Nunca penso no próximo texto a ser postado. Para mim o mais recente sempre será o último. Imagino que permanecerá como uma espécie de despedida, um testamento. Os curiosos visitarão o blogue atrás de alguma mensagem subliminar, um mistério a ser desvendado. Fatalmente, encontrarão sentidos ocultos e farão dessas palavras meu epitáfio on-line, o último suspiro antes da extrema-unção. O que será que ele quis dizer? Será que já estava doente? Que fazia ideia do que aconteceria quando atravessasse a Avenida Manoel Dias às 16h de segunda-feira? Que sabia do "calibre do perigo"? Que não acordaria daquele sonho recorrente? Analisarão a imagem e o título inúmeras vezes em busca de alguém escondido nas sombras, um acrônimo ou palíndromo que a falta de paciência arqueológica não conseguiu decifrar. E se este for realmente o último? Ficará para a posteridade como um bilhete suicida? Uma premonição? Algum amigo músico enxergará versos nessas linhas e criará uma melodia triste, um réquiem? Talvez dê tempo de tocar durante a cerimônia de cremação.
Eu tenho o hábito de buscar a "última fala" nas redes sociais. E penso que, sim, amigos/seguidores farão o mesmo comigo... Mas não gerencio minha escrita pesando nisso (tão rara ultimamente). Então, dirão, talvez, "ela andava tão silenciosa por aqui".
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Ou um tango argentino. Mas não deixa de ser intrigante para quem vê o perfil do autor no pretérito imperfeito. Estaria eu comentando em teleconferência com uma pessoa do além?
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