Resolvi reassistir à novela VAMP, do remoto ano de 1991 (época em que eu havia recém-adentrado na adolescência e o mundo parecia ser um lugar menos hostil). Quem sabe eu só quisesse sentir o sabor da sopa da minha mãe novamente, o pão da padaria de Seu Vadu; ouvir a urgência dos amigos que me chamavam para escarafunchar as ruas do bairro em busca de diversão. A vida como se não houvesse amanhã, mesmo que o amanhã me reservasse prova de geografia no Polivalente. No entanto, algo passou a me incomodar já nos primeiros minutos. Poderia dizer que era a ausência de atores pretos no elenco (ironicamente a personagem mais “escurinha” se chama Branca) ou que após o “estamos apresentando” aguardei pelos intervalos comercias que não vieram, apenas um imediato “voltamos a apresentar”. Mas não era nada disso. Apesar do apelo da trilha sonora essa viagem nostálgica rumo ao início dos anos 90 na Baía dos Anjos, digo, Santo Amaro da Purificação não se concretizou e acabei desembarcando durante o terceiro capítulo. Talvez porque não existisse mais a sopa com pão na hora do jantar, meus velhos e saudosos amigos, a minha mãe.
 

 
Herculano, seu texto me tocou profundamente
ResponderExcluirEle começa com a novela, mas logo me fez sentir a nostalgia da infância, daqueles pequenos momentos que pareciam eternos: a sopa da mãe, o pão da padaria, os amigos chamando para brincar.
O que mais me marcou foi o choque entre a lembrança e a realidade presente. Aquela sensação de que não podemos reviver exatamente o que foi, e que mesmo assim, a memória nos aquece e nos entristece ao mesmo tempo. É um texto curto, mas cheio de sensibilidade e delicadeza.
Abraço
Fernanda