Não condeno quem decide não ter filhos, muito menos que isso seja um ato egoísta ou que vá contra algum mandamento divino. Na verdade, considero um posicionamento corajoso, nobre. Colocar uma criança, deliberadamente, nesse mundo está muito mais próximo da maldade do que do amor. Que se dane o que espera a sociedade e a família de um casal, roteirizando a vida a dois num final de novela das seis. Romantizar a maternidade/paternidade é um engano, como se procriar fosse trivial como brincar de casa de bonecas. O Google me informa que foi o escritor Coelho Neto quem disse que “ser mãe é padecer no paraíso”. A frase, extremamente repetida e parodiada, costuma ser enfatizada nesse tal “paraíso”, morada celestial e inalcançável, com pouco destaque para o “padecer”. Em “A Filha Perdida” (The Lost Daughter, 2021), Leda, interpretada esplendidamente pela britânica Olivia Colman, ao ser questionada como foi ter abandonado as duas filhas pequenas, simplesmente revela: maravilhoso – em um misto de dor e alegria. Um conflito sincero e carente de julgamentos, em uma das melhores atuações dos últimos anos, seguramente. Por mais incômoda que possa parecer, sua resposta não poderia ser mais honesta.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
CONTÉM SPOILER XIII
Aquele filme que eu te falei
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