(*) Há várias maneiras de saber que você está ficando velho: quando você começa suas frases com um nostálgico “antigamente...” ou “no meu tempo...”, quando você pede para diminuir o volume ou quando as pessoas ao seu redor passam a perguntar quando você terá um filho, por exemplo – e, ultimamente, esta tem me perseguido. Tenho respostas prontas que utilizo a depender do grau de intimidade que possuo com quem pergunta, falta de talento, incompetência e excesso de juízo são algumas delas. 98,98% dos pais que eu conheço, esses mesmos que me importunam com esse tipo de pergunta, tiveram filhos por “acidente”. Não quero olhar para o meu filho e vê-lo como um acidente, algo que não deveria ter acontecido, sentado no sofá a imaginar que vida eu teria se eu não fosse pai.
(*) Pessoas excessivamente convictas me cansam. Aprecio quem hesita, quem oscila. Pessoas excessivamente convictas batem o pênalti para fora, ficam em xeque a todo instante (um bom jogador não deixa de duvidar). Pessoas excessivamente convictas não são boas de papo, não são boas de copo, não são boas amantes. Pessoas excessivamente convictas têm uma velha opinião formada sobre tudo, sempre.
(*) Tenho amigos que dizem me invejar porque, segundo eles, estou constantemente “ligado” em bandas novas, livros novos, filmes novos, vida nova... Tenho um, especificamente, que diz que sou “viciado em juventude” (sem nenhum cunho pedófilo, assim espero). Outro, afirma que chega um momento da nossa efêmera existência que só é possível ouvir os mesmos discos, reler os mesmos livros, rever os mesmos filmes, ver os novos filmes dos mesmos diretores... Será? Acho o dia muito curto para ficar agonizando no repeat.
(*) Já escutei, algumas vezes, que sou um bom conciliador, que escapo com destreza de polêmicas e transito com desenvoltura em diversos ambientes – há quem me considere, inclusive, um hábil e desperdiçado político. Essa qualidade é exaltada até por pessoas que não me são simpáticas. Na verdade, não sou nada disso, tal qual o Conselheiro Aires, de Machado de Assis, tenho tédio à controvérsia, somente.
(*) Poderiam ser crônicas, mas são apenas páginas de diário.
(*) Pessoas excessivamente convictas me cansam. Aprecio quem hesita, quem oscila. Pessoas excessivamente convictas batem o pênalti para fora, ficam em xeque a todo instante (um bom jogador não deixa de duvidar). Pessoas excessivamente convictas não são boas de papo, não são boas de copo, não são boas amantes. Pessoas excessivamente convictas têm uma velha opinião formada sobre tudo, sempre.
(*) Tenho amigos que dizem me invejar porque, segundo eles, estou constantemente “ligado” em bandas novas, livros novos, filmes novos, vida nova... Tenho um, especificamente, que diz que sou “viciado em juventude” (sem nenhum cunho pedófilo, assim espero). Outro, afirma que chega um momento da nossa efêmera existência que só é possível ouvir os mesmos discos, reler os mesmos livros, rever os mesmos filmes, ver os novos filmes dos mesmos diretores... Será? Acho o dia muito curto para ficar agonizando no repeat.
(*) Já escutei, algumas vezes, que sou um bom conciliador, que escapo com destreza de polêmicas e transito com desenvoltura em diversos ambientes – há quem me considere, inclusive, um hábil e desperdiçado político. Essa qualidade é exaltada até por pessoas que não me são simpáticas. Na verdade, não sou nada disso, tal qual o Conselheiro Aires, de Machado de Assis, tenho tédio à controvérsia, somente.
(*) Poderiam ser crônicas, mas são apenas páginas de diário.
Parabéns pelo texto. Você tem razão sobre ter filhos... até hoje, do alto de meus quase 48 anos e uma histerectomia de emergência, há pessoas que tem a cara de pau de perguntar quando eu terei filhos. Gostaria eu de ter esta sua capacidade para ser democrático ao escapar de polêmicas... gostei de ler!
ResponderExcluirJá eu sou uma novidadeira excessivamente convicta, que também tem tédio a controvérsias e acha que o mundo é um lugar superpovoado e inóspito demais para crianças. :) Abraço!
