quinta-feira, 26 de julho de 2012

POST MORTEM

Por mais mórbido que possa parecer, antigamente era comum fotografar um ente querido morto (costume que ainda é preservado em algumas localidades). A fotografia "Post Mortem" era a última homenagem prestada ao falecido, principalmente nas famílias mais ricas e tradicionais. Para a produção dos retratos eram criados situações e cenários que simulavam um ato corriqueiro, que parecesse natural, como sentar com as pernas cruzadas, segurar livros ou bebês, abraçar um parente, ou ficar “em pé”, com o auxílio de madeiras por dentro da roupa. Fotos “post mortem” aparecem em um dos melhores momentos do filme OS OUTROS (The Others, 2001). Abaixo, alguns exemplos:
A moça em pé está morta
Garotinha apreensiva ao lado do irmão morto

Pai e filho mortos

49 comentários:

  1. Obrigada, Herculano, hoje não dormirei por sua causa. Vou ficar imaginando essa menina em pé morta no meu quarto, hahaha.

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  2. É um costume bem curioso mesmo. Como moro com meus avós, aqui em casa tem várias dessas fotos.

    Há não muito tempo, organizando várias fotos, minha vó encontrou uma post-mortem da mãe de uma tia dela. Todos os filhos e netos dessa tia já morreram, sobrando apenas um neto, o Augusto. Então, minha vó me mostra a foto, a mulher (que eu não conheci) em pé, com o pescoço virado e os cabelos soltos, encobrindo parte do rosto. Eu disse:

    - Nossa, vó! Que curioso.. ela de cabelos soltos! Por quê?

    Aí minha vó me explica, que ela estava morta e que morreu queimada. Como parte do rosto ficou destruído, soltaram os cabelos e encobriram para disfarçar. (wtf?!?)

    Aí me lembro do que vovó havia falado qndo encontrou a foto "Olha! A Tia Nenzinha! É a avó de Augusto! Vou dar essa foto pra ele".

    E perguntei "vó! e vc vai dar essa foto pra ele?! que horror! a mulher tá morta! toda queimada! que coisa mais mórbida! eu não iria gostar de receber uma foto sua assim!".

    Minha vo me diz "pois, no meu tempo, ficar com essas fotos era uma honra...".

    Vai entender, né?

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    1. Sensacional sua avó, não sei se gostaria de ser lembrado assim, mas acho que não me incomodaria de ter um album post mortem na minha familia. Alguns acreditavam que a alma da pessoa ficaria conservada na fotografia.

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    2. Encontrei uma foto de uma familia inteira morta em um acidente, todas as mulheres devidamente trajadas, como se participassem de um chá, o que chama a atenção é que uma das moças está de costas, provavelmente porque o rosto estivesse transfigurado. Mas essa não quis postar.

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    3. Acho que não me importaria de ser lembrada assim. Mas, definitivamente, não é a maneira que quero lembrar daqueles por quem nutro algum carinho. Provavelmente, me faria muito mal receber, por exemplo, uma foto de minha avó já morta - em especial se a morte tivesse sido dolorida, como em um incêndio.

      Acredito que deva ter alguma outra razão por trás desse costume, além da crença de a alma ficar conservada, uma vez que minha família sempre foi muito católica (ao contrário de mim) e, com certeza, não tirariam essas fotos se acreditassem que a alma ficaria presa ali. Talvez seja o fato de, naquela tempo, fotografias serem raríssimas. Então, muitas vezes, fosse como uma "honra" final ao morto? Não sei... vou perguntar à minha vó, rs.

      Continuo achando mórbido e não vendo poesia.. Uma família inteira dizimada em uma acidente, posando tomando chá? Pra mim, é quase uma vilipêndio ao corpo do morto... mas, cada um com sua cabeça, né? Rs..

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  3. Estranho e perturbador... mas me inspira profundamente... ehhehehhe sempre bom vir aqui.. abraço!

