quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ALÉM DO QUE SE VÊ


FISH TANK
(Reino Unido, 2009)
Direção: Andrea Arnold


Mãe solteira com filhos que mais parecem seus irmãos é um cenário cada vez mais comum nesse novo perfil dos núcleos familiares mundo afora. Aqui temos Mia, uma garota de 16 anos que vive com a mãe e a irmã menor em um conjunto habitacional claustrofóbico (o aquário do título?), e que sonha em se tornar dançarina – pessoas desajustadas que precisam encontrar algum sentido para existirem. Se a dura realidade, sem nenhum gesto de afeto ou possibilidades de melhora já seria o bastante para complicar sua vida, tudo piora com a chegada do novo namorado da mãe, o sempre ótimo Michael Fassbender. Mas não se enganem com as aparências: a previsibilidade se resume ao inevitável choque de gerações, apenas. As soluções são, muitas vezes, cruéis, – embora uma doce canção como "California Dreamin'" possa trazer contornos de frágil esperança.

 
NOTA DE RODAPÉ
(Hearat Shulayim, Israel, 2009)
Direção: Joseph Cedar


Premiado como melhor roteiro no Festival de Cannes em 2011, essa comédia israelense possui um humor, no mínimo, inusitado, o que a torna, ao mesmo tempo, divertida e melancólica. Muitas situações lembram os melhores momentos dos irmãos Coen. Pai e filho são dois estudiosos do Talmude, o livro sagrado dos judeus. O pai é um sujeito rancoroso e solitário, que acredita nunca ter obtido o reconhecimento merecido por seu trabalho. O filho, extremamente vaidoso e arrogante, é um bem sucedido pesquisador que vive aparecendo na mídia e recebendo prêmios devido ao grande sucesso dos seus livros, o que evidencia ainda mais a tensão entre os dois. O título do filme se refere a um único exemplo de reconhecimento público do pai, que se orgulha de ter sido citado, como nota de rodapé, em um livro de um celebrado estudioso do Talmude. Não há culpados nem inocentes, somente a hipocrisia e a pequenez do ser humano.
 
AS PALAVRAS
(The Words, EUA, 2012)
Direção: Brian Klugman e Lee Sternthal


Uma plateia atenta aguarda o autor (Dennis Quaid) de um aclamado best-seller para uma leitura pública da sua obra, a partir daí conhecemos a história do aspirante a escritor (Bradley Cooper), que busca, sem sucesso, a publicação do seu primeiro romance. Presenteado pela esposa (Zoe Saldana) com uma antiga valise comprada num antiquário, ele encontra dentro dela os originais de um fascinante livro e acaba assumindo para si a autoria, o que o torna rapidamente em um enorme sucesso. É quando entra em cena seu verdadeiro autor (Jeremy Irons). Realidade e ficção se entrelaçam, como se estivéssemos lendo um livro e não assistindo a um filme. Recebido friamente pela crítica no último ano, por não ter considerado original o mote do escritor sem inspiração que plagia um autor desconhecido, “As Palavras” é um filme que merece ser visto (ou revisto) com mais atenção.

5 comentários:

  1. Parecem ser muito bons! Onde posso encontrar? Não lembro de terem passado pelo cinema...

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  2. Dicas anotadas,
    suas sugestões são sempre precisas.

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  3. Legais as sinopses, gosto dos filmes lado "B", são muito profundos em suas mensagens!
    Grande abraço e sucesso!

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  4. "escritor sem inspiração que plagia um autor desconhecido"

    Fish Tank
    Notas de rodapé
    As Palavras
    Todos com algo em comum... os dedos. Os mesmos dedos.

    (rindo)

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  5. Três filmes que estão na minha fila de espera.
    Embora eu queira muito ver "As palavras", já assisti a um filme alemão com mote parecido ("Minhas palavras, minhas mentiras"): Um cara encontra um manuscrito em um móvel antigo e diz ser o escritor. O livro vira um fenômeno de vendas, mas daí o autor verdadeiro aparece. Mas o tom parece ser diferente (o filme alemão é mais puxado para a comédia, e esse americano é drama, certo?). Enfim, quero ver.

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