terça-feira, 16 de dezembro de 2008

METEORANGO KID (1969)

Meteorango Kid, de André Luis Oliveira, é um clássico absoluto do cinema underground brasileiro, com trilha sonora dos Novos Baianos e intervenções sonoras mais do que bem vindas de Gil e Caetano, apresenta a trajetória desenfreada do protagonista Lula por uma Salvador ainda mais provinciana e tediosa. Interpretado magistralmente por Antonio Luiz Martins, Lula vive num universo extremamente particular, onde fantasia e realidade se confundem. O filme tem uma ação descontínua, num emaranhado de situações escatológicas e ao mesmo tempo irônicas em seqüências que parodiam o cinema comercial americano. Os personagens que acompanham esse herói intergaláctico são igualmente provocadores, como o homem vampiro que surge isoladamente em sua busca cômica por pescoços femininos nas vielas soteropolitanas e o amigo Caveira e sua “aula” de enrolar baseado. Teatro marginal, cinema de vanguarda, nouvelle vague, HQ, neo-realismo, tropicalismo, tudo condensado em 85 minutos de um caleidoscópio psicodélico e contestador.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

DOCE ESPERANÇA (1992)

ROBERTO MENDES E CAETANO VELOSO, 1992

DOCE ESPERANÇA faz parte de MATRIZ (1992), segundo disco do cantor e compositor santamarense Roberto Mendes e conta com a participação especial de Caetano Veloso, inédito em CD.

DOCE ESPERANÇA
(Roberto Mendes/ J. Velloso)


Estou aqui pra viver
A procura de amor por onde for
Ouvindo Ora yêyê
Quero pertencer a uma filha d’Oxum
Oh! Olorum
Me diz o que fazer pra encontrar esse amor
Que seja doce prazer
Que cheire a Jasmim ou a Macassá
Que cace em mim meu querer
Com a mesma constância das ondas do mar
Oh! Olorum
Eu sempre vou crer que vou encontrar
Uma gueixa formosa
Loura cor-de-rosa
Ou uma preta quase azul
Que goste de Itapoan
E vai se arrepiar
Nas festas do Gantois
Oh! Olorum
Como é bom saber que vai me ajudar
Vou aguardar
Oh! Olorum
Numa noite de luar
Rival de Iansã
Paixão de Xangô
Oh! Minha filha d’Oxum.



quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

CAPITU (2008)

Já faz algum tempo que desisti da tv, não foi uma decisão taxativa, aconteceu gradativamente. Hoje só me permito os jogos da quarta-feira à noite e o telejornal local, há dias que nem a ligo, fica ali morta na sala acumulando poeira e silêncio, a servir de pedestal para o troféu de terceiro colocado do II Torneio de Futebol de Mesa de Santo Amaro – 1996, num canto que quase não incomoda o tráfego, juntamente com velhos quadros, lembranças de viagens e capas de LP’s – que vira e mexe recebem observações sem muito valor das visitas. Ao saber por acaso, escutando uma conversa que não me pertencia, que a rede globo produziria um especial de final de ano baseado no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, resolvi arriscar - o que eu poderia perder? Afinal, esse é o único, até agora, livro que li mais de duas vezes (descontando, inclusive, a obrigatoriedade da 8ª série). Após a exibição do primeiro capítulo, mesmo não nutrindo muitas expectativas, não me decepcionei, confesso – apesar do clima excessivamente teatral que parece querer exorcizar da televisão brasileira alguma culpa. Pretensamente emulando a idéia da diretora Sofia Coppola em MARIA ANTONIETA (2006), onde enchia de referências contemporâneas uma personagem histórica, a adaptação me ganhou, não apenas por isso, principalmente pela fidelidade ao delicioso texto original embalado por uma trilha pop. Mesmo assim pouco mudou: o título da obra para Capitu, que muitos entendem ser bem mais apropriado; a re-organização dos micro-capítulos para uma melhor narrativa televisiva e uma coisinha aqui e outra ali – nada demais. Os puristas devem franzir a testa e fazer saltar aos olhos aquela veia de descontentamento, os noveleiros mudarão de canal sem muita paciência e irão dizer na repartição ou no ponto de ônibus no dia seguinte que odiaram, talvez chato seja o adjetivo mais utilizado. Já eu descobri com a série que preciso de um lugar para esconder minhas velharias, como o troféu do II Torneio de Futebol de Mesa, para não servirem de papo furado aos que me visitam de quando em vez.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

isabela boscov não viu o meu documentário


faço poses
para uma vitrine de tarjas pretas

(recolho a barriga
observo de soslaio)

o reflexo tosco
me diz sem escrúpulos
que tenho prazo de validade
e hora marcada para ser feliz

queria discordar
mas não há argumentos


(Herculano Neto, by Cinema 2008)
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