ResponderExcluirOlá Herculano!
ResponderExcluirGrande observação!
As pessoas alugam o cérebro dos outros com perguntas tolas, sobre filhos então, estou cansada de dar respostas prontas "Ainda não chegou a hora..." mas, a vontade mesmo é de perguntar "O que você tem com isso" rsrrs
Tenho a mesma opinião que você sobre essa coisa de ser sempre o mesmo, do mesmo jeito... de vez em quando só pra desabafar saio cantando alto " Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." canto isso sempre!
A única coisa que sei é que amanhã 04 de julho certamente ficarei mais experiente rsrsr (nascido em 04 de julho), no mais quero que a vida siga adiante ditando novos rumos.
Grande abraço!
Li Barbosa
www.autoralibarbosa.blogspot.com
Poxa,finalmente encontrei alguém que compartilha do mesmo pensamento a respeito de filhos...eu sinceramente detesto a famosa pergunta de filhos. Concordo plenamente quando vc diz que a maioria que pergunta são pessoas que (desculpe a franqueza exagerada)tiveram "filhos catástrofes" que "cagaram" com a vida deles...e querem que façamos a mesma merda com a nossa vida!kkk!
ResponderExcluirPelo visto estou ficando velha, pois vire e mexe tô usando a famosa "no meu tempo"!kkkk!
Essa questão de debater depende. Tem assuntos que valem a pena, mas outros é perda de tempo.
Ultimamente fico na minha...se me perguntam simplesmente falo minha opinião e respeito a do outro. Cada um "no seu quadrado".
bjs!
Passando para deixr um grande abraço fraternal; que sua semana seja iluminada por muitas inspirações...
ResponderExcluirNicinha
Gosto tanto de ler seu diário :)
ResponderExcluirAmigo,
ResponderExcluirEsvreves muito bem,
é sempre uma diversão e uma
aula de gramática e elegância tuas notas.
Ainda quero vê-las reunidas em um livro.
* Estou ficando velha
ResponderExcluir* Esse tipo de pessoa também me cansa
* Gosto de conhecer coisas novas, mas eu amo escutar aquela velha música over and over again!
Gostei do texto...
Multi-uso.
Beijo
Eu sou uma pessoa nostálgica. Vivo dizendo "antigamente". Mas por outro lado não me fechei para o novo.
ResponderExcluirSou questionadora, se bobear pergunto para a minha própria sombra se é ela mesma. Tenho opiniões, mas adoro principalmente aqueles que me questionam sobre elas com argumentos fortes. Para penso reflito e vou me ajustando dentro do meu caráter.
Quanto essa história de cobranças alheias quanto a filhos, namorado e afins eu dou as respostas sinceras mas que a sociedade não está preparada a ouvir, por exemplo:
Não vai ter filhos? Não nunca consegui engravidar. Não vai procurar tratamento? Já procurei não deu certo, é cansativo e não quero mais saber do assunto. Esse não quero mais saber do assunto choca muito.
Não vai arrumar namorado? Não quero. Já sofri demais e hoje prezo minha paz. Você está julgando que todos os homens são iguais? Não. Estou dizendo que estou tão cansada dessa humanidade burra que tenho preguiça de me socializar. Sem social, sem namorado, e eu feliz no meu mundo cheio de coisas novas.
Parabéns! Adoro sua forma de escrever.
Bj
Diria Ana Cristina César que os diários e as cartas são mais arrepiantes que a própria literatura.
ResponderExcluiridade é penela
ResponderExcluiro que conta é o rango, a sustança
e os cuidados para não deixar a panela furar rsrsrs
belo blog
ótmos textos
abração
matando as saudades daqui, e de seus escritos.
ResponderExcluirShow!
bjo, HN!
