World"*
Louis Armstrong
A SERVIÇO SECRETO DE SUA MAJESTADE (1969)

*essa não é a da abertura, mas é a minha faixa preferida

"Live and let die"
Paul McCartney & Wings
VIVA E DEIXE MORRER (1973)




"You know my name"
Chris Cornell
CASSINO ROYALE (2006)



"Nobody does it better"
Carly Simon
O ESPIÃO QUE ME AMAVA (1977)



"Goldfinger"
Shirley Bassey
CONTRA GOLDFINGER (1964)




segunda-feira, 16 de julho de 2012

DAS COISAS QUE EU ODEIO EM BLOGUES

Blogues que são abandonados depois da primeira postagem. Blogues desatualizados há mais de um mês. Blogues que parecem Twitter.  Blogues que utilizam todos os gadgets disponíveis. Blogues que não produzem seu próprio conteúdo. Blogues que mudam o design como quem muda de roupa. Playlist (ser obrigado a escutar Céline Dion ou Michael Bublé é tortura). Quem “confunde” blogue com fotolog. Ponteiros animados. Clicar em um link e abrir várias páginas. Fonte cursiva. Comentários CTRL+C CTRL+V (“teu blog é lindo já tô seguindo me segue também”). Selinhos. Plágio. Postagens que citam Caio Fernando Abreu ou Clarice Lispector com frases que nem são deles. Postagens suicidas (“estou sozinho em meu quarto, ninguém me entende, apenas o Mc Lanche me deixa feliz”). Postagens  informando que “estou sem tempo para postar”.  Nova Língua Portuguesa (“nada haver”, “agente vai amanhã”, “ela mim falou” e “eu desistir de comprar” são exemplos). Abreviações. Letras de verificação. “Continue lendo...”. Spoilers. Listas de “odeio” ou “adoro”.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MAIS LISTAS?

        Questionado por que nunca faço listas de livros ou séries de TV, a resposta não poderia ser mais evidente: não leio livros recém-lançados (os mais recentes que li foram  “Em Alguma Parte Alguma” de Ferreira Gullar e "Só Garotos" de Patti Smith), acho que uma única existência não será suficiente para ler e reler todos os clássicos que desejo. E não acompanho séries de TV, também acredito que não conseguirei ver todos os filmes que pretendo e dois episódios de qualquer série, ou dois capítulos de uma novela, equivalem a um longa-metragem, aproximadamente - além do meu televisor só conhecer noticiário, eventos esportivos e reprises de “Chaves” e “Todo Mundo Odeia o Chris”.
         Tenho outras listas, mas estas, como já disse anteriormente, ainda são impublicáveis.

*Na imagem, John Cusack em “Alta Fidelidade”, 
interpretando o maníaco em listas Rob Gordon. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

MEUS FILMES PREFERIDOS (DOS MEUS CINEASTAS PREFERIDOS)

PEDRO ALMODÓVAR
Havia uma época, não muito distante, que citar Almodóvar era lugar-comum (talvez ainda seja), simbolizava um incontestável nível cultural, era atestado de bom gosto e sofisticação,  mesmo que, em certos casos, não ultrapassasse a superfície  de pessoas que queriam soar “descoladas”, “antenadas”, mas claramente desconheciam a filmografia do pop diretor espanhol. Durante algum tempo, então, legal era afirmar que odiava Almodóvar, feito o Smurf Ranzinza. Para evitar polêmicas, ou não ser confundido com a maioria, preferia não manifestar minha admiração – ficando essa informação restrita a um diminuto grupo de amigos. Agora, provavelmente, entusiasmado com A Pele que Habito, que mesmo não sendo tão bom quanto os filmes listados abaixo, consegue, ao menos, ser o seu trabalho mais interessante em quase dez anos (já que a sua melhor película nesse período pertence a Woody Allen).


