Papel jornal, couché, off-set, polén, reciclado, kindle ou pdf
Coincidentemente as três últimas HQs que li possuem algum tipo de “espera” no título: “NÃO ERA VOCÊ QUE EU ESPERAVA”, “A ESPERA” e “EI, ESPERA”. Além das designações (e as “esperas” em tons de azul nas capas) são trabalhos densos, reflexivos, humanos e absolutamente possíveis. Em “Não Era Você Que Eu Esperava”, do francês Fabien Toulmé, acompanhamos as dúvidas e temores de um pai (o próprio autor) de uma criança com Síndrome de Down. Sem apelar para sentimentalismos ou romantizar demais a questão, temos um relato honesto que vai do “luto” à aceitação. No manhwa “A Espera”, somos apresentados a uma mãe que anseia reencontrar o filho, separados na Guerra da Coreia, após setenta anos. Da premiada sul-coreana Keum Suk Gendry-Kim – autora de “Grama” sobre as coreanas escravizadas pelo exército Imperial japonês para servirem de (desculpe o eufemismo canalha) “mulheres de conforto” durante a Segunda Grande Guerra. Já em “Ei, Espera”, do norueguês Jason, um evento trágico ainda na infância perseguirá o protagonista por toda sua vida. Apesar de utilizar personagens antropomórficos para ilustrar sua narrativa, a melancolia será um elemento presente em boa parte da publicação. Um soco no estômago é um clichê que não consegui evitar. Lamento pelos leitores, e não são poucos os que eu conheço, que consideram o formato em quadrinhos algo inferior ou até mesmo infantil. Estão se privando de uma experiência espetacular com essas três obras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente apenas se leu a postagem.