UFC (Ultimate Fighting Championship) é um torneio de artes marciais mistas, mais conhecido pela sigla em inglês MMA, uma sensação mundial que caminha para algo além do simples fenômeno de entretenimento. Há quem diga que em breve será, se já não for, o segundo esporte mais popular do Brasil (o que deve explicar a presença de Felipe Melo na última Copa do Mundo de futebol).
90% do tempo que desperdiço na frente da TV é dedicado à programação esportiva (até de rugby eu gosto), no entanto não consigo simpatizar com o UFC. Já tentei, juro. Cheguei a gravar um documentário onde apresentavam a história, as regras, os ídolos, mas me distraí completamente quando começaram a falar sobre o octógono: imediatamente passei a recordar a professora Yêda, no antigo Polivalente de Santo Amaro, e os seus enormes compassos e esquadros de madeira constantemente sujos com pó de giz. Outro dia, fui parar num bar onde exibiam as lutas no canal de pay per view, e a atenção e gritaria dos homens, e também das mulheres, eram impressionantes. Não direi que assemelhava-se à plateia das arenas que assistia entusiasmada à barbárie dos gladiadores porque nunca estive na Roma Antiga (não que eu me lembre), mas já vi algo similar nas rinhas de galos. Pedi um Campari e uma soda, com muita dificuldade, e fui embora pouco depois.
Todo esse interesse parece, simbolicamente, querer resgatar a masculinidade perdida nas últimas décadas, num exemplo máximo de virilidade (mesmo que meu preconceito não compreenda como sendo muito másculo, e hétero, dois musculosos se agarrando). Se era para reunir um grupo de homens urrando e bebendo cerveja, melhor seria colocar duas turbinadas usando biquíni e lutando num tablado de lama, mas não seria suficiente, faltaria testosterona, reduziria o esporte a mero fetiche.
Não quero posar de moralista, de ofendido, que considera o evento muito violento e deseducador. Imagino que a essa altura alguém já deve ter pensado que violento são os noticiários policiais, o trânsito, o centro da cidade, o dia... Sei que o UFC possui regras seguras para os seus praticantes e que qualquer partida do campeonato brasileiro de futebol é muito mais perigosa para os jogadores (e para a torcida), só que como modalidade esportiva não me seduz. Conheço esotéricos, intelectuais, feministas, homossexuais e evangélicos que adoram esse esporte, por que não eu? Será por que eu não brincava de lutar durante a infância? Por que eu sofria bullying? Por que eu desprezava os filmes de ação que ainda hoje fazem sucesso, embora a maioria estreie diretamente em home vídeo? Por que eu sou metido a besta? Na verdade, não sei porque não gosto do UFC, talvez seja simplesmente ciúme: quando esse assunto chega à mesa do bar todos se animam e a conversa se torna monotemática; sobrepondo-se, inclusive, à vida alheia, futebol, mulheres e política (nessa ordem). O que me deixa silenciosamente deslocado.
O próximo sábado poderia ser uma boa oportunidade para eu me transformar no mais novo entusiasta das artes marciais mistas, porém prefiro não arriscar, provavelmente haverá alguma reprise do Bob Esponja em outro canal.
90% do tempo que desperdiço na frente da TV é dedicado à programação esportiva (até de rugby eu gosto), no entanto não consigo simpatizar com o UFC. Já tentei, juro. Cheguei a gravar um documentário onde apresentavam a história, as regras, os ídolos, mas me distraí completamente quando começaram a falar sobre o octógono: imediatamente passei a recordar a professora Yêda, no antigo Polivalente de Santo Amaro, e os seus enormes compassos e esquadros de madeira constantemente sujos com pó de giz. Outro dia, fui parar num bar onde exibiam as lutas no canal de pay per view, e a atenção e gritaria dos homens, e também das mulheres, eram impressionantes. Não direi que assemelhava-se à plateia das arenas que assistia entusiasmada à barbárie dos gladiadores porque nunca estive na Roma Antiga (não que eu me lembre), mas já vi algo similar nas rinhas de galos. Pedi um Campari e uma soda, com muita dificuldade, e fui embora pouco depois.
Todo esse interesse parece, simbolicamente, querer resgatar a masculinidade perdida nas últimas décadas, num exemplo máximo de virilidade (mesmo que meu preconceito não compreenda como sendo muito másculo, e hétero, dois musculosos se agarrando). Se era para reunir um grupo de homens urrando e bebendo cerveja, melhor seria colocar duas turbinadas usando biquíni e lutando num tablado de lama, mas não seria suficiente, faltaria testosterona, reduziria o esporte a mero fetiche.