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    1. O estranho perturba,
      mas é bom lembrar que antigamente
      era natural. Em alguns lugares do Japão
      ainda se faz.

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  4. Não sabia dessa. Blog é cultura.

    Abs

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  5. Estranho, porém interessante. Mas quem de nós deseja uma lembrança dessas pendurada na parede da sala?

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  6. Que coisa horrível! Você não acha??
    Senti até um vento gelado aqui...rs


    Bom dia Herculano!

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    1. Na verdade, me fascina esse costume.
      Horrivel é foto de acidentados
      nas páginas de algum jornal sensacionalista.
      Isso me incomoda.

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  7. Acho muito triste... eu mal consegui olhar para o rosto de meu sobrinho, quando ele morreu. Não havia mais nada ali, apenas as muitas marcas do seu enorme sofrimento.

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  8. Ai, que medo!
    Quando descobri que aqueles empregados
    tavam mortos em Os Outros quase saio do cinema
    (isso é um spoiler?)

    Ainda bem que não vi isso
    ontem à noite.

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  9. Eu acho o máximo! Retratos de um tempo que se encarava a morte, bem diferente de hoje. Morria-se em casa, fazia-se o velório em casa, fotografava-se os mortos. Baniram a morte. Puseram pra bem longe os doentes, que morrem em hospitais, velório no cemitério, caixão fechado pra não encarar o morto. "esqueçamos da morte", parecem dizer os tempos modernos. Lembro até hoje do primeiro morto que vi de perto, num velório de interior, eu pré-adolescente. Foi fascinante. Eu pensava: um corpo que não respira, uma palidez de ausências, é ele e não o é mais, para onde terá ido a vida que habitava esse corpo. E eu nunca esqueci. Nunca esqueço da morte. Eu aprendo a morrer sempre. Morrer é importante. Olhar a cara da morte é fundamental. Adorei o post, Herculano. Beijos,

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    1. Em Santo Amaro, ainda temos velórios em casa,
      que atravessam a madrugada, com direito a dominó e cachaça,
      beber o morto é tão normal quanto celebrar o nascimento. Ainda temos nota de falecimento pelas ruas da cidade e cortejo fúnebre. Até quando?

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    2. Ano passado, em janeiro, quando estava em Prado (BA), vi um cortejo fúnebre. A cidade, embora litorânea, é bem pequena e, naquele momento, todo o comércio se fechou! Achei tão interessante... Só havia visto esse costume em filmes.

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    3. A Tânia tem toda a razão, hoje esconde-se a morte. Resultado: desaprendemos como encarar a vida, que é uma sucessão de mortes do nosso interior. O meu pai morreu no dia em que fiz 11 anos e não me deixaram ir ao funeral; fiquei com uma sobrinha da minha idade. As pessoas acharam isso bem, mas para mim teria sido melhor ter ido. Anos mais tarde, com 15, 16 anos, na hora de faltar um professor de alguma disciplina na escola, eu ia até ao cemitério da cidade - onde, ainda por cima, não estava enterrado o meu pai, deixaram-no na aldeia, parece que foi por vontade dele, o que se compreende - na busca de um diálogo, um encontro com ele no meu ser, sei lá...
      Aqui, no tempo da minha mãe, hoje idosa, usava-se as crianças irem aos funerais de outras crianças; todas tinham direito a pão com queijo ou marmelada (como goiabada, mas feita com a fruta chamada marmelo), vestiam as suas melhores roupas e se tinham sapatos de verniz levavam-nos calçados.

      Abraço!

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  10. O filme "Os Outros" me deixou perplexa. Essas fotos, e esse costume, além de me deixarem perplexa, me arrepiaram a nuca, e inevitavelmente me remeteram a Poe. Os contos de Poe são tão assustadores quanto esse costume e as fotos, porque o que assusta mais nas histórias de Poe é a possibilidade, o medo é Científico. Olhar para essas fotos, é como ler contos de Poe. Olhar para essas fotos, é como ler O Retrato Oval", por exemplo.

