(*) Que o Brasil não
é um país de leitores não é novidade. Mas começo a desconfiar que somos
leitores de títulos. Melhor do que uma boa capa o livro necessita de um bom
título, “inesquecível”, para ser citado cheio de confiança entre os amigos.
Quando digo que estou escrevendo um romance ninguém se atreve a perguntar como
ele é, querem saber apenas o título. Quem chegou com o meu livro embaixo do
braço, ou dentro da bolsa, após o lançamento pode nem mesmo ter folheado, mas
leu o título. Penso em utilizar no próximo a sinopse na capa, assim a conversa “intelectual”
de mesa de bar poderá render um pouco mais.
(*) Catequizado pelas
regras do rádio, ainda hoje costumo escutar as canções no modo aleatório. Gosto
de apostar na imprevisibilidade, de não saber qual será a faixa seguinte. Mas,
misteriosamente, quando estou me aproximando de Santo Amaro da Purificação,
minha terra natal, o tocador de MP3 insiste em tocar algo de Caetano Veloso.
Meu shuffle cretino adora uma emoção barata.
(*) Quero me permitir
a irresponsabilidade, a incerteza.
Quero chegar
atrasado, quero não chegar.
Cansei de ser Bob
Esponja; feliz é ser Patrick.
"Salvador Abaixo de Zero" é um título maneiríssimo. E, pra melhorar, o visual é pra lá de marcante. Não sou muito de barzinho, mas já conversei sobre ele, na mesa de um restaurante por quilo. Serve? :) Abraço!
ResponderExcluiradoro emoções baratas mesmo q elas venham de um mp3 ... adoro pitadas de irresponsabilidade tipo sugar tudo q nem um Bob Esponja ...
ResponderExcluirEu sei bem o que é isso, meu editor se preocupa bem mais com o título, para ele é o que importa, afinal é um produto, querendo ou nao.
ResponderExcluirEssa analogia do Bob Esponja e do Patrick foi massa, ando numa de horror que quero ter dias de Sirigueijo.
Querido Herculano Neto, sempre fui um apreciador da leitura, mas tens razão nesta colocação, ainda lembro que eu e amigos disputávamos livros na biblioteca pública de minha cidadezinha natal, e comentávamos entre nós e quem mais estivesse junto, até que uma amiga começou a perceber que muitas pessoas dessa roda ficavam no título mesmo, ou no máximo nas "orelhas" dos livros e vinham cheios de razão discutir, os chamávamos de chavões (não lembro porquê). Mas tenho de confessar, gosto de títulos, tanto que lá no começo do meu blogue ficava horas, já com o post pronto, tentando encaixar um título rs e sempre gostei de títulos longos, hoje é mais simples os títulos para mim. Ouço rádio, penso sempre, que meu pai e eu somos as únicas pessoas do mundo que ouvem rádio, (Caetano sempre me faz feliz ao ouvi-lo). Gosto de desenhos, e sou apaixonado pelo Bob Esponja e sua turma. Ufa, e também quero me permitir tentar ser feliz, mas...
ResponderExcluirAdoro estes post que poderiam ser crõnicas...
ps. Meu carinho meu respeito meu abraço.
Há mais que isso, em se tratando do seu livro. Sempre que o menciono (e o menciona em inúmeras oportunidades), falo de uma Salvador que é preciso que se conheça, que não é "vendida" por aí, e que teu livro mostra facetas dela importantes de serem conhecidas. Pois também há os que querem a fantasia. E Salvador é uma fantasia para muitos. Fantasia que não querem perder.
ResponderExcluirE a essa "emoção barata" da qual vc fala eu chamo de "magia". Sincronicidade? SincroniCIDADE? rs Eu gosto disso, tenha lá o nome que tenha.
P.S. Teu livro está na fila de leitura do amigo jornalista presenteado. É o próximo, ele me disse. E quando comentar no blogue dele te aviso.
Beijos,
E tem os que lêem títulos e manchetes e sequer entendem, Herculano.
ResponderExcluirHá uma pesquisa recente sobre analfabetismo funcional (INAF) que atesta que, no Brasil, 74% da populacão não consegue compreender um texto simples. Não dá vontade de chorar e virar chargista?
Julgam o livro pela capa e o texto pelo título. Tudo isso revela a preguiça que o brasileiro tem em se aprofundar.
ResponderExcluirCaetano veloso no modo aleatório. É bom esperar pra ver qual será a canção seguinte do grande mestre. A certeza é que virá uma melhor que a outra.
