segunda-feira, 20 de junho de 2022

SOCIAL DISTANCIAMENTO XIX

Diários da pandemia ou notas perdidas nas páginas ociosas de uma velha agenda

 
(Junho, 2022)

Um dos maiores clichês de quem escreve é a síndrome da página em branco, aquele angustiante cursor piscando na tela implorando por palavras, mesmo que sejam seguidas de um arrependido “backspace”. Inúmeras e particulares são as justificativas: ausência de inspiração, se é que ela existe, de boas ideias, bloqueio criativo, excesso de autocrítica e enfado são as que mais escuto. Minhas páginas não estão em branco, há muitos arquivos aguardando um clique no “postar”. Receios, cansaços, saudades, incertezas, questionamentos, desagrados… os temas vão se repetindo em uma espiral de lamentações que mais se parecem importunos. Sou moldado pelo não gostar um instante além do que eu deveria, são minhas “senhas”, um “acho que não sei quem sou/ só sei do que não gosto” constante. Não pretendo ser um coach motivacional que faça as pessoas saírem do parágrafo mais dispostas do que quando entraram, distante disso. Mas admito que poupar a humanidade das minhas queixas é uma generosa contribuição para um mundo menos desesperançoso.

 

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