    Assustador! E Fascinante!

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  11. Herculano,confesso que acho muito estranho,para dizer o mínimo!Não é uma prática que voltaria,penso eu!Prefiro lembrar da pessoa bem viva!...rss...bjs e meu carinho,

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  12. Na minha família, até a geração da minha avó, era comum tirar fotos do finado deitado no caixão e guardar.

    Eu acho echo desrespeitoso, eu não iria gostar que guardassem ou lembrassem de mim dessa forma. :(

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  13. Querido Herculano, pra começar adorei o post e comentário da Tania, ela disse o que eu , mais ou menos, diria. Os Outros se tornou um filme emblemático na minha vida, digo, no meu cérebro lesado rsrsrs, pois não conseguia entender que todos estavam mortos...na terceira ou quarta vez que vi o filme entendi.
    Também adoro fotografia, e são fascinantes estas do post, de certa forma já li que alguns povos, índios norteamericanos, que a fotografia prendia as almas.
    Ainda Tãnia: "Nunca esqueço da morte".
    Meu caro Heculano Neto (gosto de Neto, gostaria de me chamar João Assis Machado Neto), teu blog é curioso mesmo, gosto daqui
    ps. Continuo a descobrir teus poemas, e são muito bons.
    ps2. Meu carinho meu respeito meu abraço

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  14. Fotos em preto e branco tem sua originalidade de mostrar o natural das coisas; qdo falamos em morte nada mais é do que o fim e passar ver as coisas em preto ou cinzento.
    A postagem tem a mistura do belo com a realidade; o filme qdo passou foi na Globo uns dois anos passados, diria que é um suspense qdo é revelado para a herdeira da casa que os parentes ali já estavam mortos...
    Postagem diferente e criativa, gostei deste diferencial que mostrou.
    Abraço fraternal
    Nicinha

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  15. Não acho mórbido e tampouco horrível. Acho necessário ver beleza, pois a morte faz parte do nosso ciclo natural. Mórbido é ver o Osama assassinado sendo exibido como um troféu de caça. Aliás, interessante como esse tipo de cultura - das fotos - é banido e causa repulsa aos que não foram contemporâneos à ela, enquanto "tradições" tais quais rodeios e touradas são mantidos sob o pretexto de cultura....Vai entender.

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  16. muito interessante! engraçado, não achei mórbido.. achei diferente mas até que gostei. legal o post.

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  17. Que interessante. Não achei tão mórbido.
    Eu acho mórbido mesmo é aquelas fotos onde a pessoa está no caixão. Ai a família tira a foto para mandar para parente distante. No orkut tinha várias dessas.
    Se você não contasse que eram gente morta eu iria achar que era foto antiga.
    Bj

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  18. Ai, eu acho muito mórbido. Tive conhecimento sobre esse hábito através do filme que citou, "os Outros", fiquei dias com a cena das fotos dos mortos na cabeça. Eu não gostaria que tirassem uma foto minha assim! Um abraço!

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  19. Santo Amaro resiste, que bom. Velórios em casa toranam-se cada vez mais raros. Acho também o máximo as cadeirinhas nas portas, as pessoas sentadas conversando, em Santo Amaro. Vi algumas vezes e me deu tanta saudade, uma nostalgia dos meus tempos de criança.
    Beijos,

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  20. não importa a postagem, tem sempre um poema escondido.

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  21. Costumes não são mórbidos... são só costumes. Há práticas muito mais mórbidas e passíveis de censura.
    Beijo.
    Sigo com vc.

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  22. Como diz a Vida aí em cima, é só um costume. Eu não o farei com os meus. Prefiro guardar suas imagens transbordando de vida.

    Um abraço, Herculano.

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  23. Acaba de me ocorrer uma dúvida estranha. Alguns povos acreditavam que fotos podiam roubar a alma. O que esses povos pensariam sobre esse tipo de foto? Abraço!