MAUS HÁBITOS (Entre Tinieblas, 1983)
Após presenciar a morte do namorado, vitimado por uma overdose de heroína, uma jovem cantora de bolero, Yolanda Bell, busca refúgio no convento das “Redentoras Humilhadas”, onde a madre superiora é sua admiradora. O convento abriga ex-pecadoras que não abandonaram seus maus hábitos: Irmã Perdida (que cuida de “Bebê”, um tigre que vive no jardim), Irmã Víbora, Irmã Sórdida e Irmã Rata de Esgoto (que escreve romances pornôs sob pseudônimo). A madre superiora tenta superar a crise financeira do convento, e sua paixão não correspondida por Yolanda, traficando drogas da Tailândia. Não faltam humor negro e críticas a religião e a sociedade espanhola contemporânea.

QUE FIZ EU PARA MERECER ISTO?  (¿Qué he hecho yo para merecer esto!!, 1984)
Para equilibrar o orçamento familiar, Gloria (Carmen Maura) é obrigada a trabalhar dezoito horas diariamente, se mantendo acordada com o auxílio de anfetaminas. Vivendo em um pequeno apartamento, num conjunto de prédios deteriorados da periferia de Madri, com seu marido infiel apaixonado por uma cantora alemã, a sogra sovina que tem um lagarto de estimação chamado “Dinheiro”, um filho traficante e o caçula homossexual que se prostitui (uma garota de programa, um policial impotente e uma criança paranormal completam o quadro de personagens excêntricos, mas extremamente humanos), ela encontrará apenas desalento, nessa trágica comédia da vida privada. 



A FLOR DO MEU SEGREDO (La Flor de mi secreto, 1995)
Leo Macias é uma romancista frustrada (Marisa Paredes em um dos melhores momentos de sua carreira), que obtém sucesso com romances adocicados, assinados ironicamente com o pseudônimo Amanda Gris. Em crise conjugal, ela se sente incapaz de continuar a produzir o tipo de literatura que sempre fez, passando a beber constantemente. Escapando das comédias absurdas e multicoloridas, Almodóvar inicia aqui o amadurecimento de sua obra, com temas mais sóbrios, tons mais escuros e o ritmo menos frenético. Curiosamente, o romance “Câmara Frigorífica”, citado na película, é uma espécie de protótipo do que seria “Volver”. O filme traz ainda Caetano Veloso interpretando “Tonada de Luna Llena”.



TUDO SOBRE MINHA MÃE (Todo sobre mi madre, 1999)
O maior êxito na carreira de Almodóvar (premiado como melhor diretor em Cannes, além de levar a estatueta do Oscar de melhor filme estrangeiro), narra a trajetória de Manuela (Cecilia Roth), que após doar os órgãos do filho, atropelado no dia do seu aniversário quando tentava ganhar um autógrafo da atriz Huma Rojo (Marisa Paredes), resolve retornar à Barcelona para reencontrar o pai do seu filho. No caminho, se depara com o travesti Agrado e uma jovem freira grávida e soropositiva, Rosa (Penélope Cruz). Repleto de referências, de “Um Bonde Chamado Desejo” a “Bette Davis, esse melodrama, onde a identidade sexual é bastante abordada, é, praticamente, uma unanimidade.



FALE COM ELA (Hable con Ella, 2002)
Benigno Martin (Javier Cámara) é o enfermeiro responsável por Alicia, uma bailarina que entrou em coma após uma acidente de carro. Benigno dispensa a ela excessivos cuidados, falando com Alicia o tempo inteiro, acreditando que ela possa ouvir. Na clínica onde trabalha, ele conhece Marco Zuluaga, um jornalista que acompanha a famosa toureira Lydia Gonzalez, também enferma. Os muitos flashbacks contará a história dessas mulheres.  Almodóvar, que sempre se caracterizou por uma filmografia excessivamente feminina, aqui presta uma especial atenção ao universo masculino. Mais um Oscar, desta vez por roteiro original. Caetano Veloso participa cantando “Cucurrucucu Paloma”  ("Este Caetano me há puesto los pelos de punta").




segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MEUS FILMES PREFERIDOS (DOS MEUS CINEASTAS PREFERIDOS)

Polanski e Sharon Tate  (fotografia de David Bailey)
ROMAN POLANSKI

Filho de poloneses, Roman Polanski nasceu em Paris, em 1933, com o nome de Rajmund Liebling. Pouco antes do holocausto, a sua família, lamentavelmente, resolveu retornar à Polônia - resultando na morte de sua mãe num campo de concentração. Polanski conseguiu evitar a prisão e escapou do Gueto de Cracóvia, vivendo esse período se escondendo em diversos lugares. Com o fim da guerra, concluiu seus estudos na escola de cinema de Lódz, na Polônia. Produziu alguns curtas antes do seu primeiro longa-metragem em 1962,  A Faca na Água, que foi bem recebido pela crítica mundial e o lançou numa bem sucedida carreira internacional.



A FACA NA ÁGUA (Nóz w wodzie, 1962)
Estreia de Polanski, acompanha 24 horas da vida de um entediado casal urbano que quase atropela um jovem numa estrada e acaba oferecendo uma carona para o rapaz, convidando-o a passar o dia velejando, e usando-o em seus jogos. O filme teve grande destaque nos EUA, sendo indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e ganhando uma surpreendente capa da revista Time (curiosamente o Ministério da Cultura da Polônia recusou o filme devido a “falta de compromisso social”, provavelmente por ser um trabalho que não abordava os horrores da guerra). O ambiente claustrofóbico vivido no barco seria retomado em outras obras do diretor.

REPULSA AO SEXO (Repulsion, 1965)
Carol Ledoux (Catherine Deneuve) é uma mulher tímida que trabalha como manicure em um salão de beleza londrino. Sua beleza desperta a atenção dos homens ao seu redor, embora ela seja sexualmente reprimida. Sozinha em casa após a viagem de duas semanas da irmã, Carol entra numa paranóia aterrorizante, com direiro a mãos que surgem da parede, cenas mudas de estupro e um coelho apodrecendo. O passado da protagonista não é desenvolvido, mas a imagem final é sintomática. Primeira parte da suposta “trilogia do apartamento” (que ainda inclui “O Bebê de Rosemary” e “O Inquilino”).


O BEBÊ DE ROSEMARY (Rosemary's Baby, 1968)
Um dos melhores suspense (ou terror) de todos os tempos marca a estreia de Polanski em Hollywood. Rosemary (Mia Farrow) e seu marido (John Cassavetes), um ambicioso e mal sucedido ator, mudam-se para um apartamento em Nova York, onde conhecem um invasivo casal de idosos que mora ao lado. Após Rosemary engravidar em circunstâncias inusitadas, sua gravidez será cercada por excessivos e estranhos cuidados de todos que a cercam, até ela desconfiar que existe algo muito sinistro em tudo isso. Sem assustar gratuitamente, o filme ainda surpreende. 


CHINATOWN (1974)
Jack Nicholson é J.J. Gittes, um detetive particular especializado em casos matrimoniais na Los Angeles dos anos 30. Contratado por uma misteriosa mulher da alta sociedade para investigar o marido dela, ele se vê envolvido numa trama bem mais complexa que mera infidelidade. Gangsteres, corrupção, assassinatos e incesto fazem parte de uma sucessão de reviravoltas,  favorecidas pelo acentuado clima noir, em  um dos melhores roteiros da história do cinema. Recebeu o Globo de Ouro de melhor filme dramático, melhor diretor e melhor ator para Jack Nicholson, além do Oscar de roteiro original.
Roman Polanski faz um divertida (?) participação como “o homem com a faca”. 


