Aquele filme que eu te falei
Não se discute que o gol é o grande momento do futebol, assim como não existe gol feio. Para o torcedor todo gol é importante: de bico, canela, mão, contra, impedido. Mas uns gols acabam sendo mais importantes do que outros. Aquele lance em que você narra a jogada antecipando a melhor possibilidade, como se falasse diretamente para o jogador o que ele deve fazer (dribla, segura, passa, vira para a esquerda, cruza) e que magicamente começa a acontecer até desembocar em um grito de gol que acordaria não só a sua casa, mas a vizinhança inteira é um exemplo comum.
Já um filme é construído de vários momentos impactantes, no entanto um bom final pode ser vibrante feito o gol da virada nos acréscimos do segundo tempo. Em “Jojo Rabbit” (direção Taika Waititi, 2019) um solitário garoto de apenas dez anos tem Hitler como amigo imaginário. Um dia ele descobre que sua mãe esconde uma jovem judia no sótão da sua casa. Questionada por Jojo o que ela faria quando acabasse a guerra, Elsa simplesmente responde: dançar. Com o término dos conflitos, quando finalmente consegue colocar os pés fora do seu esconderijo, ela inicia timidamente passos de dança em silêncio no meio da rua. Aos poucos os passos ganham mais força, enquanto os primeiros acordes de “Heroes”, de David Bowie, vão ficando cada vez mais reconhecíveis ao fundo. O volume da canção aumenta com a dança e eu dentro do cinema só desejava que o filme concluísse ali, na gaveta. O aparecimento dos créditos foi o gol de placa esperado.
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