Aquele filme que eu te falei
Queria iniciar o texto qualificando as mães de Almodóvar, um adjetivo apenas, algo que pudesse sintetizar esse universo tão explorado pelo cineasta em sua obra (cativantes, exageradas, dramáticas, trágicas, passionais, divertidas, corajosas, fortes, inquietantes, arrebatadoras, coloridas), são muitas as possibilidades, mas nenhuma satisfatória. Um termo que convidasse o leitor a seguir naturalmente pela crônica até ao seu final, uma palavra que fosse retomada na conclusão criando uma espécie de efeito estético, cíclico – um truque barato e que ainda funciona. Mas não encontrei. Em “MADRES PARALELAS” ele nos apresenta a várias: desde a mãe que deixa a filha para cuidar da carreira como atriz às mães que criaram sozinhas os seus filhos após os maridos serem assassinados covardemente durante a guerra civil espanhola. E no meio de tudo isso uma Penélope Cruz, mais madura em seu ofício, alinhavando esse misto de melodrama (no melhor sentido) com manifesto político. Inteiras. Acho que encontrei a palavra que eu precisava.