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  24. como é enriquecedor perceber que o respeito ao morto e à idéia de morte são um constructo histórico-cultural. lembro-me de uma fotografia de sebastião salgado (álbum terra) em que há caixões sendo vendidos numa mercearia, juntamente com bananas etc é uma fotografia do interior do norte ou nordeste. no entanto, nunca vi caixões sendo vendidos no shopping center... nesses interiores, a morte faz parte da vida e vice-versa. na cultura urbana narcísica e capitalista, em que ser jovem é um imperativo, parece ser um choque simbólico uma casa funerária estar ao lado de uma loja de cosméticos etc

    seu blog instiga.
    amei.

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  25. Ui que bizarro,isso é tão Álvarez de azevedo! Credo! Queria naum uma foto assim,mas gstei de saber :)

    http://joicy-santos.blogspot.com.br

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  26. Achei um pouco mórbido mas confesso que interessante. Como deveria ser o tratamento dos familiares ao tirarem a foto com o morto? Que curioso!

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  27. Nossa! Também não gostaria de ser lembrada assim, que bom que esse costume já foi! Rs

    =**

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  28. Nunca houvi falar sobre esse assunto nem sobre o filme, que alias vou procurar e assistir. me interessei muito pela coisa.

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  29. Herculano

    Velórios na própria casa do morto até presenciei.
    Mas fotos pós-mortem acho que também não conseguiria dormir se os tivesse nas minhas mãos.
    Mas vou também procurar saber do filme.

    Um abraço.

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  30. Assustador, meu caro. Entretanto a coisa existiu de fato...

    Eu também assisti o filme "OS OUTROS" - aliás um de meus preferidos no gênero. E foi lá que fiquei sabendo dessa "Arte" um tanto macabra de fotografar mortos.

    Excelente postagem!

    abraços

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  31. Caralho, eu não sabia dessa porra de foto pós-mortem!!! Genial! Assisti ao filme Os outros mas não lembro dessas fotos... Herculano, seu blog é do caralho!!!!!!!!!!!!!!!! Tem de tudo por aqui! A vontade que sinto é de comentar todos os artigos, tudo, absolutamente, tudo, porque tudo o que vc posta me interessa. Cinema, literatura, arte de um modo geral, curiosidades... E sua experiência em cidade do interior faz de sua cultura cosmopolita uma outra coisa, algo como pizza comida em casa: ela vem de fora, mas come-se "no aconchego do lar". Enfim, parabéns pelo sempre delicioso blog... Abç!

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  32. Caralho, eu não sabia dessa porra de foto pós-mortem!!! Genial! Assisti ao filme Os outros mas não lembro dessas fotos... Herculano, seu blog é do caralho!!!!!!!!!!!!!!!! Tem de tudo por aqui! A vontade que sinto é de comentar todos os artigos, tudo, absolutamente, tudo, porque tudo o que vc posta me interessa. Cinema, literatura, arte de um modo geral, curiosidades... E sua experiência em cidade do interior faz de sua cultura cosmopolita uma outra coisa, algo como pizza comida em casa: ela vem de fora, mas come-se "no aconchego do lar". Enfim, parabéns pelo sempre delicioso blog... Abç!

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  33. Acabei de deixar um longo comentário, mas parece que ele foi parar na casa do Bil Gates... Uma pena... Resumindo muito, digo agora que gostaria muito de comentar todos os posts, porque tudo o que rola por aqui me interessa... Essas fotos post-mortem, por exemplo, com certeza dariam um grande romance do Ian McEwan, chamado por muitos Ian Macabro, por causa da morbidez de suas histórias, embora ele não escreva romances de terror - e é aí que a coisa fica mais interessante.
    Seu blog está cada vez melhor. Embora seja impossível melhorar algo tão bom. É simplesmente do caralho. Um grande abraço do amigo e leitor!

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  34. Fiquei a saber desta prática pelo filme Os Outros.
    Parece-me tão triste olhar para as imagens dos mortos e dos vivos nas fotografias...

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