quarta-feira, 30 de outubro de 2013

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

COVA RASA VIRTUAL

(*) Já me “queixei” que o número de comentários em meu blogue havia diminuído consideravelmente, passando da casa dos sessenta para três ou quatro fiéis gatos pingados (alô Paulo, Tânia, Lu, Cila, Mateus e P@ty), embora o número de visitas só aumente. Culpa do Feicebuque, do Instagram e do Candy Crush? Da urgência dos dias? Da falta do que falar? Não sei. Achava que o meu blogue tinha cansado os leitores, se tornado repetitivo, mas  blogues extremamente populares também recebem cada vez menos comentários, com algumas postagens ficando no zero. Talvez eu faça como o camarada Ediney Santana e bloqueie os comentários ou espere confortavelmente que os blogues voltem à crista da onda. A verdade é que comentar nos rouba algum tempo. Às vezes mais de um minuto.

(*) Maria Sampaio, uma amiga muito querida, nos deixou há alguns anos. Seguia o seu blogue e mesmo após o seu desencarne continuei seguindo. Simbolicamente ela continuaria ali, naquelas postagens, ao alcance da minha saudade, poderia de quando em vez comentar algo, perguntar como andavam as coisas do lado de lá. Mas acontece que o blogger possui regras escrotas (sim, você também clicou em “Eu Aceito” sem ter lido nada). Depois de certo tempo sem acessar o blogue sai do ar e o endereço fica disponível para ser registrado mais uma vez. Num misto de surpresa e revolta recebi na minha lista de leitura as “novas atualizações” do blogue dela. Pois é, o cãozinho de Maria agora tem novo dono. E eu imaginando que após o meu fim o POR QUE VOCÊ FAZ POEMA seria uma espécie de cemitério virtual.

(*) Outro ano e novamente apareceu um engraçadinho dizendo que hoje era o dia em que Marty McFly chegava do passado, e não faltou quem acreditasse. Estou pensando em escrever uma postagem óbvia, comparando aquele futuro aos nossos dias, e programar para ser publicada em 21 de outubro de 2015. Se eu já tiver viajado para o outro lado será uma espécie de presente para quem continuar me seguindo. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

PESADELO KAFKIANO


“Com catorze anos eu entendia o significado dos toques desnecessariamente 
lentos e sensuais, com os olhos fixos nos meus”.

Trecho da polêmica autobiografia de Morrissey, lançada esta semana no Reino Unido. Enquanto nossos valorosos artistas se unem para calar seus possíveis biógrafos, Morrissey não  se esquiva de nada: desentendimentos com membros dos Smiths, homossexualidade, governo britânico, abuso sexual, relação com gravadoras... Ele relata ainda sua infância em Manchester, em particular a escola católica que frequentou, onde os professores eram cruéis e cada dia era um “pesadelo Kafkiano”. Agora é esperar a edição em língua portuguesa ou comprar a original em inglês mesmo.

sábado, 12 de outubro de 2013

QUINTANA


Mário Quintana, criança

já morei em muitas casas
embora
em sonhos
apenas a casa das infâncias me alcance

bem que mário dizia
que não importa que a
                              tenham demolido
e a demoliram em um sábado
desses de cartão-postal
a gente continua morando
                     na velha casa em que nasceu

já morei em muitas casas
embora sonhe apenas
com a casa das infâncias

Herculano Neto

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

EU NÃO ACREDITO NA RAPAZIADA

Hoje, em um momento de mera falta de sorte, me deparei na listagem dos mais populares do YouTube com um vídeo no mínimo infeliz: em efêmeros vinte e quatro segundos, um grupo de jovens dentro de um carro convida um flanelinha para receber o pagamento pelo suposto serviço prestado, eles parecem um pouco assustados, medem com cuidado todas as etapas planejadas. Simulando segurar uma quantidade de moedas, um dos rapazes estende o braço para fora do automóvel, ao se aproximar do flanelinha lhe dá um tapinha na mão, um típico cumprimento entre amigos, logo em seguida o motorista acelera, como se abandonasse a cena de um crime, enquanto todos gargalham satisfeitos. Uma desgastada polaroide do playboy que insiste em viver na farra. Acostumado a essa classe de indivíduos, não me surpreendi. Achei bobo, apenas. Vinte e quatro segundos da minha vida desperdiçados. O que realmente me surpreendeu e incomodou foram os comentários, pérolas sociais do tipo: “sacanagem, agora ele vai descontar arranhando o carro de outro”, “praga das ruas”, “flanelinha tem mesmo que se fuder”, “deveriam ter dado um tiro na cara desse ladrão”, “flanelinha é criminoso, não é trabalhador”, “menos alguns centavos pra comprar droga”, entre outras delicadezas. Não quero discutir a função de quem arregimenta trocados loteando o espaço público, minha tristeza é outra.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

OS INFRINGENTES

Nos bastidores da capital federal o resultado de empate na votação dos embargos infringentes já era dado como certo, tanto que para os réus só bastava convencer Celso de Mello. Inicialmente ele parecia fechado para negociações, irredutível para as ofertas ele não seria tão fácil quanto os outros, mas todo homem tem seu preço, e o Zé sabia disso.

Quando Ana Laura retornava para casa dois carros fecharam seu caminho. Cena de filme. Um grupo de homens de terno e gravata e óculos escuros não tiveram trabalho para leva-la, que calmamente nem ameaçou reagir, algo que ela tinha aprendido no treinamento de segurança recebido por sua família. Do aparelho celular de Ana Laura um dos homens ligou imediatamente para o pai dela: 

 
     
 "Fala, Filha!"  
"Não é ela... mas você já sabe o que tem que ser feito."
  
Do outro lado Celso não aparentava surpresa, como se ele soubesse que isso realmente pudesse acontecer.

Ele preferiu não envolver a polícia no caso, sabia que não ia adiantar, sabia que seria pior, sabia que a polícia fazia parte do esquema. Foi uma semana terrível. Sem notícias da filha e vendo seu nome nos meios de comunicação a todo instante, dando ao seu voto uma importância e um poder além do que ele merecia, esquecendo-se completamente que outros cinco ministros já tinham votado a favor. Após concluir o seu voto, Celso se trancou no banheiro e chorou em silêncio. Libertada em uma rua deserta de uma cidade satélite, Ana Laura chorava. Desolados, alguns brasileiros ainda tentavam chorar, mas não conseguiam.

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