O INQUILINO (Le Locataire, 1976)
Terceira e última parte da, suposta, “Trilogia do Apartamento”, é, certamente, o mais injustiçado trabalho do diretor. O próprio Polanski interpreta o kafkiano Trelkovsky (um polonês, funcionário de repartição, que vive em Paris) neste instigante thriller psicológico. Afetado pelo suicídio da desconhecida e ex-locatária do seu apartamento, Trelkovsky passa a vestir as roupas abandonadas e a assumir aos poucos a personalidade dela, acreditando que os hábitos suspeitos dos seus vizinhos, num antigo e estranho edifício residencial, levaram-na à loucura e que agora eles estão fazendo o mesmo consigo. Seria ela a verdadeira “inquilina” em sua cabeça ou ele o “inquilino” na cabeça dela? O desfecho cíclico oferece vários entendimentos. Aqui, o desgastado adjetivo hitchcockiano nunca soa leviano.



Poderiam ter feito parte desta lista:
“Armadilha do Destino (Cul-de-Sac, 1966), A Morte e a Donzela (Death and the Maiden, 1994) 
e O Pianista (Le Pianiste, 2002).

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

PARA QUEM AINDA FREQUENTA VÍDEO LOCADORA

IMAGEM ILA FOX

Atendendo a pedidos, a relação de alguns dos melhores filmes que revi em home video durante o último ano. Sei que a minha opinião sobre o que é “melhor” não vale muita coisa, mas pode servir como dica para quando você estiver perdido na video locadora - ou quando tiver direito àquela “cortesia” e não souber o que escolher:


A FLOR DO MEU SEGREDO (1995)
Pedro Almodóvar

AMNÉSIA (2000)
Christopher Nolan


CONTRA A PAREDE (2004)
Fatim Akin

ED WOOD (1994)
Tim Burton

FELICIDADE (1998)
Todd Solondz

HISTÓRIAS MÍNIMAS (2002)
Carlos Sorín

O GRANDE GOLPE (1956)
Stanley Kubrick

PACTO SINISTRO (1951)
Alfred Hitchcock

SIDEWAYS (2004)
Alexander Payne

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

DIÁRIOS DE CINEMA II


CINEMA 2010: MELHORES FILMES INTERNACIONAIS*

A FITA BRANCA
(Michael Haneke)

O PROFETA
(Jacques Audiard)

PECADO DA CARNE
(Haim Tabakman)

SUBMARINO
(Thomas Vinterberg)

UM DOCE OLHAR
(Semih Kaplanoglu)

UM HOMEM SÉRIO
(Irmãos Coen)

 
MELHOR ANIMAÇÃO


 
PIOR FILME DO ANO





*FILMES QUE ESTREARAM COMERCIALMENTE
OU FORAM EXIBIDOS EM FESTIVAIS OU LANÇADOS DIRETAMENTE EM HOME VIDEO EM 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DIÁRIOS DE CINEMA

No começo de 2010, resolvi relacionar todos os filmes vistos durante o ano; adicionando datas, locais e impressões causadas (sem formalismos e no calor do momento), além de arrematar a anotação com uma nota que ia de 5 a 10. Até agora, entre cinema e home video, foram 276 filmes (bem menos do que eu gostaria).  Daqueles que estrearam nas salas soteropolitanas poucos obtiveram pontuação máxima, são os que fazem parte da relação abaixo:

CINEMA 2010: MELHORES FILMES NACIONAIS*


(Laís Bodanski)
(Esmir Filho)

(Sergio Bianchi)

(José Padilha)
(Marcelo Gomes e Karim Aïnouz)


PIOR FILME DO ANO

(Fábio Barreto)


*FILMES QUE ESTREARAM COMERCIALMENTE EM 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

WOODY ALLEN: 75 ANOS

 “Só há um tipo de amor que dura, o não correspondido”.
_________________________________

75 anos de Woody Allen 
e minha lista dos seus filmes que mais admiro:

ANNIE HALL (1977)
MANHATTAN (1979)
MEMÓRIAS (1980)
ZELIG (1983)
HANNAH E SUAS IRMÃS (1986)
DESCONSTRUINDO HARRY (1997)
MATCH POINT (2005)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O ESPELHO PARTIDO


