Já faz algum tempo que desisti da tv, não foi uma decisão taxativa, aconteceu gradativamente. Hoje só me permito os jogos da quarta-feira à noite e o telejornal local, há dias que nem a ligo, fica ali morta na sala acumulando poeira e silêncio, a servir de pedestal para o troféu de terceiro colocado do II Torneio de Futebol de Mesa de Santo Amaro – 1996, num canto que quase não incomoda o tráfego, juntamente com velhos quadros, lembranças de viagens e capas de LP’s – que vira e mexe recebem observações sem muito valor das visitas. Ao saber por acaso, escutando uma conversa que não me pertencia, que a rede globo produziria um especial de final de ano baseado no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, resolvi arriscar - o que eu poderia perder? Afinal, esse é o único, até agora, livro que li mais de duas vezes (descontando, inclusive, a obrigatoriedade da 8ª série). Após a exibição do primeiro capítulo, mesmo não nutrindo muitas expectativas, não me decepcionei, confesso – apesar do clima excessivamente teatral que parece querer exorcizar da televisão brasileira alguma culpa. Pretensamente emulando a idéia da diretora Sofia Coppola em MARIA ANTONIETA (2006), onde enchia de referências contemporâneas uma personagem histórica, a adaptação me ganhou, não apenas por isso, principalmente pela fidelidade ao delicioso texto original embalado por uma trilha pop. Mesmo assim pouco mudou: o título da obra para Capitu, que muitos entendem ser bem mais apropriado; a re-organização dos micro-capítulos para uma melhor narrativa televisiva e uma coisinha aqui e outra ali – nada demais. Os puristas devem franzir a testa e fazer saltar aos olhos aquela veia de descontentamento, os noveleiros mudarão de canal sem muita paciência e irão dizer na repartição ou no ponto de ônibus no dia seguinte que odiaram, talvez chato seja o adjetivo mais utilizado. Já eu descobri com a série que preciso de um lugar para esconder minhas velharias, como o troféu do II Torneio de Futebol de Mesa, para não servirem de papo furado aos que me visitam de quando em vez.
Olá álvaro, também gostei da micro serie, principalmente as metáforas visuais ( em tempo: a linda Letícia riscando o chão com um giz e Dom seguindo a bela, muito lindo) e gostei do seu blog, cada vez melhor. Parabéns e até breve.
ResponderExcluirO que mais encantou na série foi a trilha sonora do Beirut. Elephant Gun tornou-se a feliz escolha que tornou mágica cenas como a do giz. Simplesmente primoroso.
ResponderExcluirAliás, um salve à banda que conta com uma lista de músicas fantásticas a exemplo de Nantes, In the mausoleum etc.
Salve Álvaro.
As séries e mini séries da Globo me roubam atenção. São bem melhores que as novelas e os atores costumam ser os melhores, ao meu ver é claro.
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