Não quero posar de moralista, de ofendido, que considera o evento muito violento e deseducador. Imagino que a essa altura alguém já deve ter pensado que violento são os noticiários policiais, o trânsito, o centro da cidade, o dia... Sei que o UFC possui regras seguras para os seus praticantes e que qualquer partida do campeonato brasileiro de futebol é muito mais perigosa para os jogadores (e para a torcida), só que como modalidade esportiva não me seduz. Conheço esotéricos, intelectuais, feministas, homossexuais e evangélicos que adoram esse esporte, por que não eu? Será por que eu não brincava de lutar durante a infância? Por que eu sofria bullying? Por que eu desprezava os filmes de ação que ainda hoje fazem sucesso, embora a maioria estreie diretamente em home vídeo? Por que eu sou metido a besta? Na verdade, não sei porque não gosto do UFC, talvez seja simplesmente ciúme: quando esse assunto chega à mesa do bar todos se animam e a conversa se torna monotemática; sobrepondo-se, inclusive, à vida alheia, futebol, mulheres e política (nessa ordem). O que me deixa silenciosamente deslocado.
O próximo sábado poderia ser uma boa oportunidade para eu me transformar no mais novo entusiasta das artes marciais mistas, porém prefiro não arriscar, provavelmente haverá alguma reprise do Bob Esponja em outro canal.
Você não é o único a não apreciar esse tipo de esporte. Se é que da para chamar exatamente de esporte...
ResponderExcluirAcho que as Artes Marciais não devia ser misturadas assim.
Cada uma tem sua cultura e seu estilo e modo de pratica.
E no MMA mistura tudo e pra quem não conhece as artes marciais e curte ver é um sem cultura, porque gosta de ver mais nem sabe se o lutador de um golpe de Karatê, Jiu Jitsu, Boxe... e etc.
Bob Esponja é a salvação, tenho a certeza!
ResponderExcluirPrepara a pipoca que eu estou chegando!
ResponderExcluirUm grande bj querido amigo
Bacana seu ponto de vista.
ResponderExcluirE, claro, esporte também depende do gosto assim como música.
Mas o UFC, apesar da "brutalidade" de sua prática, é um esporte interessante justamente porque seus atletas, com maestria, sabem o tempo todo qual é o limite entre crueldade e respeito. Mesmo que não pareça.
KKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirDo jeito que o acaso
é irônico, vc mudará
de canal e estará
passando aquele episódio
em que Bob Esponja
luta com Patrick.
Pois cá eu também não acho muita piada a esse desporto. Um bom fim de semana =)*
ResponderExcluirPosso assistir com você também?!
ResponderExcluirSimplesmente não consigo gostar nem achar "graça" na UFC!
Faz bem saber que não estou sozinha.
Bom fim de semana pra você!
Beijinhos
Nai Melo
NUNCA sequer ouvi falar nisso!
ResponderExcluirAinda bem
Beijos Herculano!
Mirze
Herculano meu caro, saudades. Poxa, vc tem que criar um perfil no Facebook etc, pra gente poder se comunicar mais.
ResponderExcluirAbraços
Para mim é apenas um modismo,
ResponderExcluirlogo passa.
Adorei a critica, é bem isso que sinto, sou meio desatualizada de luta tb!=p
ResponderExcluirÓtimo texto, Herculano. Fui ver pessoalmente um desses torneios, justamente para tentar entender o motivo de tanta popularidade. Não entendi... O que ficou na minha memória foi um público basicamente de gays e adolescentes gritando por seus bombados favoritos.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Talvez eu goste, vcs estão falando do quê?...rs
ResponderExcluirAbraço
O que é mesmo UFC?
ResponderExcluirna verdade nunca tinha percebido esse gosto comum por esse tipo de coisa. acho que minhas companhias tão livres disso, ainda bem, rs.
ResponderExcluirDois marmanjões suados se agarrando, se batendo, correndo o risco de machucar seriamente e ficar com sequelas pra sempre. Quem pode gostar disso?
ResponderExcluirConheço um pouco sobre, e o que de verdade eu não gosto no esporte é no que ele se tornou, já que no começo era para saber que luta era a melhor, então ia cada lutador com suas técnicas e mostrava ao outro que sua luta era melhor, com o tempo fez essa mixagem, o que não me agradou nada, já que perdeu a originalidade.. Assisto de vez em quando com meu marido, gostei do texto :)
ResponderExcluirBarbárie sem tamanho, mistura de boxe, karatê e jiu jitsu?
ResponderExcluirNão gosto de luta e me lembra uma briga de galo.
Belo texto
bjs
Nem sei bem o que isso é, mas pelo que li...acho que deve ser mais uma manifestação de violência gratuita...e "resgatar a masculinidade"...LOLOLOL....através da violência...só na "Idade da Pedra!!!"