          Frequentemente, me identifico com algum personagem cinematográfico, principalmente em filmes de diretores que admiro. Também é comum alguém me dizer que determinado filme é a minha cara – embora ser comparado a Hannibal Lecter (de “O Silêncio dos Inocentes”) ou Tyler Durden (de “Clube da Luta”) não seja exatamente algo lisonjeiro.
          Às vezes, posto no meu perfil a imagem de um desses personagens, dependendo de como eu esteja me sentindo no momento. Recentemente me perguntaram porque eu tinha colocado o assassino psicótico Anton Chigurh (interpretado por Javier Bardem em “Onde os Fracos Não Têm vez”) na foto do meu perfil, respondi apenas que seria melhor nem saber.
          Como de praxe, quis listar os cinco personagens com os quais eu mais me identifico e surpreendentemente não me deparei com nenhum galã ou herói. Inconscientemente, os tipos selecionados eram bem díspares. Concluí, ainda, que seria impossível alguém realmente compreender quem eu sou a partir dessa lista, mas para quem quiser tentar:

1 – Bruno Ricci (Enzo Staiola em “Ladrões de Bicicletas”)
2 – Joe Buck (Jon Voight em “Midnight Cowboy”)
3 – Alvy Singer (Woody Allen em “Annie Hall”)
4 – Travis Bickle (Robert De Niro em “Taxi Driver”)
5 – Carl Fredricksen (o velhinho misantropo de “Up”)

terça-feira, 29 de junho de 2010

O MESTRE DO CINEMA

          De repente, me vi (por acidente ou mero capricho do acaso) numa roda de conversa intelectualoide, com pretensos cineastas, estudantes de cinema, críticos de locadora e figurantes -, onde tentavam aparentar mais do que realmente eram. Antes que eu conseguisse uma desculpa coerente para me retirar, iniciaram uma espécie de brincadeira onde cada um deveria dizer um diretor de cinema que “fez sua cabeça”. Entre diretores eslovenos e israelenses, dos quais nunca ouvi falar, surgiam nomes alternativos de valor, mas relegados ao circuito de arte. Na minha vez, não hesitei nem quis posar de grande entendido, apenas respondi calmamente e sem medo de soar menor: Alfred Hitchcock. Prontamente, alguém menosprezou: “Ah, o mestre do suspense?!”. Não, isso é lugar comum preguiçoso de jornal e revista. Estou falando de Alfred Hitchcock, o mestre do cinema – rechacei como teria feito François Truffaut na Paris dos anos de 1950. Após um desconfortável instante de silêncio, a conversa mudou para Copa do Mundo de Futebol.
          Designar Hitchcock, simplesmente, de “mestre do suspense”, sempre me pareceu diminuir sua real importância. Seu trabalho vai além de estilos e prescinde de alcunhas. Basta assistir aos seus filmes com um olhar mais cuidadoso para apurar que ele era muito mais do que isso. Tenho carinho e admiração enormes por alguns cineastas, mas certamente Hitchcock foi o primeiro a me afetar de maneira definitiva. Evidentemente, a influência dele no cinema feito ao longo dos anos é muito grande, mesmo que neguem. Amiúde, leio ou escuto por aí que tal filme é hitchcockiano (verbete encontrado em alguns dicionários). Mas poucos realmente merecem esse carimbo. A ironia é que mais do que limitá-lo num estilo, ele próprio se tornou um.
          E só pra não perder o hábito, me desafiei a listar meus cinco filmes preferidos de Alfred Hitchcock (tarefa ingrata, complicada e dolorosa). Preferi não utilizar critérios técnicos, apenas afetivos - embora alguns dos títulos escolhidos figurem em várias listas de melhores de todos os tempos. Em ordem cronológica, são:

REBECCA (1940)
A SOMBRA DE UMA DÚVIDA (1943)
INTERLÚDIO (1946)
VERTIGO (1958)
PSICOSE (1960)

Abaixo, uma das cenas mais lembradas da história do cinema. Sete dias de filmagem, setenta posições de câmera e tema musical inquietante para quarenta e cinco segundos inesquecíveis:

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