
terça-feira, 30 de setembro de 2008
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
terça-feira, 26 de agosto de 2008
YVAN ARGOLO
Yvan Argolo (1947) é certamente um dos principais escritores baianos em atividade. Com onze romances publicados, mais dois volumes de contos, ele apresenta em suas páginas personagens que trafegam numa tênue linha separando a verdade da ficção - não se desequilibrando jamais. Freqüentemente citado por alguns críticos como um injustiçado, por não freqüentar os espaços ocupados por prefaciadores profissionais, parece não se incomodar com isso e continua heroicamente editando seus livros independentemente, sem o apoio de governos ou o alicerce de editoras (com exceção de “Frontal”, 1997, editado pelo Selo Letras da Bahia). Com tiragem limitada, os exemplares de seus livros desaparecem avidamente entre seus admiradores, valendo, sem dúvida, uma busca mais apurada pelos sebos do país.
Santo Amaro (BA), é a matéria prima de suas obras, os eventos e as figuras históricos encontram em sua pena guarida, o passado é visitado sem nostalgia, os tipos, os causos, as vias (sempre detalhadamente narradas, quase mapas) permeiam seu trabalho invadindo conscientemente o imaginário popular santamarense. Talvez, por isso, há quem diga que seus textos não sejam de fácil consumo para quem não está familiarizado com o universo massapezeiro, o que é uma teoria pouco inspirada, pois feito um Gabriel García Márquez do Recôncavo Baiano o autor mantém-se mais cosmopolita e menos bairrista do que possa aparentar à primeira folheada.
Da pesquisa minuciosa de “Ave Cæsar" (1994) ao debut em 1987 com “Confronto”, destacando-se, “Extremis” (1988), “Escarlate” (1989) e “Cédula-Única” (1992). Yvan Argolo vem atravessando as últimas décadas nos premiando com obras generosas em fatos e factóides que são incrivelmente desnudados com a criatividade de quem domina o labor literário, uma leitura que flui rápida e tranqüilamente, mas sem subestimar ou enfadar seu leitor. Seu último trabalho, lançado este ano, o romance “Os Entrega-Listas”, confirma que o médico/escritor continua com a verve afiada e, ainda, sem o merecido reconhecimento.
Santo Amaro (BA), é a matéria prima de suas obras, os eventos e as figuras históricos encontram em sua pena guarida, o passado é visitado sem nostalgia, os tipos, os causos, as vias (sempre detalhadamente narradas, quase mapas) permeiam seu trabalho invadindo conscientemente o imaginário popular santamarense. Talvez, por isso, há quem diga que seus textos não sejam de fácil consumo para quem não está familiarizado com o universo massapezeiro, o que é uma teoria pouco inspirada, pois feito um Gabriel García Márquez do Recôncavo Baiano o autor mantém-se mais cosmopolita e menos bairrista do que possa aparentar à primeira folheada.
Da pesquisa minuciosa de “Ave Cæsar" (1994) ao debut em 1987 com “Confronto”, destacando-se, “Extremis” (1988), “Escarlate” (1989) e “Cédula-Única” (1992). Yvan Argolo vem atravessando as últimas décadas nos premiando com obras generosas em fatos e factóides que são incrivelmente desnudados com a criatividade de quem domina o labor literário, uma leitura que flui rápida e tranqüilamente, mas sem subestimar ou enfadar seu leitor. Seu último trabalho, lançado este ano, o romance “Os Entrega-Listas”, confirma que o médico/escritor continua com a verve afiada e, ainda, sem o merecido reconhecimento.
Herculano Neto
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
sábado, 2 de agosto de 2008
quarta-feira, 23 de julho de 2008

Por Gustavo Felicíssimo
Recebi há poucos dias o livro Cinema, do poeta santamarense Herculano Neto. O livro, recém saído do forno, foi um dos vencedores do Prêmio Braskem de Literatura, promovido pela Fundação Casa de Jorge Amado, edição 2007. Herculano, além de poeta é compositor, cinéfilo e cineclubista, daí o nome dado ao compêndio e seus capítulos: Filmografia; Curta-metragem e Matinês. Poemas também com títulos como “sinopse”, “sala de arte”, “la película”, ao lado de outros como “morangos silvestres” e “ainda lembro” com dedicatória ao cineasta baiano Edgar Navarro e uma epígrafe com uma fala de Taxi Driver, filme dirigido por Martin Scorcese complementam a unidade referente à sua apresentação.
