(*) Alguns
modismos, realmente, me incomodam. Ultimamente a mania de aplaudirem
qualquer coisa tem me tirado do sério. Parece que estamos em um programa
de auditório e temos que bater palmas toda vez que a placa de APLAUSOS
acende para a claque. Durante a sessão de cinema, o pôr-do-sol e o pouso
do avião são os momentos favoritos. Estou me sentindo na obrigação de
aplaudir o taxista, o cabeleireiro e o porteiro do meu prédio, logo eu
que não tenho paciência nem para mover uma mão contra a outra no
“parabéns pra você”.
(*) Diante do encantamento que um arco-iris ainda consegue provocar, alguém não satisfeito com a condição de ser, simplesmente, plateia da natureza, não perde tempo e saca sua arma telefônica e se fotografa tendo o fenômeno meteorológico ao fundo, um papel de parede de luxo. Há quem prefira parar na estrada, aumentando o congestionamento, para se fotografar à frente de um acidente, como se fosse um casal de namorados diante da Torre Eiffel, não basta dizer que viu, tem que mostrar que estava lá. O pior é que não falta quem curta, e compartilhe.
(*) Da série, as frases que odeio com toda a força da minha alma:
“É muito fácil, até você consegue”.
(*) Diante do encantamento que um arco-iris ainda consegue provocar, alguém não satisfeito com a condição de ser, simplesmente, plateia da natureza, não perde tempo e saca sua arma telefônica e se fotografa tendo o fenômeno meteorológico ao fundo, um papel de parede de luxo. Há quem prefira parar na estrada, aumentando o congestionamento, para se fotografar à frente de um acidente, como se fosse um casal de namorados diante da Torre Eiffel, não basta dizer que viu, tem que mostrar que estava lá. O pior é que não falta quem curta, e compartilhe.
(*) Da série, as frases que odeio com toda a força da minha alma:
“É muito fácil, até você consegue”.
Sobre o pouso do avião, aconteceu-me uma situação que depois pareceu-me até engraçada (depois). Assim que o avião pousou, começaram todos a aplaudir, só que tinha pousado demasiado perto da torre e por isso teve de frear com muito força, enquanto os aplausos iam parando com o pânico dos que antes aplaudiam...(e felizmente conseguiu imobilizar o avião antes de tocar na torre).
ResponderExcluirAcho que após os aplausos
Excluireu precisaria de um desfibrilador.
Infelizmente é o egísmo humano entrando em destaque e a necessidade de se estar sempre em evidencia , mesmo que seja em desgraça.
ResponderExcluirO lado inútil do ser humano está se despontando infelizmente nas piores ações imaginaveis.
Com a criação de páginas interativas e a facilidade de estar enviando as tais fotos simultaneamente para várias pessoas, essas atitudes estão fazendo com que a sensibilidade e o lado humano nem apareça, é como se fossem todos plantas carnívoras.
Deixo abraço fraternal e desejando uma excelente semana.
Nicinha
Gosto dessa interatividade visual,
Excluirmas gosto de limites também.
O importante é aparecer. O que vai mostrar é o de menos.
ResponderExcluirBoa semana
São os novos tempos meu caro, são os novos tempos.
ResponderExcluirAs redes sociais e os BBBs fizeram isso.
E essa frase é terrivel:
qualquer um pode até voce, quanto incentivo, lembrei do meu pai militar nos anos 70.
Um pouco de "incentivo"
Excluirnunca é demais.
Essa frase é quase um incentivo para a pessoa pular de um prédio não é mesmo?
ExcluirE por que não aplaudir o táxi?
ResponderExcluirA cabeleireira?
O verdureiro?
O gari?
Cada um com seu espetáculo.
Palmas!!!! muitas palmas!!!!
Beijos!
Algumas profissões, realmente, são
Excluirdignas de aplausos - e narração do Galvão Bueno.
Fotografar é uma arte que vem da alma, mas como tudo que é bom demais nessa vida, se populariza. Todo mundo tem uma camera hoje em dia, criaturas sem o mínimo conhecimento de como usar as imagens como espelho da própria vida. Saem clicando por ai, o pão com mortadela que comem e o cocõ do cachorro. Me pergunto qual será a próxima vítima do tsunami digital.
ResponderExcluirHá quem pense que para ser poeta
Excluirbasta papel e caneta, e outros
que para ser fotógrafo basta
apertar um botão.
Adorei! Clap, clap, clap! ;)
ResponderExcluirNum simples ato de alguém aplaudir seus feitos, a pessoa torna-se dependente desta 'auto-afirmação vinda dos outros'. Como se suas ações, opiniões e o que quer que seja, só fossem dignas se repercutirem, se forem comentadas por outros. Se alguém discorresse sobre os argumentos expostos. Talvez sejam mesmo necessidade vital. Ou falta dela.
ResponderExcluirA culpa é das "Casas Bahia" que vendem maquinas fotograficas em ate 24 meses...
ResponderExcluirE aplausos para o seu post...
Minha infância/adolescencia
Excluirseria outra se eu tivesse uma Tekpix nos
anos 90.
Tenho certeza que sim... teria feito uma revoluçao em sua vida...
ExcluirFotografar-se diante de um acidente é o fim da picada. Espero que seja só um exagero seu e que a nossa egolatria não tenha chegado a tanto. Quanto aos aplausos, acho irritante a mania de se aplaudir em pé todo e qualquer espetáculo por mais irrelevante que seja. Abraço!
