sexta-feira, 6 de setembro de 2024

A ARTE DO SILÊNCIO


Acho engraçados alguns títulos de filmes como “O Silêncio dos Inocentes”, “Os Gritos do Silêncio” ou a trilogia do silêncio de Bergman. Há também uma vastidão de títulos de livros, poemas e canções que abusam do silêncio. O silêncio é realmente uma arte, escutar também deveria ser, mas ninguém quer ouvir, só quer falar. Sempre falei o que vinha à cabeça, destituído de filtro ou freio. Não faço o tipo falastrão, na verdade sou bastante econômico, embora incisivo. Considerava-me o “supersincero” até perceber (a não muito tempo) que eu não passava do super inconveniente. Demorei para aprender a me calar, a entender que nem tudo necessita de uma réplica e que algumas perguntas são mais bonitas sem resposta. Às vezes ainda me vejo em saias justas que eu mesmo criei. Quando dou por mim as palavras já estão saindo, me arrependo imediatamente enquanto falo, mas é impossível trazê-las de volta, editar o que foi falado, interromper a rota da bala após o tiro. Preciso somente conviver com as consequências e não remoer durante semanas o que não deveria ter dito. Atualmente o inconveniente são os outros: todo mundo tem algo a dizer, todos conhecem tudo o que está sendo feito, já foi e será. O problema é escutar despropósitos sem contestar. Silenciar é uma arte complexa pra caralho.

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