Entendemos que o tema central de Cinema é a fugacidade contemporânea que se nos apresenta, acompanhada de certo ar nostálgico e roupagem moderna, proporcionada por uma linguagem coloquial emergente, própria daquilo que se convencionou denominar pós-modernidade.
A obra é reflexiva e se opõem à constante degradação dos valores humanos da mesma forma como acontece no belíssimo Cinema Paradiso, filme escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore. No livro encontramos o poeta investido de uma angústia semelhante a de Totó, personagem principal da película.
E como só assim haveria de ser, Herculano Neto estabelece em sua lírica uma dialética existencialista e dicotômica, característica que permeia toda obra, muitas vezes descortinando-se logo no título dos poemas, como em versos excluídos.
tenho vocação para o abismo
para o abraço
tenho fixação por detalhes
por olhares
por silêncios
sou irremediavelmente insatisfeito
displicentemente franco
o melhor amigo dos meu amigos
o melhor amante das minhas tristezas
obsessivo
tenho vocação para infelizes
para o abraço
tenho fixação por detalhes
por olhares
por silêncios
sou irremediavelmente insatisfeito
displicentemente franco
o melhor amigo dos meu amigos
o melhor amante das minhas tristezas
obsessivo
tenho vocação para infelizes
Jorge Portugal, ao pronunciar-se sobre a poesia de seu conterrâneo, acentua que “na verdade, a palavra Poeta deveria ser mais preservada e dirigida apenas àqueles que provassem, por léguas de letras e texto invulgar, o merecimento do distintivo. São poucos, portanto, os que assim podem ser considerados. Herculano Neto, com certeza, pertence a esse elenco de raros. A sua palavra comprime tantos mundos que, ao menor gesto compreensivo da sensibilidade, ela "explode" em suas mãos, em seu olhar, em sua consciência.”
E Miguel Carneiro, no prefácio do livro, diz que Herculano “de verve sarcástica, brinca com seu humour noir ridicularizando a caretice da província, fazendo de seus versos testemunhos da contemporaneidade na qual ele trafega com desenvoltura”.Cinema é um livro que vale a pena ler e ter na estante.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
A SCENA MUDA
segunda-feira, 30 de junho de 2008
SANTO AMARO(BA) JUNHO DE 1983
"Eu já tomei mais de dez litros de licor
Pra vê se esqueço o sabor do teu amor
É são João, e eu aqui tão só..."
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FOTO BY MARIA SAMPAIO
http://continhosparacaodormir.blogspot.com/
http://continhosparacaodormir.blogspot.com/
sexta-feira, 13 de junho de 2008
CINEMA
"Cinema, o livro de Herculano Neto, traduz num grande travelling a paisagem do Recôncavo e cercanias, ora em grande planos, ora em planos fechados no rosto de seus inúmeros personagens anônimos. O poeta não tem medo de se expor. De verve sarcástica, brinca com seu humour noir ridicularizando a caretice da província, fazendo de seus versos testemunhos da contemporaneidade na qual ele trafega com desenvoltura."