ResponderExcluirKKK..Muito boa sua cronica!Está mesmo dificil hoje em dia com tanta tecnologia.As pessoas tiram a foto do celular,postam nas redes sociais e dizem: estou aqui na estrada vendo esse acidente...ou...estou no restaurante tal...que me importa isso?Agora temos que ficar curtindo cada passo da pessoa?...rss...quero a tecla descurtir tb!...rss...bjs e boa semana!
ResponderExcluirMal aplaudo o parabéns pra você. Ou, se aplaudo, não canto. Não coordeno as duas coisas ao mesmo tempo.
ResponderExcluirAcho que as palmas deviam ser reservadas pra artistas em teatros e eventos musicais. Senão desvaloriza, sabe?! rs
Também me dá uma preguiça tremenda essa mania moderna de ter que fotografar tudo, exibir tudo e curtir e compartilhar tudo, e com filtros do Instagram... Uma preguiça profunda com a força da minha alma.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirrsss. ai, ai, Herculano, gostei, rss. Me lembrei de um dia em que eu estava no cinema com minha filhota, e eu (EU!) acabei aplaudindo o herói junto com o resto da maioria da plateia (crianças, claro...), olhei pra ela e ela estava só olhando a tela, com os olhinhos brilhando de emoção, mas só olhando... Me senti mais infantil que ela. :/
ResponderExcluirEssa de tirar foto em acidente hein, e ainda postar em rede social.... Pasmei!...
É por essas (que você citou) e outras que não tenho paciência para o tal livro de caras, algumas (ou muitas) delas, "de pau".
Palmas para você, hahahaha!
ResponderExcluirÉ só juntar as mãos, vá lá, é fácil... até você consegue...
Um abraço!
Dizem que os aplusos, na sua origem, eram para evocar os espíritos da arte. Depois viraram isso. Às vezes o faço espontânea e efusivamente; outras vezes, não vejo sentido. Enfim...
ResponderExcluirAbraços, Herculano. E aplausos! :-)
Acho que uma das maiores marcas contemporâneas é a necessidade da exposição. Não basta mais viver, é preciso mostrar o que é vivido. Gostei muito de tua crônica. Bjs
ResponderExcluir"Os antigos não queriam um estilo mais ou menos sutil e incisivo e sim uma linguagem rica, plena, naturalmente vigorosa. Tudo o que dizem é epigrama, e não vem este apenas na cauda, mas também na cabeça, no estômago e nos pés; nada é artificial ou forçado, tudo se desenvolve dentro de uma unidade, 'todo o discurso é másculo e sem floreios inúteis'. Não é uma eloquência efeminada em que nada choca; é nervosa, sólida, antes satisfaz e entusiasma do que agrada e encanta os espíritos mais fortes. Quando vejo essa maneira ousada, tão viva e profunda de se exprimir, não considero o que escrevem 'bem escrito', mas sim 'bem pensado'".
ResponderExcluirLi isso em Montaigne e na hora pensei em você...
ei, onde eu assino embaixo??? kkk
ResponderExcluirGostei da série...rsrs.
ResponderExcluirCada dia que passa, mais superficial se tornam as pessoas e mais desmemoriadas também.
Beijos.
Também me encanto perante a beleza de um arco-íris...
ResponderExcluirGostei... só não aplaudo, porque estou com preguiça :)
Beijinho Herculano
Que texto incrível! Intenso em casa palavra, parabéns!
ResponderExcluirBeijos da Érr#
http://viceveersa.blogspot.com.br
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Olha, eu até encontro algumas pessoas que mesmo não tendo máquinas fotográficas profissionais nem tendo feito curso conseguem registrar belíssimos momentos e fazer grandes fotos graças à uma extrema sensibilidade e talento.
ResponderExcluirE claro que registrar um acidente como se fosse uma atração turística é preocupante. Digno do filme "Crash" de David Cronenberg. Já viu? Recomendo este e todos os filmes dele.
Gostei do "arma telefônica"! muito bom! Mas infelizmente os meios de comunicação sempre foram utilizados como armas. Antes fossem somente usados para documentar e propagar nossas rotinas do dia a dia para que os amigos vissem.
Linda crônica Herculano.
ResponderExcluirCulpa da mídia dos BBBs, da internet das revistas?
Um lindo dia.
bjs
Meu querido Herculano, embora não comente necessariamente teus posts, sempre os leio...comecei rindo ao ler este post, daí lembrei que tenho uma sobrinha de um ano e meio, e ela tá numa fase que faz qualquer coisas e aplude e pede aplauso, claro que não resisto e caio no aplauso...mas entendo tua colocação, eu acho...lembro também que no tempo de escola, aplauíamos para calar um discurso chato por exemplo (nossa, voltei fundo no tempo)...sempre bom te ler...
ResponderExcluirps. Meu carinho meu respeito meu abraço
Essa frase é mesmo de amargar...
ResponderExcluirnossa essa frase “É muito fácil, até você consegue”.
ResponderExcluire de matar, da vontade de dar uma voadora na pessoa
http://floresdemarshmallow.tk/
a foto tá ótima, rsrs. quanto ao "aplauso"... clap, clap, clap, clap, clap. rsrsrsrsrs...
ResponderExcluirMe identifiquei muito. Uma vez aconteceu um acidente num prédio no Centro da Cidade, não lembro se pegou fogo ou se desabou, enfim. Conversando com um amigo, ele me disse que tinha ido com o avô dele passear de carro por lá só pra ver o que tinha acontecido. O tânsito estava um caos e tenho crteza que ele não era o único turista da desgraça alheia. Como lidar?
ResponderExcluirBeijos, Cat.
www.doceilusao.com/