Ah, eu quero me permitir ser Patrick!...
Reflexões interessantes. Gostei da sinopse na capa - para que título, que tantas vezes nem faz sentido?
ResponderExcluirMas acho que Patrick não, já são tantos por aí.
Risos...
ResponderExcluirDesculpa já começar o texto rindo, mas é que além de ser interessante, ele me levou a sorrir quando comecei a ler. Parecia que estava te vendo contando o fato e foi muito bom.
Realmente a magia de ler, talvez esteja sendo resgatada agora. Adoro uma boa leitura, alias adoro ler.
Acho muito legal os dois, mas o Patrick é fora de serie rsrsr.
Beijinho
Primeiramente, adoro mesa de bar, mesmo não bebendo regularmente.
ResponderExcluirA respeito do seu livro, acho o título interessantíssimo. Confesso que eu acabo fugindo de títulos melosos demais, e sou atraído por títulos desconexos, estranhos, desses que a gente lê e não entende direito o que quer dizer. Mas não é isso que me faz levar um livro pra casa. Geralmente, já li algum capítulo por aí, recebi alguma indicação, a sinopse é a minha cara, enfim... vários motivos. Às vezes eu gosto de ser Patrick, embora o mundo me obrigue ser muito Bob Esponja.
felicidades.
Concordei com tudinho. Agora, um título como "Salvador abaixo de zero" é um convite. E logo, logo vou encomendar o meu.
ResponderExcluirBeijo
Então eu estou cheia de emoções baratas, pois adoro o Caetano Veloso! Sem lenço, sem documento, viva! :))))
ResponderExcluirE quanto aos títulos, você está coberto de razão. Por isso tantas vezes os autores se pegam com os editores, porque os últimos têm uma percepção do que vende, ao passo que os primeiros querem dar aos livros os títulos que lhes dizem alguma coisa a eles...
Beijinhos
Bem sensato. Tristemente sensato.
ResponderExcluirEngraçado...que ainda estes dias, por causa de um trabalho que o meu filho estava a fazer para a escola, colocamos esta questão para ser feita durante uma entrevista a um escritor: "Em que se baseia para escolher os títulos para as suas obras" ...
ResponderExcluir:)
so true... título e capa... não só para livros, mas para filmes também...
ResponderExcluirMuito sensato, infelizmente uma realidade.
ResponderExcluirParabéns pela página e pelas ótimas postagens.
Estou seguindo e acompanhando.
http://jonathanejonathan.blogspot.com.br/
Abraços
Caio
Skype: caiojonathan
meu título e minha capa não são bons,
ResponderExcluirdos meus pequeninos textos, idem.
nasci para engordar as estatísticas,
logo eu que sempre me julguei fora da fôrma.
ops.
Ultimamente também estou numa fase shuffle e deixando levar pelas surpresas que as melodias podem me trazer. E falando em títulos... "Cansei de ser Bob Esponja" poderia até ser o nome de uma banda.
ResponderExcluirBjos!
Sabes Herculano...
ResponderExcluirEu confesso-te que sou leitora ávida desde tenra idade, independente de títulos ou da falta deles...
Ultimamente tenho percebido algo triste nas livrarias brasileiras: prateleiras e mais prateleiras todas empilhadas e bem arrumadas e com letreiros as Vegas com a pitada brazuca: títulos estilosos e capas purpurinadas.
Essas insanidades que chama-se de livro ultimamente.
Como uma outra pessoa comentou, tornou-se tudo apenas um mercado, um produto...e tudo chegou a esse ponto porque a sociedade tornou-se consciente de Tempo.
Os clássicos de outrora, para compor uma música, pintar um quadro, escrever um livro, usavam de muitos anos... hoje em cia, com o processo comércio e indústria, requerem arte como num processo de máquina seguindo a chaminé poluente das fábricas...
Por isso esse ressecar dos olhos e atrofiar dos neurônios mundial.
Um Patrick, embaixo da sua pedra, vendo TV.
Logo o Bob Esponja também será peça de museu.
Infelizmente.
=/
Ia escrever de novo "sensacional" (três vezes, aliás), mas seria muito repetitivo da minha parte (se bem que, em geral, essa é a primeira palavra que me vem à mente depois de ler um texto, crônica ou poema seu).
ResponderExcluir"Cansei de ser Bob Esponja; feliz é ser Patrick." Sensacional! (ops! mantenho-me fiel a mim mesma...) Entrou pra lista das minhas frases favoritas!