Querido Herculano (posso te chamar assim ?), gosto tanto do que escreves, da forma,incluindo gramática, como alguém disse acima, como este modelo de 'crònica'. Ontem quando li, não pude deixar de me ver por entre as linhas deste post. Adoro ler estas coisas que se vive, e não se escreve, e de repente tou eu lendo algo de mim aqui, isso chamo da magia dos blogs, da net, que não estou só no mundo com estes pensamentos. E quando encontro um blog como este, naõ dá vontade de parar de ler, aliás tou sempre bisbilhotando teu passado neste blog, e é genial, não me canso. Bom, tive de fazer um pedido solene a minha mãe, que amo demais, que parasse de pedir um neto, tava ficando meio chato...Não tenho certeza de quase nada, e é muito chato tentar conversar com alguém que tenha fórmula para tudo (toda a razão para ti)...gosto do novo, já gostei bem mais, já fui mais curioso, mas gosto de ouvir os mesmos discos, reler livros, aliás tou relendo um que acho ótimo, como toda a obra rsrsr do Caio Fernando Abreu - Onde Andará Dulce Veiga?. Confesso, sou saudosista e futurista também... Caro Herculano, é prazeroso demais estar aqui.
ResponderExcluirps. Meu carinho, meu respeito e meu abraço.
Lendo o teu texto, lembrei de uma amiga divertidíssima que, cansada de ser questionada sobre quando teria filhos, começou a responder "Quando Deus quiser". Não que fosse religiosa, muito pelo contrário. Apenas descobriu que quando colocava a palavra "Deus" no meio da frase as pessoas se conformavam e paravam de importuná-la rs...
ResponderExcluirMuito legal a nota.
Um beijão
Ótimo seu blog, ótimos textos.
ResponderExcluirFoi bom ter vindo
Abraço
A sociedade cobra da gente mais do que cobraria a natureza. Ela nos impõe filhos e família como se isso bastasse para nos completar. Para ela eu canto "(I'm) The End Of The Family Line", do Morrissey
ResponderExcluirAí camarada seu filho(a) vai ter nome de santo? rsrs
ResponderExcluirSem querer ser a dona da verdade, Herculano...as convicções me matam, me murcham, me paralisam e fazem-me perder o encanto pela coisas. A dúvida é, sim, o meu alimento, a minha seiva. Há momentos em que derrapamos e achamos que "sabemos". Mas bonito mesmo é quando, desconcertada, com uma certa coisa que beira a alegria me sacudindo por dentro, eu respondo a alguém: ah, eu não sei! Eu não tenho certeza...
ResponderExcluirAcho que é por isso que descobrir a riqueza do "desaprender". No fundo, para descalcificar aquilo que eventualmente tenha se transformado em certezas. Estou em recuperação da saúde, sem muito ânimo ainda para sair garimpando nos blogues aquilo que me toque e me transforme e me encante e me instigue, como gosto de fazer. Mas aqui é certo: gosto muito. às vezes mais ainda. Beijão
Acho péssima essa pressão da sociedade sobre o que temos que fazer: temos que casar, ter um filho, não podemos nos separar, e assim mpor diante...cada um sabe o que é melhor para si. Tenho sim minhas convicções, mas sempre aberta a um bom argumento que mude meus pontos de vista. Um dia acabamos descobrindo que tudo aquilo na qual acreditávamos era nada! E se fechar ao novo é deixar um pouquinho de viver. Um abraço!
ResponderExcluirA primeira nota, compartilho em partes com você. As perguntas que ouço são: Quando irá se casar? Irá se casar? Digo: Um dia, quem sabe, talvez, não sei.
ResponderExcluirE sua segunda nota, eu adorei! Vou até compatilhá-la no Facebook, com os devidos créditos e link para sua postagem (Claro!)
E bem, bem que daria uma cronica..rs
Beijos.
Oh :( também estou a ficar velha então.
ResponderExcluirO desenvolvimento da mente tem uma espécie de ápice aos 50. Não é uma regra, mas senti isso em mim. Julguei que seguiria igual aos 65. Mas logo vi que minha memória não era a mesma. Eu tinha sofrido muito quando, aos quarenta e poucos, tive que pôr óculos para ler. Eu sempre tinha tido excelente visão, não achava suportável ter que usar esse apetrecho nem preocupar-me em não perdê-lo. Tive também de me acostumar a ouvir as pessoas dizerem "o óculos" em vez de "os óculos". A não concordância de número nos verbos e adjetivos relacionados também me faziam mal. Gosto de gramática, de normas para a língua, acho que a tendência à não observância dessas coisas denota insalubridade social. Escrevo de modo um tanto barroco, mas não acho que os brasileiros devessem estar desatentos a regras de clareza, coerência e coesão. Também não me deixa feliz ler, com tanta frequência, coisas como "Fulano não entregou o DVD à Beltrano". Esse acento agudo que indica crase onde não há (coisa que um linguista declarou uma vez que deveria já ser a regra) me entristece. Casmurrice de velho? Não: quando era garoto, eu era mais puro em minhas paixões e vaidades gramaticais.
