Aquele filme que eu te falei
Acredito que todo mundo que se diz (ou dizem que é) cinéfilo, frequentemente é abordado sobre dicas de filmes e séries, preferencialmente “recentes e legais”. Há uma espécie de responsabilidade nessas sugestões, é preciso avaliar o tipo de produto e público para recomendar algo que melhor se adéque ao perfil e não simplesmente prescrever a última produção assistida, a que está mais ativa na memória, ao alcance da mão na gaveta das lembranças. Resumindo: ser mais caloroso e menos impessoal que o arrogante algoritmo do streaming. Sei que deveria ser natural e não causar surpresa nenhuma, mas em um desses pedidos, me dei conta que estava indicando apenas obras protagonizadas por mulheres. Já citei nesta coluna Penélope Cruz em “Madres Paralelas”, Olivia Colman em “A Filha Perdida” e Kate Winslet na premiadíssima minissérie “Mare of Easttown”; poderia ter escrito também sobre Alana Haim em "Licorice Pizza", Elisabeth Moss em “The Handmaid’s Tale”, Phoebe Waller-Bridge em "Fleabag" ou a norueguesa Renate Reinsve em “A Pior Pessoa do Mundo” – para ficar nas que vêm mais fácil à cabeça. Certamente não é mera coincidência ou uma polaroid de um momento, talvez seja uma bem-vinda mudança de paradigma. Longe de príncipes encantados, souvenir de desejo ou interesse romântico do mocinho, vejo cada vez mais atrizes em papéis e interpretações notáveis. E que continue assim. Minha lista de recomendações agradece.
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