sexta-feira, 16 de maio de 2008

AUTORRETRATO TERCEIRIZADO

Herculano Neto é poeta, ficcionista, roteirista de filmes inacabados, blogueiro, letrista de música popular, cineclubista... Teme ser comparado ao pato (que nada, caminha e voa, mas faz as três coisas muito mal). Desconforta a alcunha de poeta, porém tem aprendido a conviver com ela – só não gosta quando pedem para recitar, parecem os que pedem para o peixe-palhaço contar uma piada em “Procurando Nemo”. Gosta de ser lembrado como o neto do Herculano, talvez por isso fale sempre na terceira pessoa – não se sente, ainda, proprietário do nome. Santamarense que não pede bênção, funcionário público na capital da Bahia, um tímido incorrigível. Adora filmes, fotografias, cultura pop, edições antigas autografadas para desconhecidos, autores de sua geração, quadrinhos e música (em casa tem dificuldade para organizar tanta tralha, é possível que ao desencarnar sua família venda tudo a peso para o sebo de Brandão ou para a Berinjela). Foi publicado e gravado, no entanto possui um espírito inédito – acredita que não foi devidamente explorado. Avesso a modismos tem calafrios ao ouvir a palavra “tendência”. É viciado em solidão, mas não resiste a um abraço. Tem telefone celular porque não tem jeito, às vezes atende as ligações. Perde a razão por causa do Bahia, para o bem e para o mal. Abandonou a Coca-Cola, mas não Campari com soda. Trocou recentemente o Atari que herdou do tio no natal de 1988 por um Supernintendo que o sobrinho abandonou no armário do quarto, porém é comum ser flagrado altas horas jogando Space Invaders.

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