Retornando, aos poucos, a frequentar eventos sociais, percebi que as pessoas vinculam o meu nome imediatamente a Santo Amaro, o que é bastante lisonjeiro, e à poesia (o que não é tão lisonjeiro assim), gênero no qual estreei, mas logo deixei de lado para me dedicar a produzir uma prosa urbana. Apenas há pouco tempo, me dei conta que em breve (se não houver nenhum plot twist) terei existido mais tempo na capital do que no interior – algo assustador, já que abandonei meu torrão natal a fórceps. Em um lançamento literário recente, fui saudado na entrada como “poeta do interior”, me causando inevitável embaraço. Às vezes acho que me imaginam usando chapéu de couro e recitando cordel sob um sol inclemente em alguma feira do sertão. Recordo que em 2015 precisei catalogar a biografia de alguns autores baianos para um projeto. Inesperadamente um deles se recusou a informar a cidade de nascimento, alegou que não queria que a sua carreira fosse reduzida ao epíteto de “escritor do interior”. Na época, achei uma grande bobagem, mas acatei. Sua biografia fora a única que não constou o local de nascença. De quando em vez, penso que o escritor de Ribeira do Pombal (ops) tinha razão.
Um porre essa necessidade de encaixar tudo.
ResponderExcluir