No dia 13 de julho de 1985 acontecia o Live Aid, um show simultâneo em diversas cidades do planeta, com o objetivo de arrecadar fundos contra a fome na Etiópia e com a presença de artistas como The Who, Dire Straits, Queen, David Bowie, BB King, U2, Paul McCartney, Phil Collins, entre outros – desde então, 13 de julho passou a ser conhecido como o Dia Mundial do Rock. Para lembrar essa efeméride, segue a performance de Raul Seixas no Festival Phono 73 (provavelmente sua melhor apresentação ao vivo), com as canções “Let me sing, let me sing” e “Loteria de Babilônia”. Realizado no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, de 11 a 13 de Maio de 1973, o festival era uma estratégia de marketing que pretendia demonstrar ao governo militar que a gravadora Phillips/Phonogram (Universal), não era um reduto de comunistas, no entanto o evento ganhou um forte viés político, principalmente quando Chico Buarque e Gilberto Gil tiveram o som dos seus microfones desligados pela polícia durante a exibição de "Cálice". O festival ainda contou com Elis Regina, Gal Costa, MPB4, Caetano Veloso, Wilson Simonal e Jorge Ben.
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sexta-feira, 13 de julho de 2012
terça-feira, 17 de abril de 2012
PODERIAM SER CRÔNICAS, MAS SÃO APENAS NOTAS II
(*) Todo mundo tem sua caixa de e-mail infestada com dezenas de mensagens desnecessárias, cotidianamente (às vezes a mesma mensagem mais de uma vez, já que algumas pessoas acham interessante e insistem em repassar). Depois de ter recebido cinco vezes o e-mail que afirmava que o verdadeiro Titanic não afundou, deparei com um em que dizia que o ra-tim-bum, cantado em aniversários, era um termo utilizado em rituais satânicos, que serve para amaldiçoar aquele que tem o seu nome proferido na sequência. Na dúvida, e como nunca gostei de parabéns, prefiro não arriscar e continuar fugindo daquela festa surpresa. Las brujas no existen, pero que las hay las hay.
(*) Inspirado pelo verso “ao som do último blues na Rádio Cabeça”, David Byrne, entusiasta da música brasileira, compôs “Radio Head” faixa do álbum “True Stories”, do Talking Heads. Thom York, na urgência de conseguir um nome para batizar uma promissora banda de indie rock em Londres, não hesitou ao utilizar o nome da canção. Muita gente que conheço tem pensado duas vezes antes de criticar Chico Buarque.
(*) Quando Dado e Bonfá anunciaram o fim da Legião Urbana e lançaram o disco “Uma Outra Estação”, em 1997, pensava-se que este seria um digno desfecho para uma das melhores bandas do rock brasileiro. No entanto, o que aconteceu depois foram coletâneas, tributos e discos ao vivo sem sentido algum de existir, além do financeiro. Agora, depois de ter maltratado “Será” e “Tempo Perdido” (em VIPS e O Homem do Futuro, respectivamente), Wagner Moura assumirá oficialmente os vocais da Legião Urbana em um especial da MTV, para a tristeza de muitos. Enquanto isso, as faixas que sobraram do que seria o álbum Mitologia & Intuição em 1986 e as canções em inglês do disco V, 1991, repousam em silêncio, provavelmente aguardando o momento em que as vendas comecem a baixar.
(*) Sei que a publicidade tem suas próprias regras, e que nem sempre o publicitário realiza o anúncio que pretendia, devendo seguir pesquisas e tendências de mercado. No entanto, quando estou assistindo à TV, e encontro Luciano Huck, Fausto Silva ou Ivete Sangalo de garotos propaganda, antes mesmo de procurar o controle remoto, a primeira coisa que passa por minha cabeça é não comprar, mesmo que seja a última Coca-Cola do deserto.
(*) Meu livro
de contos, ainda este ano.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
A MISTERIOSA MULHER SEM ORIFÍCIO
Cinco anos após seu último disco, Chico Buarque, enfim, lançou seu mais recente trabalho, intitulado simplesmente “CHICO”, antecipado por uma bem sucedida estratégia anti-pirataria promovida pela gravadora Biscoito Fino, que colocou o disco em pré-venda no site do cantor há mais de um mês - e conseguindo apenas no primeiro dia quase duas mil aquisições, o que levou o site a ficar fora do ar. Essa gravadora, inclusive, não costuma permitir que o seu material seja disponibilizado na internet, frequentemente vídeos são bloqueados e arquivos para download são removidos (uma canção minha, DEU SAUDADE, que faz parte do seu catálogo, foi retirada deste blog três vezes - nesse momento nem sei se ainda está postada).
