Aquele filme que eu te falei
Desde que vi “007 a Serviço Secreto de Sua Majestade” (On Her Majesty's Secret Service, 1969), George Lazenby se tornou minha usual resposta para a questão sobre qual seria meu James Bond preferido. Lazenby teve a incumbência de substituir Sean Connery e terminou protagonizando apenas um longa-metragem como o espião inglês. Não é incomum em matérias sobre 007 o seu nome sequer ser lembrado. Minha preferência tinha aparência de contrariar apenas para não ser igual, mas eu realmente gostava bastante do filme – ainda o meu favorito. Hoje eu sei que é cultuado por vários admiradores da série. O ator australiano incorporou um personagem que se aproximava da criação de Ian Fleming, um agente secreto em início de carreira, muitas vezes inseguro, passível de erros, mais humano e verossímil – uma versão bem diferente da deixada por seu antecessor. Em determinado momento ele chega a quebrar a quarta parede para nos dizer, ironicamente, que isso jamais aconteceria com o outro cara. A conclusão do filme é surpreendente e perturbadora, com sua amada sendo assassinada na estrada logo após se casarem, interrompendo abruptamente o que caminhava para um final feliz. Essa cena é aludida no mais recente título da franquia, “Sem Tempo Para Morrer” (No Time to Die, 2021), com o Bond de Daniel Craig dirigindo pela costa da Itália ao lado de Madeleine (Léa Seydoux), e com a belissíma “We Have All the Time in the World”, tema da obra de 1969, sendo referenciada no diálogo e em um arranjo instrumental no começo do filme – prenunciando, para os mais atentos, que esse romance também poderia não acabar bem. Nos créditos finais a canção retorna, dessa vez em sua versão original com a emocionante interpretação de Louis Armstrong, já debilitado devido a problemas renais e cardíacos. Não poderia haver melhor composição para simbolizar uma despedida.
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