Provavelmente eu sabia que isso iria acontecer um dia, como
pais que presenteiam o filho com um casal de hamsters apenas para familiariza-lo
com o conceito de perda e poder falar sobre um paraíso celestial cheio de hamsters,
peixinhos dourados, porquinhos da índia e a vovó. Nos últimos anos, mais do que
mera rotina, a primeira coisa que eu fazia pela manhã, a primeira mesmo, era
regar meu bonsai e coloca-lo na janela durante algumas horas. Podava, trocava a
terra, colocava adubo, tinha todos os cuidados necessários. Mas em um dia,
simplesmente, tanto cuidado não adiantava mais. E aos poucos ele começou a
secar: feito o amor. Pensei em substitui-lo. Fui à floricultura, olhei as espécies
e desisti. Não daria certo. Não seria igual, sequer semelhante. Agora
ele tá abandonado na área de serviço: galhos ressequidos num vaso. Não tenho
coragem de joga-lo fora. Deveria haver um cemitério para plantas, como existem
cemitérios para animais.
Você conhece a origem da palavra "bonsai"? Está lá na Mina...
ResponderExcluirSempre afiado, e eu achando que tinha morrido alguém.
ResponderExcluirOlá! feliz domingo.
ResponderExcluirEntão eu tenho um conceito diferente; eu acredito que não devemos desistir das coisas que nos fizeram bem por algum motivo.
Não entendo de plantas, mas não tem uma outra forma de cuidar de sua plantinha? traze-la a ficar verdinha novamente?
Imagine que fosse você mesmo, se o "amor" da sua vida lhe deixasse no canto da sala e fosse embora, iria desistir de viver.
Acredito que não.
Acredito nas possibilidades da vida, da tentativa da vida seja ela qual for.
Fraterno abraço
Nicinha
existem emoções q não podem ser substituídas ...
ResponderExcluirTente novamente...
ResponderExcluirTinha uma relação estranha com bonsais. Sentimentos ambivalentes. Por um lado, achava-os lindo e vinham com a esperança implícita de que eu poderia construir meu mundo protegido pela miniatura; por outro, parecia-me uma crueldade condenar uma árvore, uma planta ao ananismo. Te lendo, me vem uma revelação: bonsais quando morrem podem se tornar árvores gigantes! É só aproveitar o que sobrou e adubar outra árvore. Mas, sim, entendo o sentimento de perda. Beijos,
ResponderExcluirOlá caro Herculano Neto, comovente post...lendo me veio uma indagação comigo mesmo: será que é por isso que temo tanto em amar novamente, digo, me dar uma chance de tentar...). Acho que penso como o post, para que insistir em algo que vai morrer - divaguei rs...
ResponderExcluirps. Carinho respeito e abraço.
Fazia algum tempo que eu não passava aqui. Deu saudade.
ResponderExcluirNão se substitui nada, assim como o amor. E como ele também, é difícil se desfazer do resto físico que sobrou. Se um dia você conseguir outro lugar para abrigar os galhos ressequidos de seu bonsai, não esquece que o lar permanente dele é com você.
abraços.