segunda-feira, 1 de novembro de 2021

NO TOCA-FITAS DO MEU CARRO IX

Porque sou o meu próprio Mariozinho Rocha

Às vezes eu tenho a impressão que Caetano Veloso não possui fãs. Digo fãs dedicados mesmo, desses que colecionam bootlegs, conhecem particularidades da discografia e adoram lados Z. Uns chatos como Raul Seixas, Bob Dylan, e agora Belchior, têm. Não que isso faça alguma diferença, mas basta observar a exaltação do público em suas apresentações ao reconhecer músicas consagradas e dispersar quando executada alguma que fuja do pra-você-e-eu-e-todo-mundo-cantar-junto – sendo o ponto alto “Sozinho”, seu maior êxito comercial, emblematicamente uma música que não é da sua lavra – para constatar que alguma coisa está fora da ordem. Ainda assim ele continua produzindo uma obra consistente, sem amargar dessabores ou gravações que o desabone, angariando depreciações (“o vovô ta nervoso, o vovô”) por motivos que escapam do campo da arte. Seu último trabalho, “Meu Coco”, talvez seja seu mais bem-acabado conjunto de canções copiladas num álbum em muitos anos, o tempo deve alojá-lo, facilmente, em um top 5 de melhores discos do artista – se o denso algoritmo permitir. 

 


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