ResponderExcluirBj
Entendo que realmente pareça uma coisa meio "gladiadores" (bom talvez seja, sei lá), mas eu acho muito menos violento do que futebol, pois pelo menos aparentemente as regras são seguidas e raramente vejo violência gratuita entre os participantes ou entre o público. Ah, e com certeza não pode ser comparado à rinha de galos, já que esse último não é e nunca será esporte. Os lutadores de MMA são seres racionais que estão lá por livre e espotânea vontade, ao contrário dos pobres galos que são apenas explorados e, no final, nenhuma habilidade ou técnica é demonstrada, não é mesmo?
ResponderExcluirEu gostava de assistir as lutas quando ninguém ainda falava sobre isso e os atletas não eram celebridades. Eu sempre escolhia o lutador mais fraco e acompanhava a luta pela cor do short. Vibrava silenciosamente quando o mais fraco, no final, dava um golpe fatal e ganhava a luta.
ResponderExcluirAgora que virou "febre" a coisa meio que perdeu a graça, os bombardeios de comentários toscos estão por todas as redes sociais. Todos mundo agora parece que nasceu gostando de mma.
Na luta de sábado meu marido chamou um monte de amigos pra assistir. Montaram um projetor que tomava a parede inteira da sala, compraram muitas cervejas e amendoim. Os urros começaram antes mesmo da primeira gota de sangue aparecer.
E eu, bem... eu fui pro silêncio do meu quarto assistir Moulin Rouge...
Senti-me acalentada ao ler esse texto. Partilho da mesmíssima opinião, embora não tenha tentado com tanto vigor me render a esse esporte, assino embaixo.
ResponderExcluirE, com toda certeza, maratonas de Bob Esponja são infinitamente mais atrativas.
simplesmente odeio UFC!
ResponderExcluirMe senti péssimo, eu nem sabia q o povo daqui gostava. vixe... sou um E.T.
ResponderExcluirRs, até que gosto, mas não assisto mais de uma luta , começa a ficar meio chato e repetitivo.
ResponderExcluirNeste UFC no Brasil, acabei indo para um bar com namorado e amigos q estavam loucos pra ver as lutas.
Realmente, todos torceram como trogloditas,rs!!
As pessoas são estranhas.
Beijos!
Essa paixão pelo UFC, cara, é a mesma paixão pelo BBB, pelo filme pornô amador, pelos vídeos do youtube. É uma paixão pelo real. Não somente o espetacular, porque o espetacular o hoje é a imagem que mais se aproxima do real. Stockhausen diz que as imagens do 11 de setembro é a obra de arte do nosso século. Só que essa paixão pelo real, não é pela necessidade de mais realidade na ilusão em que vivemos, mas sim pela imagem fetichizada do real, a imagem mais vendável dele. O UFC é um espetáculo onde realmente as pessoas se batem, não é só um jogo, um show. Aquelas pessoas estão ali, e elas se encontram efetivamente, ( como o cara no BBB fica efetivamente com a gostosona, mesmo que seja só um marketing pra ele conseguir conquistar mais ibope)mas se encontram nessa forma espetacularizada, violenta. A intersubjetividade se dá no encontro mais superficial e desumano entre dois humanos, no combate, na luta e não num diálogo mais crítico ou respeitoso. Triste. Mas isso vende. Adorno criticava o realismo no cinema, chamando-o de conservador, porque ele só mostrava a superfície das camadas sociais, porque para você mostrar os interiores, a subjetividade, não dá pra ser tão realista. Mas enquanto as imagens do 11 de setembro não tem sangue, e talvez até por isso sejam mais simbólicas, ou mais populares, mais emblemáticas, nesse UFC o que vemos é o contrário. Há muito sangue, a violência é extrema e real, mas não é o real, porque é só uma luta, um espetáculo.
ResponderExcluirPrefiro ver as lutas do Bob Esponja com a Sandy , aquilo sim é luta!
ResponderExcluirAmei os textos do blog ,( todos alias , não resisti!)
http://youthfree-youth.blogspot.com/
kkkk!
ResponderExcluirAdorei a opinião!kkkk!
Eu de vez em quando assisto, mas não sou fanática! Sinceramente enquanto estão nos socos e pontapés eu curto, mas depois que cai no chão e fica aquela "enroscação" de homem com homem não curto muito não!huauahua!
Bjs, paz!
http://artesanatoleka.blogspot.com/
http://guerradosmundosleka.blogspot.com/
Gostei foi da foto do Bob Esponja, criaturinha de quem sou mega fã (risos)...
ResponderExcluirAdoro assistir, ainda mais se eles são bem apessoados...
ResponderExcluirUi.
Inté
ps: Mas eu sou uma pessoa normal.
kkkkk gostei do texto, mais ainda com essa foto do Bob Espoonja.
ResponderExcluirabraços >.<