Fui uma criança “estranha”, que gostava do silêncio e de brincar com fantasmas (todos devidamente nomeados). "Sonso" foi a alcunha que mais escutei, embora louco e os seus sinônimos fizessem sombra; mais tarde passaram a me chamar de "cínico", de "metido", mas na verdade sou e sempre fui extremamente tímido. A timidez foi uma boa companheira, nada deixei de fazer por sua causa, se bem que, sem ela, suponho, poderia ter sido comido por mais mulheres. Escrevo isso porque ganhei recentemente de Sérgio Damião, amigo de Santo Amaro, todas as temporadas de ANOS INCRÍVEIS, o que me fez voltar, a contragosto, para a adolescência. A série retratava o cotidiano de uma típica família da classe média americana entre os anos 60 e 70, com todos os conflitos da época. Lembro de cada desventura, de cada desencontro, de cada canção. Cresci com aquelas personagens e me reconhecia mais nelas do que nos colegas do colégio, infelizmente. Enxergava o mundo à maneira de Kevin Arnold, com seu periscópio a observar tudo ao seu redor – só não me identificava com sua presunção. Sem muita nostalgia continuo assistindo aos episódios todas as noites, quase como um ritual, e trago a sensação de que pouco em mim mudou. Devo ser o mesmo menino sonso de Santo Amaro.
não te conheci nesta época, mas amava anos incriveis
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Gostei da foto, procurei o "sonso" nela, mas não encontrei...
ResponderExcluirapenas vejo: dois adolescentes amorosos e um menino "atrevido", por vezes, a timidez leva-nos a ser atrevidos... talvez a dizer "bobagens" mas, apeteceu-me comentar! Um beijinho sem parênteses!