Deixando o disco em segundo plano, o que a imprensa, dita especializada, mais se apegou ultimamente foi o seu romance com a cantora Thaís Gulin e um verso da canção “Querido Diário”, que a versão digital da revista Veja considerou o pior da MPB no século XXI: “Amar uma mulher sem orifício”. Assim mesmo, no singular. É possível que a sonoridade e o significado da palavra “orifício” causem um desconforto, mas descontextualizado até Fernando Pessoa parece estranho (bom, Fernando Pessoa não). A letra da canção é um simples conjunto de notas cotidianas sem muita profundidade, tal qual acontecimentos dispersos nas páginas de um diário, sobre o trânsito, um cachorro de rua ou um encontro casual com amigos (“Hoje topei com alguns conhecidos meus/ Me dão bom-dia, cheios de carinho”). O polêmico verso aparece pouco depois: “Hoje pensei em ter religião/ De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício/ Por uma estátua ter adoração/ Amar uma mulher sem orifício”.
Há quem diga que o “genial” Chico Buarque tenha ficado para trás e que o epíteto de “melhor letrista da música brasileira” já não lhe caiba tão bem. Comparações com outros contemporâneos em atividade, como Gilberto Gil e Caetano Veloso, são quase inevitáveis, este tenta manter o frescor da sua obra e nunca teve problemas com nenhum tipo de orifício, vide o verso “A tua presença/ entra pelos sete buracos da minha cabeça”.
Amar uma mulher sem orifício não sugere muitas possibilidades, provavelmente não passa de um amor platônico, um amor sem sexo ou um amor que exista além do sexo - ou trata-se mesmo da imagem de uma santa. Orifício é uma passagem estreita, um pequeno furo. O uso do substantivo no singular serve para enfatizar a ideia de único caminho, única oportunidade - que não há. Uma mulher sem orifício talvez seja, simplesmente, um desejo inalcançável. Certamente, havia outras maneiras de dizer a mesma coisa, ou rimar sacrifício com artifício, início, desperdício ou fictício - cada poeta com suas palavras -, contudo, dificilmente provocaria o mesmo estranhamento.
De repente, para um homem de 67 anos, o amor sem sexo, um amor platônico ou amar uma estátua seja realmente isso: um estranhamento.
Deixando o disco em segundo plano, o que a imprensa, dita especializada, mais se apegou ultimamente foi o seu romance com a cantora Thaís Gulin e um verso da canção “Querido Diário”, que a versão digital da revista Veja considerou o pior da MPB no século XXI: “Amar uma mulher sem orifício”. Assim mesmo, no singular. É possível que a sonoridade e o significado da palavra “orifício” causem um desconforto, mas descontextualizado até Fernando Pessoa parece estranho (bom, Fernando Pessoa não). A letra da canção é um simples conjunto de notas cotidianas sem muita profundidade, tal qual acontecimentos dispersos nas páginas de um diário, sobre o trânsito, um cachorro de rua ou um encontro casual com amigos (“Hoje topei com alguns conhecidos meus/ Me dão bom-dia, cheios de carinho”). O polêmico verso aparece pouco depois: “Hoje pensei em ter religião/ De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício/ Por uma estátua ter adoração/ Amar uma mulher sem orifício”.
Há quem diga que o “genial” Chico Buarque tenha ficado para trás e que o epíteto de “melhor letrista da música brasileira” já não lhe caiba tão bem. Comparações com outros contemporâneos em atividade, como Gilberto Gil e Caetano Veloso, são quase inevitáveis, este tenta manter o frescor da sua obra e nunca teve problemas com nenhum tipo de orifício, vide o verso “A tua presença/ entra pelos sete buracos da minha cabeça”.
Amar uma mulher sem orifício não sugere muitas possibilidades, provavelmente não passa de um amor platônico, um amor sem sexo ou um amor que exista além do sexo - ou trata-se mesmo da imagem de uma santa. Orifício é uma passagem estreita, um pequeno furo. O uso do substantivo no singular serve para enfatizar a ideia de único caminho, única oportunidade - que não há. Uma mulher sem orifício talvez seja, simplesmente, um desejo inalcançável. Certamente, havia outras maneiras de dizer a mesma coisa, ou rimar sacrifício com artifício, início, desperdício ou fictício - cada poeta com suas palavras -, contudo, dificilmente provocaria o mesmo estranhamento.
De repente, para um homem de 67 anos, o amor sem sexo, um amor platônico ou amar uma estátua seja realmente isso: um estranhamento.
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