domingo, 3 de abril de 2011

NADA PESSOAL II

Cinema é a bola da vez, definitivamente. Muitos têm pressa para emitir suas opiniões, mas pouco tempo para ver, realmente, bons filmes. Blogs voltados para as produções cinematográficas se proliferam em espantosa velocidade, parece que o cinema nunca esteve tão em voga ou nunca soou tão cool o adjetivo “cinéfilo”. Poderia até ser um fenômeno admirável, caso as obras analisadas não se restringissem, simplesmente, aos filmes em cartaz – como se fossem, esses novos críticos, redatores dos suplementos culturais dos jornais. Pior, ainda, é a superficialidade da abordagem da maioria desses blogs, quase uma extensão dos comentários infelizes que se ouve na saída do cinema.
          Curiosamente, após fazer a leitura da resenha do mesmo filme em vários blogs diferentes, ficou evidente a repetição do tom, da forma, da percepção, como se todos tivessem entendido, e sentido, o filme de igual maneira. Impossível? Não seria se muitas frases utilizadas não fossem idênticas, com alguma inversão e troca de sinônimos aqui e ali, muitas vezes reproduzindo o conteúdo dos sites especializados – exclusivo, apenas, o criativo título da postagem (quando querem soar originais, as postagens se tornam sinopses estendidas recheadas de spoilers). Outra característica é a preferência pelas produções americanas, enquanto o bom cinema independente é solenemente desprezado, tal qual as produções latinas, asiáticas e europeias, sem mencionar os clássicos – provavelmente porque elas não são exibidas nas modernosas salas do shopping center. De quando em vez, o cinema nacional é lembrado, geralmente com algum exemplar do momento, um legítimo made in Globo Filmes. Nada tenho contra as produções dos EUA, sei que lá estão grandes profissionais, de toda parte do mundo, e os grandes investimentos, mas se esses blogueiros conhecessem, ao menos, diretores norte-americanos em atividade como Hal Hartley ou Todd Solondz... Sei, também, que há meia dúzia de cinco blogs interessantes do gênero, mas correm o risco de se perder no meio de tanta inutilidade.
          Portanto, não se ofendam, nem me desejem mal, devoradores de pipoca anônimos, adoradores de blockbusters, hollywood-maníacos e hypes em geral. Nada pessoal.

2 comentários:

  1. Cinema, hoje em dia, virou uma verdadeira cilada: preços e filas absurdas, além de uma gurizada que quer tudo, menos assistir ao filme. E nem me dou ao trabalho de ler esses blogs de cinema, quando quero informação vou atrás dos sites especializados, o resto é apenas modinha - um dia passa.

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