Miguel Carneiro
CINEMA
Herculano Neto
126 páginas
R$ 10,00
ONDE ENCONTRAR:
LDM - Livraria Multicamp
Rua Direita da Piedade
(71) 21018000
*****
TOM DO SABER
Rio Vermelho
(71) 33345677
*****
GALERIA DO LIVRO
Boulevard 161 - Itaigara
(71) 33530051
*****
ESPAÇO UNIBANCO - CINE GLAUBER ROCHA
Praça Castro Alves
*****
BANCA J.A (Santo Amaro)
Atrás Igreja do Rosário
*****
SEBO DINHO
Santo Amaro
*****
EDITORA LIVRO
****
Fundação Casa de Jorge Amado (Pelourinho)
(71) 33210070
****
OU DIRETAMENTE COM O AUTOR:
sábado, 7 de junho de 2008
CONVITE: PRÊMIO BRASKEM LITERATURA
“CINEMA”
Herculano Neto
“CALENDÁRIO”
Márcia Tude
“CAFEÍNA”
Victor Mascarenhas
Data: 11/06/2008, a partir das 18h
Local: Fundação Casa de Jorge Amado (Pelourinho)
Data: 11/06/2008, a partir das 18h
Local: Fundação Casa de Jorge Amado (Pelourinho)
sábado, 31 de maio de 2008
CIDADE E RIO – ROBERTO MENDES

“Roberto Mendes, certamente um músico fora do comum, extraordinário, apegado e apaixonado pela sua gente, sua terra, sua água tão limpa e única, e tão apodrecida hoje com a desculpa do progresso. Progresso miserável matando seus rios, peixes, mariscos... Progresso de chumbo que corrói o solo bendito de tantos canaviais. Ao inferno todos os perversos que iludiram e iludem a “ cidade e o rio”, donos dos sons e sabores que aqui na música única de Roberto sente-se, respira-se e saboreia-se. Uma foto do Brasil real, não o virtual e inútil. Na nossa cara, entrando pelas narinas, poros e goelas o “auxílio luxuoso” dos mestres (Guinga, Lenine, Alcione, Pedro Luís e Marco Pereira) que aqui vieram confirmar o que digo, penso, choro e com que me delicio. A música ainda pode nos salvar de todo o mau. Bravo e obrigada, Roberto!”
Maria Bethânia
Maria Bethânia
Para o homem do Recôncavo Baiano, o rio não é apenas uma via de ligação. É o caminho por onde continuamente passa sua história. Santo Amaro da Purificação e o Subaé simbolizam essa ligação orgânica, em que a água e o homem, com sua obra e sua alma, seguem juntos o mesmo percurso. Cidade e Rio com seus sons característicos das culturas que por elas navegam. A chula, samba de viola no curso em que a poesia contemporânea de Jorge Portugal, Capinan, Caetano Veloso, Herculano Neto e Nelson Elias se coloca como afluente.
FAIXAS
01 CIDADE E RIO (Roberto Mendes/Jorge Portugal)
02 PURIFICAR O SUBAÉ (Caetano Veloso)
03 MEMÓRIAS DAS ÁGUAS (Roberto Mendes/Jorge Portugal)
04 BEIRA MAR ((Roberto Mendes/Capinan)
05 ESSE SONHO VAI DAR (Roberto Mendes/Jorge Portugal)
06 LINDA MORENA (Roberto Mendes/Nelson Ellias)
07 TIRA ESSA MULHER DA RODA (Roberto Mendes/Capinan)
08 DEU SAUDADE (Roberto Mendes/Herculano Neto)
09 MARAVILHA MARGINAL (Roberto Mendes/Jorge Portugal)
10 POESIA, SAMBA E BAIÃO (Roberto Mendes/Capinan)
11 DEMANDA (Roberto Mendes/Capinan)
12 BOM COMEÇO (Roberto Mendes/Capinan)
Biscoito Fino – 2008
quarta-feira, 21 de maio de 2008
"A GAROTINHA RUIVA"
Perdido nos corredores de uma infância labiríntica, nos agora longínquos anos da década de 80, entre questionamentos prematuros de uma adolescência apressada e personagens de quadrinhos e TV, eu tentava simplesmente encontrar em algum herói de ficção um espelho. Em algumas ocasiões talvez tenha encontrado: fui um pouco Spaceghost; Demolidor; Ultraman; Lanterna Verde... Enfim, fui tantos na frustrada tentativa de não ser eu. Curiosamente, aquele que mais me marcou não tinha super poderes nem lutava contra forças do mal em defesa do nosso planeta. Na verdade ele era bem simples. Bem tímido. Bem fracassado. Bem eu.
