quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

CAPITU (2008)

Já faz algum tempo que desisti da tv, não foi uma decisão taxativa, aconteceu gradativamente. Hoje só me permito os jogos da quarta-feira à noite e o telejornal local, há dias que nem a ligo, fica ali morta na sala acumulando poeira e silêncio, a servir de pedestal para o troféu de terceiro colocado do II Torneio de Futebol de Mesa de Santo Amaro – 1996, num canto que quase não incomoda o tráfego, juntamente com velhos quadros, lembranças de viagens e capas de LP’s – que vira e mexe recebem observações sem muito valor das visitas. Ao saber por acaso, escutando uma conversa que não me pertencia, que a rede globo produziria um especial de final de ano baseado no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, resolvi arriscar - o que eu poderia perder? Afinal, esse é o único, até agora, livro que li mais de duas vezes (descontando, inclusive, a obrigatoriedade da 8ª série). Após a exibição do primeiro capítulo, mesmo não nutrindo muitas expectativas, não me decepcionei, confesso – apesar do clima excessivamente teatral que parece querer exorcizar da televisão brasileira alguma culpa. Pretensamente emulando a idéia da diretora Sofia Coppola em MARIA ANTONIETA (2006), onde enchia de referências contemporâneas uma personagem histórica, a adaptação me ganhou, não apenas por isso, principalmente pela fidelidade ao delicioso texto original embalado por uma trilha pop. Mesmo assim pouco mudou: o título da obra para Capitu, que muitos entendem ser bem mais apropriado; a re-organização dos micro-capítulos para uma melhor narrativa televisiva e uma coisinha aqui e outra ali – nada demais. Os puristas devem franzir a testa e fazer saltar aos olhos aquela veia de descontentamento, os noveleiros mudarão de canal sem muita paciência e irão dizer na repartição ou no ponto de ônibus no dia seguinte que odiaram, talvez chato seja o adjetivo mais utilizado. Já eu descobri com a série que preciso de um lugar para esconder minhas velharias, como o troféu do II Torneio de Futebol de Mesa, para não servirem de papo furado aos que me visitam de quando em vez.

3 comentários:

  1. Olá álvaro, também gostei da micro serie, principalmente as metáforas visuais ( em tempo: a linda Letícia riscando o chão com um giz e Dom seguindo a bela, muito lindo) e gostei do seu blog, cada vez melhor. Parabéns e até breve.

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  2. O que mais encantou na série foi a trilha sonora do Beirut. Elephant Gun tornou-se a feliz escolha que tornou mágica cenas como a do giz. Simplesmente primoroso.
    Aliás, um salve à banda que conta com uma lista de músicas fantásticas a exemplo de Nantes, In the mausoleum etc.

    Salve Álvaro.

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  3. As séries e mini séries da Globo me roubam atenção. São bem melhores que as novelas e os atores costumam ser os melhores, ao meu ver é claro.

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