quarta-feira, 27 de agosto de 2014

OS MISSIVISTAS

Um amigo escritor iniciou um papo contra as mídias digitais, alegou que tudo é muito veloz, fútil, desnecessário; que não se documenta mais nada, que tudo se perde no oceano da web; que se abandonar sua caixa de entrada por algum tempo tudo é excluído automaticamente; que muitas biografias se fundamentam, principalmente, pela correspondência trocada pelo biografado... Enfim, toda uma ladainha preambular para propor que trocássemos cartas nos moldes tradicionais: papel, caneta, envelope e selo. Argumentou que poderíamos expor, sem medo da censura do nosso tempo, todas as nossas mais reprimidas ideias e que talvez o futuro nos agraciasse com a publicação dessa correspondência, como Mário de Andrade e Carlos Drummond. Prosseguiu, entusiasmadamente, que Fulano e Beltrano, dois conhecidos escritores locais, já faziam isso há alguns anos. Com muito tato e elegância, declinei do convite. Ele pareceu não se importar com a minha recusa, confessou que tinha convidado, através do Feicebuque, uma jovem escritora ascendente, mas ela ainda não havia respondido.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

SINOPSE

Chiara Mastroianni
synopse

je suis fait d’hypothèses :

la plus probable est celle qui
me dément le mieux

la plus cruelle est celle qui m’explique
le mieux

je suis fait d’équivoques
contradictions
convictions
papillons

je suis une bougie allumée
dans la nuit des angoisses




sinopse

sou feito de hipóteses:

a mais provável é a que
melhor me desmente

a mais cruel é a que melhor
me explica

sou feito de equívocos
contradições
convicções
borboletas

sou vela acesa
na noite das angústias


*POEMA INTEGRANTE DE "A CASA DA ÁRVORE"
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