Charlie Brown, por vários anos, foi o exemplo de amizade que desejei para mim, sem achar. Procurava visualizar entre os meus colegas, na escola ou na rua, alguém como ele. Solidário, afável, sensível... Sua turma era minha turma, seus medos eram os meus medos, sua total inabilidade com as atividades infantis também era minha. A idealização do primeiro amor como um sentimento inatingível foi o ponto mais em comum dessa fase. Charlie Brown e eu sofríamos com as desventuras de relacionamentos apenas fantasiados. (Entre as cores da imaginação e o cinza da realidade, pouco sobrava de nós). A garotinha ruiva deve ter sido a nossa maior identificação: uma garota sem nome, traduzida somente pela cor dos seus cabelos, um amor completamente idílico. Temendo não ser aceito ele não se apresentou à garotinha ruiva, e em seu lugar foi seu melhor amigo, Linus - que a beijou, se apaixonou e quebrou a magia ao descobrir seu verdadeiro nome. Charlie Brown amargou mais uma derrota com a resignação de quem se acostumou a não vencer. Não me lembro bem, mas acho que era inverno. Muitas estórias passavam-se no inverno. No inverno é tudo mais triste. (Jamais toquei a neve).
A minha garotinha ruiva não era ruiva; ainda hoje seus cabelos negros visitam minhas lembranças pueris. Nunca mais a encontrei, nem pretendo encontrá-la. Não posso furtar do que me resta de inocência essa recordação doce. É possível até que eu tenha passado por ela em uma avenida qualquer, esbarrado e pedido desculpas no supermercado ou sentado ao seu lado no ônibus ou num banco de praça sem tê-la reconhecido. Melhor assim.
Hoje, olhando para trás, não vejo aquele menino introvertido em mim. Tudo parece distante e inacreditável, quase paralelo. Talvez por ter vivido a perda com tanta intensidade eu tenha decidido na prática o que não queria ser.
Nunca perdoei Linus por ter beijado a garotinha ruiva. Nunca perdoei Charlie Brown por ter perdoado Linus. Nunca me perdoei por não ter perdoado os dois.
Herculano Neto
Charlie Brown, por vários anos, foi o exemplo de amizade que desejei para mim, sem achar. Procurava visualizar entre os meus colegas, na escola ou na rua, alguém como ele. Solidário, afável, sensível... Sua turma era minha turma, seus medos eram os meus medos, sua total inabilidade com as atividades infantis também era minha. A idealização do primeiro amor como um sentimento inatingível foi o ponto mais em comum dessa fase. Charlie Brown e eu sofríamos com as desventuras de relacionamentos apenas fantasiados. (Entre as cores da imaginação e o cinza da realidade, pouco sobrava de nós). A garotinha ruiva deve ter sido a nossa maior identificação: uma garota sem nome, traduzida somente pela cor dos seus cabelos, um amor completamente idílico. Temendo não ser aceito ele não se apresentou à garotinha ruiva, e em seu lugar foi seu melhor amigo, Linus - que a beijou, se apaixonou e quebrou a magia ao descobrir seu verdadeiro nome. Charlie Brown amargou mais uma derrota com a resignação de quem se acostumou a não vencer. Não me lembro bem, mas acho que era inverno. Muitas estórias passavam-se no inverno. No inverno é tudo mais triste. (Jamais toquei a neve).
A minha garotinha ruiva não era ruiva; ainda hoje seus cabelos negros visitam minhas lembranças pueris. Nunca mais a encontrei, nem pretendo encontrá-la. Não posso furtar do que me resta de inocência essa recordação doce. É possível até que eu tenha passado por ela em uma avenida qualquer, esbarrado e pedido desculpas no supermercado ou sentado ao seu lado no ônibus ou num banco de praça sem tê-la reconhecido. Melhor assim.
Hoje, olhando para trás, não vejo aquele menino introvertido em mim. Tudo parece distante e inacreditável, quase paralelo. Talvez por ter vivido a perda com tanta intensidade eu tenha decidido na prática o que não queria ser.
Nunca perdoei Linus por ter beijado a garotinha ruiva. Nunca perdoei Charlie Brown por ter perdoado Linus. Nunca me perdoei por não ter perdoado os dois.
Herculano Neto
sexta-feira, 16 de maio de 2008
AUTORRETRATO TERCEIRIZADO
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