ResponderExcluirTambém detesto convicções em demasia. Belo blog. Belos registros.
ResponderExcluiryou look so good all the time!
ResponderExcluirFashion Spot
Aii...estou mesmo mal! A mim já perguntam quando vou ter o segundo (filho, entenda-se) :D
ResponderExcluirA nossa juventude ou velhice, depende unicamente do nosso estado de espirito.
Beijito.
Texto super show! Parabéns, soube ir ao ponto sem grandes dramas e com grande firmeza!!! Adorei!
ResponderExcluirPaolla
http://licordeamora.blogspot.com.br
rsrs. ouch!
ResponderExcluirtem muita gente querendo controlar muita gente no mundo, esse é o problema! e tem muita gente no mundo, por isso não quero ter filho. prefiro pensar que sou uma pessoa sociologicamente correta. rsrs.
bjs!
Afinal não 'tá ficando assim tão "véio", se diz que gosta de ler, ver e ouvir toda a novidade em livros, filmes e discos, não é?
ResponderExcluirGostei do seu artigo e sim, concordo com um dos comentários aqui postados: a conversa do quando vai ter filho é realmente quase sempre daquela gente que teve sem se imporar muito com ele...
Beijo
Olá!
ResponderExcluirPenso que é ... uma bela crónica!
No entanto, penso também, que por muito "modernos" que sejamos , existirá sempre em nós um certo "apelo" do passado.
Afinal, ele faz parte de nós, ele ... fez-nos a nós, não é?!!
Abraço, boa semana!
Em geral, tento ser educada com as pessoas, mas não tenho a mínima paciência para responder perguntas invasivas sobre assuntos que não dizem respeito aos interrogadores sem noção. Prefiro usar a tática da tolerância e chocar. Quando terei um filho? O dia em que você for criá-lo para mim. Certeza que o assunto morre aí.
ResponderExcluirAdoro seu blog, nem sei porque fiquei tanto tempo sem passar por aqui. Tô na fase de ouvir os mesmos discos e ver os mesmos filmes - rever. Já me perguntam por filhos há quase dez anos e, no tempo, as pessoas eram mais gentis e se colocavam mais no lugar dos outros. Tenho saudades!
ResponderExcluiralguma ruína guarda os nossos sintomas P e B, nossas convicções duvidosas, nosso desejo de voltar ao futuro, nossas vitrolas com recursos digitais, nossa politiquice adversa, nossa fotografia em diário de porão.
ResponderExcluirAproveitando o gancho das sutis observações dos amigos, tenho um que sempre diz que sou velha desde que nasci. O que me traz certa alegria, principalmente por nada ter a ver com a idade cronológica. Vim me preparando pra ser efetivamente velha desde sempre!
ResponderExcluirMaternidade: como é que se deseja ser responsável pela formação de outro indivíduo?! Quem vai me garantir que não vou cometer erros irreparáveis?! E como é que se convive com isso depois, meu deus?!
Posto o pânico de lado, acho que o desejo da maternidade, antes da hipótese de acontecer, me soa um tanto quanto egoísta e um pouco de necessidade de ser socialmente padronizado.
Mas, rebeldias à parte, minha maternidade sempre aflora com os lindos e adoráveis filhos alheios.
Tudo o que escreveu é muito lúcido. A primeira parte me identifico em gênero, número e grau, visto que passo pelas mesmas interrogações e respondê-las é um saco; ficar dando satisfações do fato de não ter casado, não ter filhos é muito chato....as pessoas não se conformam que pessoas que não casaram, mas que namoram e que são héteros são pessoas felizes. Eu sou feliz, apesar de não ter filho e não ser casada. Adoro namorar, naturalmente, HOMENS. KAKKAKAKAKA....Abração, Alba.
ResponderExcluir