(*) Que o Brasil não
é um país de leitores não é novidade. Mas começo a desconfiar que somos
leitores de títulos. Melhor do que uma boa capa o livro necessita de um bom
título, “inesquecível”, para ser citado cheio de confiança entre os amigos.
Quando digo que estou escrevendo um romance ninguém se atreve a perguntar como
ele é, querem saber apenas o título. Quem chegou com o meu livro embaixo do
braço, ou dentro da bolsa, após o lançamento pode nem mesmo ter folheado, mas
leu o título. Penso em utilizar no próximo a sinopse na capa, assim a conversa “intelectual”
de mesa de bar poderá render um pouco mais.
(*) Catequizado pelas
regras do rádio, ainda hoje costumo escutar as canções no modo aleatório. Gosto
de apostar na imprevisibilidade, de não saber qual será a faixa seguinte. Mas,
misteriosamente, quando estou me aproximando de Santo Amaro da Purificação,
minha terra natal, o tocador de MP3 insiste em tocar algo de Caetano Veloso.
Meu shuffle cretino adora uma emoção barata.
(*) Quero me permitir
a irresponsabilidade, a incerteza.
Quero chegar
atrasado, quero não chegar.
Cansei de ser Bob
Esponja; feliz é ser Patrick.